Tecnologia faz Sabesp conter desperdícios

Valor

seg, 22/02/2010 - 7h54 | Do Portal do Governo

Sistema de telemedição de hidrômetros monitora vazamentos e já tem 3 mil pontos ligados a empresas

O Brasil tem o status de ser um dos países mais ricos em recursos hídricos, mas também é um dos que mais desperdiçam água – tanto nas torneiras das cidades como na irrigação dos cultivos. Em algumas capitais, o índice supera 70%. Em São Paulo, sistemas de controle inteligentes conseguiram reduzir um dos problemas que mais contribuem para a perda: as ligações clandestinas, popularmente conhecidas como ´gatos´. “É a maneira mais eficiente de diminuir a pressão e preservar os mananciais”, avalia Marcelo Fornaziero, gerente de desenvolvimento operacional e medidores da Sabesp.

O Sistema de Gestão de Hidrômetros (SGH), implantado a partir de 2006, gerencia a distância 7 milhões de ligações de água. Além da performance técnica dos hidrômetros, a ferramenta controla o consumo dos moradores e detecta o volume que anteriormente não aparecia na conta de água. Essa água oculta é consequência de problemas no funcionamento da caixa d´água individual, do envelhecimento dos equipamentos de medição ou – como acontece em muitos casos – do uso irregular.

A tecnologia varre o sistema de banco de dados da Sabesp e avalia o histórico de consumo das residências, apontando problemas. “Ao receber a informação, enviamos uma equipe ao local”, explica Fornaziero. Ele diz que, com essa prática, é possível escolher modelos de hidrômetros mais adequados para o consumo dos moradores. “Em muitos casos, após os consertos, conseguimos dobrar a recuperação de água, o que mostra o grande volume que estava sendo perdido”, revela o gerente.

Para clientes de grande consumo, como indústrias e shopping centers, um outro sistema faz a telemedição dos hidrômetros a cada 15 minutos e envia automaticamente as informações via SMS e email. É uma questão de segurança. “Pode-se, desta maneira, acabar com vazamentos rapidamente e evitar custos desnecessários com a conta de água”, afirma Fornaziero.

Ele informa que a Sabesp mantém atualmente 3 mil pontos em empresas privadas e públicas conectados ao sistema. Pelo serviço, o cliente paga uma assinatura mensal média de R$ 200, conforme o consumo. Como resultado dessas tecnologias, o desperdício diminuiu.

Em 2005, a perda total era de 520 litros por ligação de água por dia. Em 2008, o volume caiu para 432 litros.

As perdas também são avaliadas pelo sistema Signos, banco de dados digital que mapeia 28 mil quilômetros de rede de distribuição de água, 1,1 mil quilômetros de adutoras e 227 quilômetros de canalização de esgoto nos 29 municípios da Região Metropolitana de São Paulo e mais 25 do interior.

“É possível simular operações de falta d´água e saber quais consumidores seriam mais afetados”, explica Nagip Abrahão, gerente do projeto, financiado com R$ 50 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Antes, os mapas eram de papel e não conseguíamos gerar informação nenhuma e era impossível realizar obras para prevenir vazamentos”, recorda-se Abrahão.

Além de detectar o local exato dos problemas para o conserto, um dos objetivos é conhecer a demanda para direcionar os investimentos na ampliação da rede de abastecimento.