Nossa Caixa investe R$ 2,23 bi na aquisição de operações de crédito

Gazeta Mercantil - Sexta-feira, 17 de outubro de 2008

sex, 17/10/2008 - 9h22 | Do Portal do Governo

Gazeta Mercantil

O diretor-presidente do Banco Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, já fechou os contratos de compra de carteiras de crédito que planejava concluir até o final deste mês, conforme havia anunciado na semana passada. Os acordos foram fechados com três instituições de menor porte e o investimento total nessas transações é de R$ 2,23 bilhões, sendo que R$ 540 milhões já foram pagos e R$ 1,69 bilhão será desembolsado ao longo dos próximos dez meses. “O que garante para esses bancos continuidade de seus negócios, pois parte das suas necessidades de funding estão garantidas com esses contratos”, diz Melo Santos, referindo-se ao impacto da crise financeira mundial na liquidez do sistema bancário brasileiro, que tem afetado, particularmente, as instituições menores, tradicionalmente com fôlego mais reduzido para captar recursos.

As medidas adotadas pelo Banco Central (BC) nas últimas semanas, especialmente as anunciadas ontem, vão ajudar a debelar essa falta de liquidez, fruto da crise de confiança que se instaurou após o colapso do subprime, acredita Melo Santos. Contudo, o executivo reafirma que a Nossa Caixa não está utilizando e nem pretende direcionar recursos do depósito compulsório a prazo, como estabelece umas das medidas do BC, na aquisição de operações de crédito. O banco tem um diferencial na sua formação de funding que o deixa mais competitivo nesse hoje aquecido mercado de compras de carteiras: os depósitos judiciais, atualmente próximos de R$ 16 bilhões, recursos que a tornam umas das instituições com maior liquidez do mercado e a um custo muito baixo, o de poupança – de 6% ao ano mais TR.

As carteiras adquiridas são de crédito consignado, cuja inadimplência é menor e as garantias são maiores, já que as parcelas são descontadas diretamente na folha de pagamento. Os acordos foram fechados em regime de coobrigação, que estabelece relação de responsabilidade da parte vendedora em casos de inadimplência, com a troca dos contratos em atraso, explica.

A compra de ativos é parte da estratégia para se fortalecer na área de crédito que o banco vem colocando em curso desde o início deste ano, ressalta Melo Santos. Em março, fechou contrato com o Banco BMG, em que se compromete a comprar mensalmente R$ 100 milhões de empréstimos consignados a servidores públicos, por 12 meses; em julho fez também parcerias com seis instituições originárias de crédito.

A Nossa Caixa prosseguirá com seu cronograma de aquisições e tem analisado carteiras também nos segmentos de veículos e middle market. “Estamos avaliando as performances e garantias colateralizadas de vários ativos, para fechar negócios com absoluta segurança, sem riscos maiores aos que as operações já apresentam.” Melo Santos não informa qual é o teto de investimento, mas a instituição tem muito potencial de crescimento: conta com ativos de R$ 54 bilhões, mas apenas saldo de R$ 12 bilhões em operações de crédito. Fora a liquidez excepcional, que cresce ainda mais em tempos de crise, ante a fuga natural dos investidores para as instituições públicas. “Os bancos grandes são geralmente beneficiados nesse sentido. Tivemos um crescimento no volume de depósitos.” Ao final de junho, último dado disponível, os depósitos na Nossa Caixa somavam R$ 33 bilhões.

Melhor gestão

Em entrevista à Gazeta Mercantil, Melo Santos fez ainda um balanço do plano de melhoria de performance que vêm implementando desde o ano passado. “Já conseguimos gerar R$ 271 milhões de janeiro a agosto, mais que os R$ 204 milhões previstos, com uma série de ações voltadas para gerar receitas e reduzir despesas.” Desse total, destaca, R$ 148 milhões foram provenientes de aumento de receitas, incluindo as geradas pela compra de carteiras; e o restante foi obtido com redução de custos, nos quais as renegociações de contratos com fornecedores e prestadores de serviços foram as mais significativas. A implantação de mecanismos antifraudes, basicamente realizadas via internet, reduziram para R$ 30 mil o rombo de R$ 5 milhões por mês do banco com esses furtos. A renovação do quadro de funcionários também impactou positivamente nos gastos com folha de pagamento.