SP vai indenizar 138 ex-presos políticos

O Estado de S.Paulo - Quarta-feira, 1 de agosto de 2007

qua, 01/08/2007 - 12h58 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Um total de 138 ex-presos políticos da ditadura militar (1964-1985) e seus descendentes receberão R$ 3,2 milhões de indenização por danos físicos e psicológicos sofridos em razão da repressão às suas atividades políticas. Os valores variam de R$ 22 mil a R$ 39 mil, em prestação única.

Clarice Herzog, viúva do jornalista Wladimir Herzog, morto nas dependências do DOI-Codi em 1976, é uma das contempladas, assim como o advogado Aton Fon Filho, o vereador Eliseu Gabriel (PSB), o cineasta Renato Tapajós, o professor da Unesp Tullo Vigevani e o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi.

Os nomes devem ser publicados no Diário Oficial até a próxima semana. A indenização estadual não se confunde com a federal, dada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Para ter direito à reparação, o ex-preso político teve que provar ter sido vítima da repressão por órgãos estaduais ou federais sediados em São Paulo.

Este é o 13º pagamento de indenização. Há três semanas, outros 63 ex-presos políticos receberam benefício num total de R$ 1,5 milhão.

Aton Filho, que foi preso pela Operação Bandeirante (Oban) aos 22 anos, disse que doará os R$ 22 mil que receberá ao Movimento dos Sem-Terra (MST). Aton, que ainda atua em movimentos sociais, defende a tese de que as organizações em que as pessoas militavam na época também deveriam ser indenizadas. “Quero que esse dinheiro seja usado em atividades da Escola Florestan Fernandes (centro de formação política do MST).”

Clarice, hoje empresária, chegou a ser citada na música O Bêbado e o Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc. Na letra, os compositores dizem que “choram Marias e Clarices no solo do Brasil”. Ela receberá R$ 39 mil.

O vereador Gabriel, preso em 1973, disse ser um avanço o reconhecimento do erro. “Não é pelo dinheiro, que não significa nada perto do que sofremos, mas a reparação tem um valor simbólico e demonstra que o Estado errou e agora, como fazem as nações mais avançadas, está reconhecendo isso.”

Em nível federal, o governo já pagou indenizações a personagens da história como os capitães Carlos Lamarca e Luiz Carlos Prestes.