Professor de SP terá aula de especialização a distância

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 7 de outubro de 2008

ter, 07/10/2008 - 10h50 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

A gestão José Serra (PSDB-SP) vai iniciar um programa de ensino a distância para especialização de professores estaduais. No novo formato, o governo espera capacitar 110 mil docentes, da quinta série ao ensino médio, já no ano que vem.

O projeto substituirá o Teia do Saber/Universidade, uma das principais ações de formação de educadores da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). A iniciativa, que era presencial e começou em 2003, atendeu no ano passado a 10.319 professores (ao todo, são 155 mil de quinta série ao ensino médio).

Outras mudanças: os cursos serão oferecidos pelas universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp) e terão carga horária ampliada para 360 horas.

No Teia do Saber, as aulas eram dadas por universidades que venciam pregões (disputa por preço, desde que atendidas exigências mínimas), em geral privadas. A carga horária era de no máximo 200 horas.

“As avaliações mostraram deficiências na aprendizagem dos alunos, o que também tem a ver com problemas de formação continuada dos professores”, afirmou à Folha a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.

Segundo a secretária, a modalidade a distância (via internet) era a única opção para atender a um grande número de professores, com cursos oferecidos por USP, Unesp e Unicamp. Estão previstos dois encontros presenciais semestrais.

Uma reunião hoje deve definir a distribuição dos 16 cursos (13 de disciplinas e 3 de gestão) entre as escolas. O programa está inserido na Universidade Virtual do Estado de São Paulo, da Secretaria de Ensino Superior. Os docentes receberão diploma de pós-graduação lato sensu e terão mais pontos para avançar na carreira -para os iniciantes, a formatura significará aumento salarial de 5%. A participação será voluntária.

Na avaliação do governo, um dos principais problemas do modelo vigente é que muitas vezes o que o docente aprende no curso não tem efeito prático, pois não está atrelado ao que é ensinado aos seus alunos.

Isso porque a definição dos cursos é feita pelas próprias instituições que ganham os pregões -apenas seguem instruções gerais das diretorias regionais de ensino. “Agora, os cursos terão como base a proposta curricular que implantamos”, disse Maria Helena.

A assessoria do titular da Educação de Alckmin, Gabriel Chalita, informou que ele só concederia entrevista hoje. Em ocasiões anteriores, Chalita disse que os cursos tinham como base os resultados do Saresp (exame estadual) e havia conteúdos gerais e específicos.

Para formar os 110 mil docentes, o governo espera gastar R$ 52 milhões. No ano passado, para capacitar 10.319, foram gastos R$ 8,4 milhões.

Educadores

“Deveria haver mais carga presencial, pois o convívio com os colegas também faz parte da formação”, disse a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo.

“Na escolha por pregão, ganhava quem tinha melhor preço e não melhor qualidade”, disse João Cardoso Palma Filho, membro do Conselho Estadual de Educação. “As mudanças são positivas. E não influencia muito o fato de ser a distância, porque há cursos presenciais ruins também. Depende da implementação.”

“Cada vez que troca secretário, troca o projeto. Isso tira a continuidade dos programas”, afirmou a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha.