Estação da Luz ganha painel de Maria Bonomi

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

sex, 17/12/2004 - 9h20 | Do Portal do Governo

Obra com 73 metros de comprimento será inaugurada no domingo

Lucinéia Nunes

Durante quase um ano, a artista multimídia e gravurista Maria Bonomi trabalhou na confecção de sua maior obra de arte pública, o painel Epopéia Paulista, que será inaugurado oficialmente neste domingo, na Estação da Luz. Com 73 metros de comprimento por 3 de altura, a obra é formada por 150 placas de concreto moldadas a partir de matrizes de madeira trabalhadas por um seleto grupo de artistas, quatro artesãos e centenas de pessoas que voluntariamente deixaram suas marcas. O processo começou no estúdio de Maria, mas o espaço ficou pequeno e ela aceitou o convite do Museu de Arte Contemporânea da USP para montar seu ateliê no local.

Como estava na Venezuela, para participar da exposição Barro de América com sua obra Pele Urbana Pele Humana, um desenho de 16 metros feito de barro e asfalto, apenas ontem Maria Bonomi pôde rever seu grande painel finalizado e com a devida iluminação numa das passagens subterrâneas do metrô. Emocionada e eufórica, ela passava a pelos relevos e desenhos, explicando a origem das figuras. ‘O ponto de partida foi a seção de achados e perdidos da Estação. Por ali passou todo tipo de objeto e até animais’, ela conta. Os relatórios também ajudaram a compor parte da história dos imigrantes que até os anos 1950 tinham a Luz como porta de entrada para cidade. Foi assim com a italiana Maria.

Segundo a artista, a faixa amarela, representa a população nordestina, a literatura de cordel e a periferia paulista. O tom avermelhado da terra remete à cultura do café e reúne dezenas de figuras. Já o triângulo branco e abstrato no centro refere-se à esperança e ao futuro. ‘As linhas retas por toda a obra representam os trilhos’, explica Maria. ‘O artista não pode transformar tudo, mas pode aliviar o cotidiano, contar uma história. Toda construção deveria ter um espaço à arte pública. Isso mudaria a sensibilidade e o olhar do povo.’