Tecnologia sobre os trilhos do Metrô

Jornal da Tarde - Segunda-feira, 21 de agosto de 2007

ter, 21/08/2007 - 16h51 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Falar no celular dentro dos trens do Metrô é impossível? Pois não será mais, e vai dar até para acessar internet sem fio de alta velocidade dentro das composições. Aliás, elas sequer terão carros separados, como as de hoje. Cada trem será composto de um único “salão”, aberto de uma ponta a outra. Vai dar para caminhar por ele, do início ao fim, e procurar os lugares mais vazios para se acomodar.

Com essas inovações, as composições que serão operadas na futura Linha 4 – Amarela (Luz – Vila Sônia), a partir de 2009, comparáveis às mais modernas do mundo, já estão em fase de projeto na Coréia do Sul, nas instalações da Rotem Company. Catorze (com 6 carros interligados cada um, num total de 84 carros) foram encomendadas pela Concessionária ViaQuatro, que será a responsável pela operação da nova linha, a primeira do Metrô paulistano que funcionará em regime de concessão. Eles chegam a São Paulo daqui a 2 anos e vão receber todas as instalações eletrônicas na Siemens, em Hortolândia.

Portas de plataforma

Além de virem preparados com vários canais de comunicação digital, por onde poderão ser distribuídos os sinais de celular e internet e de contato com o centro de controle operacional, ar condicionado e som ambiente, os trens da Linha 4 terão duas características nunca vistas na América Latina.

A primeira delas, explica Luís Valença, presidente do Via 4, será a capacidade de sincronismo com as portas de plataforma, que serão instaladas em todas as estações – Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República e Luz, na primeira fase, em 2009, e Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis-Mackenzie, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia na segunda etapa, em 2011.

Esse sistema é uma divisória de vidro, que se abre juntamente com as portas do trem. “O usuário não tem contato com os trilhos e o embarque e desembarque são mais rápidos e seguros”, diz Valença. Sensores eletrônicos garantem que a abertura seja precisa e fazem com que o trem pare exatamente na frente das portas da plataforma. A segunda diferença será a adoção do sistema driveless (sem condutor). Toda a operação será feita de maneira automática, diretamente do Centro de Controle Operacional (CCO) que ficará na Vila Sônia (Zona Sul), separado do CCO das demais linhas do Metrô, na Rua Vergueiro.

Os trens terão bancos de ponta a ponta e podem vir sem a cabine do operador – essa decisão ainda não foi fechada. O consórcio também vai estudar se vai haver um funcionário em cada composição. Eles só agirão em casos de emergência.

Como a alimentação elétrica das composições será feita por sistema de catenária (rede aérea), em vez do terceiro trilho hoje em uso, os passageiros, em caso de imprevistos, poderão desembarcar diretamente pela via, por meio de portas dianteiras e traseiras dos trens. Elas formarão rampas para o desembarque de emergência.

Intervalos menores

O sistema automático e as portas de plataforma vão possibilitar que o intervalo entre um trem e outro atinja 75 segundos na Linha 4 – hoje, o Metrô consegue intervalos em torno de 101 segundos, quando a operação está em níveis ideais.

“Os computadores de controle vão saber que em uma segunda-feira, em um determinado horário, terá que haver um certo número de trens”, explica Valença. “Eles vão reagindo conforme a operação, colocando ou retirando trens.” Só 20 linhas em metrôs de todo o mundo usam esse tipo de software, incluindo a Linha 14 do metrô de Paris.

14 trens

de seis carros interligados

serão adquiridos inicialmente para circular na Linha 4 – Amarela

15 composições

poderão ser adquiridas conforme a demanda da Linha Amarela, somando 29 trens até 2011

900 mil

passageiros por dia deverão circular pela Linha 4. O intervalo entre trens será de 75 segundos