Filosofia: em 2006, novos professores

Jornal da Tarde - Quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

qua, 16/02/2005 - 9h15 | Do Portal do Governo

Professores substitutos ou efetivos estão dando as aulas nas escolas estaduais. Haverá concurso até fim do ano

RITA DE CÁSSIA LOIOLA

Na sala de aula, uma turma de adolescentes de 15 e 16 anos discute Platão e Aristóteles. Os sábios gregos não são exatamente os ídolos dos jovens, mas eles estarão presentes na vida dos estudantes do ensino médio daqui para a frente. A orientação da Secretaria da Educação para as aulas de filosofia, que agora são obrigatórias no currículo escolar, é estudar os filósofos e suas escolas. Os estudantes é que não entenderam muito bem o que isso significa.

‘Filosofia é uma disciplina meio distante da vida da gente’, comentou Jussara Bartolomeu, 16 anos, aluna da 2ª série do ensino médio da escola Leônidas Horta de Macedo, no Jaraguá, Zona Norte. ‘As aulas falam sobre Aristóteles, mas a maioria não se interessa por isso.’ A garota, que já teve aulas de filosofia na 8ª série, não sabe ao certo como a matéria auxiliou em sua formação. ‘Filosofia é interessante, mas preferia algo mais perto da realidade.’ Aline Pereira, sua amiga, diz que a aula pode ajudá-la a definir sua futura profissão. ‘Mas o que conta é a qualidade das aulas e não o número delas’, disse.

Na escola das meninas, quem dará as aulas já fazia parte do corpo docente, substituindo professores que faltavam. Até a abertura de concursos para contratar os 7 mil novos professores que vão suprir a demanda das mudanças curriculares – duas aulas semanais de filosofia para o 1º e 2º anos, sociologia ou psicologia no 3º ano e aumento de uma aula diária nos períodos diurnos das escolas de ensino médio -, são esses professores que ministrarão as aulas. Os efetivos podem aumentar sua carga horária para 40 horas por semana.

O novo concurso para 400 novos professores de filosofia em todo o Estado deve ser aberto até o fim do ano. Serão investidos R$ 90 milhões. Os editais ainda estão em estudo, mas os candidatos precisarão ter graduação em filosofia para começar a trabalhar em 2006.

As inovações são reivindicações antigas dos professores. Em 1997, a carga horária caiu de 30 para 25 horas e as três disciplinas que agora retornam foram quase abolidas. ‘Vamos continuar brigando para as novidades se estenderem para o noturno e o ensino fundamental’, afirmou Carlos Ramiro, presidente do Sindicato de Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp). ‘Mas, sem qualidade, as mudanças não adiantam. Infelizmente, o Estado prioriza o aspecto quantitativo e não o qualitativo na Educação.’