Parque estadual vai proteger os cervos

Jornal da Tarde - Sábado, 5 de março de 2005

seg, 07/03/2005 - 9h32 | Do Portal do Governo

Parque do Rio do Peixe, no Oeste do Estado, foi criado em 2002, como compensação pelo impacto ambiental causado pela construção da usina Três Irmãos, mas só agora o governo desapropriou as terras para instalá-lo

CHICO SIQUEIRA

Ao assinar o decreto que desapropria 7,7 mil hectares para instalação do Parque Estadual do Rio do Peixe, o governador Geraldo Alckmin dá o primeiro passo para a preservação do cervo do Pantanal no Estado de São Paulo. Na região vivem os últimos 150 cervos soltos no Estado.

Espécie em extinção, o cervo praticamente desapareceu depois do enchimento dos lagos das hidrelétricas de Jupiá e Sérgio Motta, no Rio Paraná, no Oeste do Estado. Estima-se que antes do enchimento mais de 3 mil deles viviam soltos na região.

Atualmente, os cervos continuam sendo alvos de caçadores, atrás da carne exótica e dos chifres que servem como troféus. No mês passado, a Polícia Ambiental encontrou a carcaça de um deles, sem os chifres, no município de Paulicéia. Os cervos também são vítimas de doenças transmitidas pelo gado.

A área, que foi criada como compensação pelo impacto ambiental causado pela construção da usina de Três Irmãos, deveria servir de abrigo aos cervos e outras espécies, mas é usada ilegalmente por pecuaristas. Com o novo parque, os ambientalistas acreditam que o animal será protegido. ‘Esta área deverá ser cercada. Isso vai dificultar a entrada de caçadores e facilitar a atuação da Polícia Ambiental’, diz o secretário-executivo da Econg, uma organização não-governamental, de Castilho SP, que luta pela preservação do cervo.

O Parque Estadual do Rio do Peixe, que está localizado nos municípios de Ouro Verde, Dracena, Presidente Venceslau e Piquerobi, foi criado em 18 de setembro de 2002 com o objetivo de proteger a flora, a fauna e as belezas naturais da região, mas somente agora o governo do Estado decidiu desapropriar as áreas para instalá-lo na prática. Além dos cervos, a região também abriga outras espécies, como lontra e jacaré do papo-amarelo.

O decreto vai permitir que a Companhia Energética de São Paulo CESP adquira as 14 propriedades que formam o parque, cumprindo com isso a compensação determinada pela Justiça em função dos impactos ambientais causados com a construção da usina hidrelétrica Sergio Motta (Porto Primavera). A instalação do parque também representa o cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta exigido da Cesp pelo Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. A administração, fiscalização e manutenção da área serão de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo.