CPTM terá metrô de superfície

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 14 de agosto de 2007

ter, 14/08/2007 - 13h01 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

O Metrô paulista ganhará mais 24,3 quilômetros de trilhos até 2010 sem precisar construir ou escavar novos túneis. A atual Linha C da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) – que hoje faz o percurso Osasco/Jurubatuba – será a primeira a se transformar em metrô de superfície, segundo projeto do governo estadual. Os vagões e as estações terão logotipo próprio e os funcionários ganharão uniforme específico, diferenciado do da CPTM. A Linha C – Celeste também vai ser rebatizada como Linha C – Esmeralda para marcar a nova fase.

O objetivo da transformação, prevista para ser adotada a partir de março do ano que vem, é diminuir o intervalo entre as composições e o tempo de viagem, além de aumentar a quantidade de passageiros a serem transportados. A velocidade dos trens, por exemplo, poderá passar dos atuais 36 quilômetros por hora de média para 50 quilômetros por hora. Além disso, a Linha C da CPTM é estratégica para o futuro do Metrô, já que formará uma espécie de anel com a futura Linha 4 – Amarela (Vila Sônia/Luz), na Estação Pinheiros, e com a Linha 5 – Lilás (Capão Redondo/Largo Treze, com prolongamento previsto até a Chácara Klabin), na Estação Santo Amaro.

O próprio governo, que controla as duas companhias, entende que ‘a chancela do Metrô’ nesta linha atrairá um número bem maior de passageiros – principalmente aqueles de classe média, que não utilizam o serviço da CPTM por ter um certo preconceito com o transporte ferroviário.

Hoje, 128 mil pessoas passam todos os dias nas catracas das atuais 15 estações da Linha C, em 24,3 quilômetros de percurso. Até dezembro deverão ser inauguradas mais três estações (Autódromo, Interlagos e Grajaú). A previsão é que nessa primeira fase o número de passageiros transportados suba para 200 mil. Quando a Linha 4 – Amarela do Metrô já estiver operando, em 2010, a integração deve fazer o fluxo aumentar para cerca de 430 mil passageiros por dia.

A gerência de operação, nessa primeira fase, ficará por conta da própria CPTM, com ajuda técnica da administração do Metrô. ‘A ajuda será nos procedimentos para controlar o trem, os intervalos entre as composições. Os melhores funcionários da CPTM formarão o corpo operacional do metrô de superfície. O pessoal mais qualificado da CPTM ganhará promoção’, disse uma fonte do governo. Entretanto, a autonomia total só será obtida com a troca integral de sistema de controle de mobilidade, que poderá ser feito por meio de rádio ou radar, a partir de 2010. Esses equipamentos ainda precisam ser comprados. A partir daí, apesar de o governo ainda discutir o assunto, o dinheiro das passagens deverá ir todo para os cofres do Metrô.

PRIMEIRA FASE

Quando as Estações Autódromo, Interlagos e Grajaú já estiverem em funcionamento, haverá troca total dos trens da Linha C da CPTM – inicialmente serão 12 composições, que já foram compradas por meio de licitação feita na gestão anterior, e estão sendo fabricadas pela Alstom. A entrega está prevista para janeiro de 2009. Cada trem deve custar, em média, US$ 35 milhões.

Até 2010, o governo do Estado pretende investir cerca de R$ 745 milhões no metrô de superfície. Até 2012, estão previstos mais R$ 355 milhões. Se a nova Linha C – Esmeralda der certo como o governo espera, outras linhas da CPTM poderão passar para a administração do Metrô – uma projeção de estudos para os próximos sete anos mostra que a CPTM se tornará grande estrela do transporte metropolitano, dobrando o número de passageiros atendidos diariamente dos atuais 1,5 milhão para cerca de 3 milhões.

MUDANÇAS DO SISTEMA

Um dos principais problemas para a adoção do projeto do metrô de superfície está na diferença dos sistemas de infra-estrutura. Atualmente, o sistema de controle operacional, denominado ATC, controla até a distância entre os trens. O objetivo é mudar para o CBTC, cuja comunicação com a composição é feita via rádio. Esse sistema permite até mesmo o funcionamento do trem sem operador (o driverless), mas pode ser utilizado de forma híbrida.

O ATC funciona com a divisão da linha em blocos, mantendo a distância de 150 metros a cada trem para evitar o risco de colisão. Atualmente, as composições da CPTM andam, em média, a 36 quilômetros horários e chegam à plataforma de embarque em intervalos de 6 a 15 minutos nos dias úteis. Já o CBTC diminui a distância entre as composições automaticamente – esse tempo pode baixar para algo em torno de 4 a 5 minutos.

LICITAÇÃO

Com financiamento já aprovado pelo Banco Central e pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), subordinada ao Ministério do Planejamento, o empréstimo para a compra de novos trens para a Linha C terá licitação lançada na quinta-feira.

Outra grande licitação, para a aquisição de mais 57 composições – possivelmente 40 para a CPTM e 17 para o Metrô -, deve ser anunciada no fim de 2009 ou começo de 2010.