Parque do Rio do Peixe, no Oeste do Estado, foi criado em 2002, como compensação pelo impacto ambiental causado pela construção da usina Três Irmãos, mas só agora o governo desapropriou as terras para instalá-lo
CHICO SIQUEIRA
Ao assinar o decreto que desapropria 7,7 mil hectares para instalação do Parque Estadual do Rio do Peixe, o governador Geraldo Alckmin dá o primeiro passo para a preservação do cervo do Pantanal no Estado de São Paulo. Na região vivem os últimos 150 cervos soltos no Estado.
Espécie em extinção, o cervo praticamente desapareceu depois do enchimento dos lagos das hidrelétricas de Jupiá e Sérgio Motta, no Rio Paraná, no Oeste do Estado. Estima-se que antes do enchimento mais de 3 mil deles viviam soltos na região.
Atualmente, os cervos continuam sendo alvos de caçadores, atrás da carne exótica e dos chifres que servem como troféus. No mês passado, a Polícia Ambiental encontrou a carcaça de um deles, sem os chifres, no município de Paulicéia. Os cervos também são vítimas de doenças transmitidas pelo gado.
A área, que foi criada como compensação pelo impacto ambiental causado pela construção da usina de Três Irmãos, deveria servir de abrigo aos cervos e outras espécies, mas é usada ilegalmente por pecuaristas. Com o novo parque, os ambientalistas acreditam que o animal será protegido. ‘Esta área deverá ser cercada. Isso vai dificultar a entrada de caçadores e facilitar a atuação da Polícia Ambiental’, diz o secretário-executivo da Econg, uma organização não-governamental, de Castilho SP, que luta pela preservação do cervo.
O Parque Estadual do Rio do Peixe, que está localizado nos municípios de Ouro Verde, Dracena, Presidente Venceslau e Piquerobi, foi criado em 18 de setembro de 2002 com o objetivo de proteger a flora, a fauna e as belezas naturais da região, mas somente agora o governo do Estado decidiu desapropriar as áreas para instalá-lo na prática. Além dos cervos, a região também abriga outras espécies, como lontra e jacaré do papo-amarelo.
O decreto vai permitir que a Companhia Energética de São Paulo CESP adquira as 14 propriedades que formam o parque, cumprindo com isso a compensação determinada pela Justiça em função dos impactos ambientais causados com a construção da usina hidrelétrica Sergio Motta (Porto Primavera). A instalação do parque também representa o cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta exigido da Cesp pelo Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. A administração, fiscalização e manutenção da área serão de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo.