200 alunos iniciaram trajetória de artistas aprendizes em aula inaugural comandada por Zé Celso
Cursos regulares terão dois anos de duração
Inaugurada em 25 de novembro do ano passado, a SP Escola de Teatro deu início às aulas de sua primeira turma no último sábado (20), quando 200 alunos – ou artistas aprendizes, como prefere chamar a direção da instituição pública de ensino de artes cênicas – foram recebidos em clima de celebração. Algo que foi reforçado com a chegada de Zé Celso para ministrar uma aula inaugural, em que o diretor, ator e autor teatral contou histórias e reforçou a proposta pedagógica da escola, que sugere que mestre e aprendiz estejam em um mesmo nível de diálogo. “Quando o ator chega a uma certa maturidade, ele quer passar o que ele sabe e receber daquele que não sabe ou que sabe o insabido, que sabe o tempo, que sabe 2010. Porque a juventude tem a sabedoria do tempo”, disse Zé Celso durante sua aula.
Essa intenção de troca e coletividade é a base do formato dos cursos idealizados por profissionais de destaque da cena teatral paulistana, como Ivam Cabral, um dos fundadores do grupo Satyros e diretor artístico da SP Escola de Teatro. Por esse motivo, foi escolhida uma forma bastante curiosa para iniciar as atividades do sábado: todos os artistas aprendizes prepararam seus próprios pães, algo que possuía um significado mais profundo na visão de Cabral: “Os pães introduzem essa ideia coletiva. Além de ter um lado espiritual, também significa trabalhar junto. Podemos produzir com as próprias mãos”, explica.
O site www.spescoladeteatro.org.br traz mais informações sobre os cursos regulares da SP Escola de Teatro, que foram divididos em oito áreas: atuação, cenografia e figurino, direção, dramaturgia, humor, iluminação, sonoplastia e técnicas de palco.
Ivam Cabral: ‘tem que ser um projeto vivo o tempo inteiro’
Um dos entusiastas para a criação da SP Escola de Teatro foi Ivam Cabral, do Satyros, que assumiu a direção da escola. Durante o primeiro dia de aulas, ele contou sobre os planos para o futuro da instituição. A criação da escola foi um processo coletivo, que envolveu profissionais de diferentes grupos teatrais.
Como surgiu a ideia de criar a escola?
Surgiu de uma conversa com José Serra, que é um espectador de teatro. Ele soube que a gente, dos Satyros, fazia um trabalho de formação de técnicos de teatro no Jardim Pantanal. E tinha um prédio vazio na praça Roosevelt. Ele então perguntou o que a gente achava de pensar em algo para ocupar aquele prédio. A gente entendeu que não era um projeto para o Satyros, e sim para a cidade e para a comunidade teatral. Então começamos a chamar as pessoas que a gente achava mais interessantes em cada área.
Qual o principal desafio para o futuro da escola?
Nossa principal preocupação é conseguir manter sempre a excelência da formação. Não podemos cair nos vícios da educação. Não encaretar. Não cimentar. Tem que ser um projeto vivo o tempo inteiro. Os cursos de diferentes áreas terão atividades conjuntas?
Vocês vão montar peças com os alunos? Como vai ser esse trabalho?
Sim. O projeto pedagógico da escola é sistêmico, em que as áreas se juntam o tempo inteiro. A ideia é sempre trabalhar junto.