Indústria de SP produz, vende e exporta mais

Folha de S.Paulo - Quarta-feira, 23 de maio de 2007

qua, 23/05/2007 - 12h36 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

A performance da indústria paulista neste mês está melhor do que a de maio do ano passado em produção, vendas e exportação, segundo consulta feita a 724 empresas pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Para 43% das indústrias, haverá aumento de produção neste mês. Para 42%, expansão de vendas no mercado interno. Em maio de 2006, 28% das empresas previam crescimento de produção, e 29%, de vendas.

Expansão do crédito, aumento da massa real de salários e redução, ainda que gradual, das taxas de juros estão puxando o consumo e, conseqüentemente, a produção das fábricas.

“Evidentemente o desempenho dos setores não é uniforme. As indústrias têxteis, de vestuário e de calçados, por exemplo, sofrem os efeitos do real valorizado. As indústrias de alimentos e bebidas já reagiram com a melhora da renda e do emprego”, afirma Claudio Vaz, presidente do Ciesp.

As vendas para o mercado externo também estão mais aceleradas neste mês do que em maio do ano passado, segundo o levantamento do Ciesp. Para 26% das empresas consultadas, haverá aumento nas exportações neste mês. Em maio do ano passado, 18% falavam em alta das vendas externas.

Apesar de a taxa de câmbio ser desfavorável às exportações, na avaliação de Vaz, as indústrias estão se adaptando para não perder clientes no exterior. “As empresas que conseguiram se manter estão mais competitivas, apesar de outras terem desistido de exportar.”

O fato de as indústrias terem melhor desempenho de vendas, produção e exportação não significa que vão ampliar a contratação de pessoal. O levantamento do Ciesp mostra que 70% das empresas não têm intenção de contratar mais empregados neste mês.

Mas a situação para o emprego já esteve pior. Em consulta a empresários feita em outubro do ano passado pelo Ciesp, 86% das empresas informaram que não tinham intenção de elevar o número de funcionários.

“A indústria optou por aumentar a produtividade, o que significa elevar a produção com o mesmo número de funcionários. Isso porque o custo da mão-de-obra continua muito elevado no país, especialmente quando a comparação é feita com a China. As indústrias têxteis e de calçados, para elevar a produtividade, têm até que demitir”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Na opinião de Vale, o ritmo atual de produção da indústria brasileira deve se manter neste ano e no próximo. Não deve haver mudança significativa na taxa de câmbio, e a China deve continuar pressionando para baixo os preços de alguns produtos, na avaliação do economista, que estima que a produção industrial deva crescer ao redor de 4% neste ano.

Fim do “stop and go”

Para Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, a indústria vive uma situação mais favorável neste ano “porque parece que a fase de crescimentos curtos do país -conhecida como “stop and go”- acabou. “Os indicadores mostram que o país deve passar por ciclos mais duradouros de crescimento.” Para ele, a produção industrial deve crescer 4,5% neste ano.

Para 2008, na sua avaliação, o crescimento da indústria dependerá da taxa de juros. “Quanto mais os juros caem, maior a possibilidade de a produção subir”, afirma.