No sábado, Presidente Prudente recebeu 90 músicos que estão entre os principais do País e do mundo. Eles fazem parte de uma das melhores orquestras do Estado de São Paulo, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Regidos por Roberto Tibiriçá, cerca de 10 mil pessoas de todas as idades e classes sociais puderam acompanhar mais de duas horas de um magnífico espetáculo em Presidente Prudente, mostrando que a população em geral, a tão chamada “massa”, também gosta de música clássica. Esta afirmação é tão verdadeira já que, ao final da apresentação, crianças, jovens e adultos aplaudiram por quase quatro minutos ininterruptos.
O Projeto Osesp Itinerante, que contou com a parceria deste jornal, visitou Prudente por três dias, entre apresentações em teatro, aulas teóricas e oficinas práticas. Nestes dias, verificamos que a população de Prudente e região se interessou pelo repertório apresentado, compareceu e pode comprovar a musicalidade especial que a Osesp já irradia pelo País e também pelo mundo.
Desde o início do show de sábado à noite, com a orquestra tocando o Hino Nacional Brasileiro, o Parque do Povo parou e, junto com os músicos, o público cantou emocionado o hino do nosso País, num ato de civilidade, e orgulho.
É importante ressaltar que, para certa maioria das pessoas no local, este foi o primeiro contato com a música clássica. A escolha do repertório, então, era de suma importância para mostrar tanto a potência como a paixão por este tipo de música. A Osesp mesclou melodias tradicionais internacionais com títulos brasileiros, ritmos não estranhos aos ouvidos do público, o que facilitou e aproximou a relação entre o palco e as pessoas. O papel do regente também foi essencial neste espetáculo, já que ele conduziu não só os artistas do palco, mas também a população, explicando sobre o repertório e os instrumentos que se sobressaiam.
Para descontrair, chegou a comentar do clima da cidade, pedindo licença para que os músicos tirassem seus paletós. Um dos pontos altos ocorreu durante a última música, quando Tibiriçá conduziu, ao mesmo tempo, os instrumentos e as palmas do público, que se harmonizaram e fizeram um show à parte.
O sucesso de público, o interesse de jovens e adultos, a atenção das pessoas, o respeito pelo regente, a reunião de músicos, os olhares atentos e muitos outros detalhes, que só quem esteve presente pôde apreciar, mostram que projetos como este devem ser estendidos.
Nos próximos dias, a Osesp Itinerante deve visitar mais sete cidades do interior. Porém, os governos estadual e federal deveriam investir mais neste tipo de atividade. A falta de acesso à arte acaba convencionando o público a aderir somente aos shows comerciais, que também tem seu valor. Todavia, após um show como este em Prudente, percebemos que o que falta mesmo para a disseminação da arte clássica é incentivo, que deve vir de todas as instâncias do poder público. Em Prudente, por exemplo, ao mesmo tempo vemos projetos como o Guri e o Camerata, que dão certo, e por outro, os atores de teatro fazerem manifestações por falta de verbas para continuar apresentado seus espetáculos.
Para o regente Roberto Tibiriçá, Prudente é um celeiro de artistas. Devemos aproveitar este momento e incentivar ao desenvolvimento da música e da arte na cidade e na região. Para quem só tinha acompanhado pela televisão, um concerto ao ar livre no Parque do Povo mostrou que uma orquestra sinfônica não pode só se apresentar em grandes teatros famosos, mas pode chegar mais perto do público. A região de Prudente mostrou que aprecia este tipo de apresentação e que estamos ansiosos por novas visitas desta e de outras orquestras.
