Linha 5 estimula desenvolvimento da zona sul

O Estado de S. Paulo - Imóveis - Domingo, 6 de março de 2005

seg, 07/03/2005 - 10h23 | Do Portal do Governo

Região sul, então mais carente de infra-estrutura urbana, ganha com crescimento e valorização com a chegada do Metrô

Rodrigo Pereira
Alexandra Penhalver

A operação da primeira fase da linha 5 do Metrô dá ânimo para o desenvolvimento às regiões mais carentes de infra-estrutura urbana da zona sul de São Paulo. Inaugurada em 2002 e atualmente com 9,4 quilômetros de extensão, a chamada linha Lilás liga Capão Redondo à estação Largo Treze e projeta um grande avanço para a população local com a promessa da consolidação e modernização da rede metroferroviária na capital paulista até o ano de 2010.

‘O trecho que mais se desenvolveu foi, sem dúvida, entre as estações Capão Redondo e Campo Limpo’, observa o diretor de Planejamento e Expansão do Metrô, Renato Pires e Carvalho Viégas.

Ele conta que uma pesquisa apontou esta região da zona sul como a com maior déficit de estrutura urbana e de transportes. ‘Em Capão Redondo tudo era muito incipiente, e hoje, embora tenha muito o que se desenvolver, já está com sua estrutura consolidada.’

Para o presidente da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompéia, o desenvolvimento cria ‘riquezas’ como infra-estrutura e saneamento básico e vai proporcionar melhoria para os bairros. ‘Um investimento atrai o outro, e o mercado imobiliário pode voltar os olhos para a região.’

VALORIZAÇÃO

Viégas diz que o Metrô calculou uma valorização de 20% a 30% dos terrenos na região devido à acessibilidade da nova linha. ‘E isso traz o adensamento, seguido da verticalização’, complementa.

Pompéia concorda e aposta na melhoria dos bairros que o trecho corta. ‘A tendência para a região é ter uma certa verticalização e também a oferta de moradias populares com mais qualidade de vida.’

No trecho em operação da linha 5 é possível observar torres residenciais já construídas ou em construção, cercadas por edificações horizontais. O traçado cruza várias vezes a Avenida Carlos Caldeira, ‘porque não foram implementadas em conjunto. Mas tiveram (a linha do Metrô e a Avenida) um impacto enorme na estrutura urbana’, analisa Viégas. Hoje o Metrô e a Avenida são considerados as principais ligações da região com a cidade.

Viégas diz que a decisão de implementação da linha 5 foi inédita. Após um mapeamento das regiões mais carentes da cidade, priorizaram o trecho, postergando promessas antigas como a da linha 4 (Amarela), que passará, por exemplo, em bairros como o Morumbi, Butantã, Higienópolis até a estação da Luz. ‘A carência de infra-estrutura da região pesou na decisão’, diz Viégas.

Segundo dados da Embraesp, o preço do metro quadrado de área útil de um imóvel de dois dormitórios no bairro de Campo Limpo era de R$ 1.305,73 e hoje, valorizado, o valor médio é de R$ 1.698,34, ou seja, um apartamento deste tipo que custava R$ 101,9 mil em dezembro de 2002, estava valendo R$ 152,2 mil em dezembro passado.

SUPERFÍCIE

O trecho do Capão Redondo ao Largo 13 custou US$ 550 milhões, ou cerca de US$ 60 milhões o quilômetro, ‘muito abaixo da média por ser majoritariamente de superfície (ao contrário das demais, subterrâneas)’, explica Viégas. Ele destaca que após concluída, além da integração a toda malha do Metrô, a nova linha dará acesso aos usuários a pólos importantes da cidade, como ‘a região do Ibirapuera, aos hospitais São Paulo e do Servidor’, exemplifica.

Somente na linha 5 serão acrescidas 10 estações às atuais 6, interligando-a com as linhas 1 (estação Santa Cruz) e 2 (futura estação Chácara Klabin).

Hoje a linha Lilás dá acesso à linha C da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPMT), que margeia o Rio Pinheiros, e ao terminal de ônibus de Santo Amaro, do Campo Limpo e de Capão Redondo. Transporta diariamente cerca de 60 mil passageiros e com a expansão o Metrô projeta aumentar para 600 mil usuários por dia.