Fapesp e USP integram grupo mundial de biocombustíveis

O Serrano/Serra Negra

qui, 30/07/2009 - 8h59 | Do Portal do Governo

Projeto internacional discute utilização do produto em larga escala 

A produção sustentável de energias alternativas com base em biomassa vegetal ganhou ainda mais relevo com o lançamento do projeto “Global Sustainable Bioenergy: Feasibility and Implementation Paths”. O programa terá uma equipe internacional de cientistas para estudar as possibilidade de os biocombustíveis serem usados e comercializados em nível mundial e em larga escala. O Brasil faz parte do grupo com pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

A principal contribuição dos brasileiros será a abordagem da experiência brasileira na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Participam do comitê organizador das reuniões do projeto os brasileiros Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, e José Goldemberg, pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa, vinculado ao Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP). “Esse debate mundial será muito importante para o Brasil porque a substituição bem-sucedida de petróleo por biocombustíveis gera dúvidas sobre em que escala a experiência brasileira poderia ser replicada em outros países”, avalia Brito Cruz. 

O projeto será executado em três etapas. Na primeira, haverá reuniões em cinco regiões do mundo, com início em novembro. Na segunda fase, os pesquisadores buscarão responder à seguinte questão: “será fisicamente possível atender à demanda mundial por mobilidade e geração de eletricidade a partir de fontes vegetais, enquanto a sociedade global também tem necessidades assim como a alimentação humana, a preservação da natureza e a manutenção da qualidade ambiental”? Por fim, na última etapa, os estudiosos vão analisar questões técnicas, sociais, econômicas, políticas e éticas, com o objetivo de desenvolver estratégias de transição para uma sociedade sustentável. 

“Não se pode plantar cana em todo lugar do mundo. Além de contribuir para a formação de um consenso sobre o assunto, partindo da experiência brasileira, o estudo poderá gerar conhecimentos novos para a produção de biocombustíveis com base em tecnologias que usem insumos não necessariamente oriundos da agricultura, como a celulose, que pode vir do lixo e de resíduos florestais e ser convertida em etanol”, afirma Brito Cruz. 

Segundo o pesquisador, o projeto deverá levar em conta também as restrições de cada país, como a competição entre a produção de biocombustíveis e a de alimentos, ou os impactos das mudanças de uso da terra, causados pelas emissões de gases poluentes na atmosfera. “Por mais que no Brasil as plantações de cana não comprometam a produção de alimentos, sabemos que nos Estados Unidos o etanol de milho afeta. Essa é uma discussão que não pode ser simplificada”, esclarece o diretor científico da Fapesp.

Produção brasileira de etanol

Calcula-se que, desde 1975, a produção de etanol no Brasil tenha aumentado cerca de 50 vezes. O etanol proveniente da cana supre hoje metade da frota de carros leves no País e contribui para que quase metade da energia em território nacional seja proveniente de fontes renováveis.