Professora ensina prevenção a aids

Jornal da Tarde - Sábado, dia 17 de junho de 2006

sáb, 17/06/2006 - 11h07 | Do Portal do Governo

MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br

É difícil acreditar que enquanto ocorre em São Paulo a 10ª Parada do Orgulho Gay, evento que espera reunir hoje mais de 2 milhões de pessoas em prol da liberdade de opção sexual, com ênfase à prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DST), é possível encontrar, na mesma cidade, pessoas que não sabem colocar uma camisinha ou tenham vergonha de pedir para seu parceiro usá-la.

Esta é a realidade presenciada por Fátima Solange Lavorente, professora de Ciências da Escola Estadual Paul Hugon, Zona Norte, não só em suas turmas de adolescentes, mas também com seus alunos casados da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Surpreendo-me a cada ano que assumo uma nova turma ao constatar a falta de informação, independentemente da série e da idade dos alunos. Entretanto, após realizadas as atividades de prevenção as DSTs, o retorno é positivo.”

Fátima conta que a luta para a realização de aulas voltadas às DSTs/aids não foi fácil. “Há 6 anos, achei que era preciso impactar a comunidade escolar de uma só vez, mas confesso que errei”, avalia.

A primeira atitude de Fátima foi pedir para seus alunos a elaboração de cartazes sobre as DSTs. “Os cartazes foram colocados nos corredores e, em vez de despertar o interesse, chocaram”, lembra.

No entanto, após esta experiência, Fátima constatou que era preciso promover o aprendizado que, segundo ela, só seria garantido com a interação dos alunos. “Optei, então, em dar liberdade para que os alunos, após pesquisarem o tema, o representassem na maneira que quisessem.”

Resultados

Gibis informativos, peças de teatro, danças e longas conversas com os alunos sobre a prevenção das DSTs são alguns dos resultados das aulas de Fátima. “É incrível ver um aluno da EJA, mais velho, casado, aprendendo a colocar um preservativo com os colegas. Sem falar da criatividade dos adolescentes, que também puxam o debate para temas como gravidez na adolescência, drogas, álcool e homossexualidade”, afirma Fátima.

A aluna da 7ª série, Yasmin Takahara, 13 anos, ressalta que as aulas da professora Fátima são bem animadas. “A professora faz dinâmicas e por meio da dança com os colegas nos faz pensar sobre como se pode pegar o HIV.” Já Emilly Batista, 13 anos, também aluna da 7ª série, conta que Fátima sempre retoma o assunto da aids. “Tive aula com ela na 5ª série e ela já falava sobre o tema. Na 6ª série tive aula com outra professora que nem tocou no assunto e, agora, como voltei a ter aulas com a Fátima, até escrevi e apresentei uma peça sobre a prevenção as DSTs com as minhas colegas de classe”, diz.