Sistema de irrigação sob medida

O Estado de São Paulo - Quarta-feira, dia 5 de julho de 2006

qua, 05/07/2006 - 10h39 | Do Portal do Governo

Segredo é escolher o método adequado às necessidades da lavoura e às condições climáticas

Fernanda Yoneya

Pesquisar e planejar com antecedência são as palavras de ordem que o produtor deve seguir antes de adquirir um sistema de irrigação, além de contar com assessoria especializada, como um engenheiro agrônomo. Conforme explica o coordenador da Área de Hidráulica e Irrigação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Ilha Solteira, Fernando Braz Tangerino Hernandez, apesar de o produtor ter consciência de que a irrigação é necessária para garantir a segurança de uma safra, a decisão de adotar o sistema deve ser sempre muito bem planejada.

Segundo Tangerino, não há sistema de irrigação melhor, nem pior. O que existe é aquele que mais bem se adapta às condições de cada lavoura, como solo, clima, topografia, área total disponível, cultura e disponibilidade da água. “É fundamental contar com a orientação de um agrônomo ou de um técnico agrícola, que saberá avaliar todas essas condições e, assim, propor o melhor sistema.”

Sistemas convencionais de irrigação são compostos por uma estrutura de captação de água, um conjunto moto-bomba, uma adutora e um sistema de distribuição de água. Mas é importante que todos os componentes sejam dimensionados conforme as necessidades de cada cultura, ou seja, o sistema deve ser capaz de repor, com eficiência, as perdas de água do solo e das plantas, gastando a quantidade exata de água. “Para ter uma irrigação eficiente é preciso conjugar as condições de solo, clima, água e área com a necessidade da cultura.”

O produtor deve, portanto, ter atenção na hora de escolher o conjunto moto-bomba, componente que representa o custo de operação do sistema, pois é ele o responsável pelo consumo de energia pago pelo agricultor. A compra do equipamento, observa, deve ser baseada na necessidade de pressão e vazão da lavoura, cálculo que pode ser feito pelo técnico responsável pelo projeto. “A idéia de um sistema de irrigação é suprir as necessidades hídricas das plantas.”

“Um sistema pode ser projetado de forma correta, mas, se ligado em um dia de vento elevado e umidade relativa baixa, ele será menos eficiente do que se tivesse sido utilizado à noite”, exemplifica. Em resumo, o produtor deve racionalizar o uso da água ao máximo. “É não jogar água nem a mais e nem a menos.”

GASTOS

Calcular os gastos de água e de energia na lavoura é difícil, pois eles variam conforme a região, já que cada lugar tem índices de evapotranspiração e de chuvas diferentes, além das particularidades de cada cultura. “Sistemas de irrigação localizada e por pivô central, por exemplo, são os que consomem menos energia por hectare”, ilustra.

Tangerino destaca, ainda, que uma mesma cultura anual pode ter um consumo variável de água, por causa da época de semeadura. “A evapotranspiração varia conforme os meses.” Culturas anuais são, geralmente, irrigadas por aspersão, seja pelo sistema convencional, de carretel enrolador ou pivô central. Pastagens usam irrigação por aspersão.” Já as culturas perenes, como frutas, podem ser irrigadas tanto por aspersão como por sistemas localizados (gotejamento e microaspersão).

Tangerino conta que é muito comum o produtor montar um sistema caseiro de irrigação, isto é, ele compra os equipamentos e constrói a estrutura por conta própria. Embora, porém, esses sistemas funcionem aparentemente bem, o gasto de água e de energia normalmente é excessivo e o agricultor não se dá conta. “O sistema até funciona, mas não segue critérios técnicos e quem acaba pagando a conta é o próprio produtor”, afirma, acrescentando que, nesses casos, o barato sai caro. “O equipamento custou menos, mas paga-se mais pela energia gasta, além do desperdício de água. A dica é procurar um serviço confiável, orientar-se com um técnico e não se iludir com preços baixos. Não há milagre.”

(SERVIÇO)SAIBA MAIS: Unesp, tel. (0–18) 3742-3294; Daee, tels. (0–11) 3293-8200 e 3293-8201