Da Reportagem
O governador do Estado, Cláudio Lembo, determinou que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) solucione o mais rápido possível a questão da desapropriação do imóvel onde se encontram as ruínas do antigo Casarão do Valongo, no Largo Marquês de Monte Alegre. A área será repassada para a municipalidade.
A informação é do secretário de Estado da Casa Civil, Rubens Lara.
Segundo ele, a iniciativa partiu do próprio governador, depois de manter contato com o prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB) no último dia 13, quando a Cidade foi sede do Estado, durante as comemorações do Dia do Patriarca, em homenagem ao nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva.
‘‘Há um interesse mútuo de revitalizar aquela área, que possui um valor histórico incontestável não só para Santos, mas para o País’’.
O Governo do Estado foi obrigado a desapropriar a área depois de uma das herdeiras ter movido uma ação na Justiça. As duas partes já estão concluindo um acordo.
‘‘Foi solicitado à PGE urgência quanto à solução desse impasse, para que a área seja repassada para o Município’’, assinalou Lara.
O prefeito João Paulo Tavares Papa informou ontem que o projeto básico para a recuperção do Casarão do Valongo já foi concluído.
‘‘Nós queremos reconstruir aquele complexo, que, na verdade, era composto por duas edificações, na sua concepção original, mudando apenas o uso interno, que será adaptado à nova finalidade’’.
A proposta é de implantar o Memorial José Bonifácio, que concentraria todo o acervo relativo ao principal personagem do processo de Independência do País.
‘‘Hoje temos muitos documentos relacionados com a sua história, localizados em pontos diferentes, até no exterior’’.
A captação de recursos deve ser feita com a iniciativa privada, usando os benefícios concedidos pela Lei Rouanet. ‘‘Já fiz alguns contatos preliminares e tenho certeza de que a receptividade será positiva’’.
Abandono
Construído entre os anos de 1867 e 1872, o imóvel chegou a ser a sede da Câmara e do Paço Municipal até 1939, quando os dois Poderes foram transferidos para o atual Palácio José Bonifácio, na Praça Mauá. Depois, abrigou um escritório de café, bar e hotel.
Em 1985, um incêndio deixou um dos blocos em ruínas. No ano seguinte, uma das paredes desabou e um outro incêndio, ocorrido em 1992, arruinou a edificação remanescente.
Apesar de sua importância histórica, a situação atual do complexo reflete o abandono.
O espaço continua servindo de abrigo para desocupados. O forte cheiro de urina e fezes e os objetos deixados pelos invasores comprovam a realidade atual.