CDHU lança na Mooca o primeiro conjunto habitacional inteligente da cidade

Jornal da Tarde - São Paulo - Segunda-feira, 21 de março de 2005

seg, 21/03/2005 - 10h04 | Do Portal do Governo

Lilian Primi

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) entrega, dentro de 30 dias, o seu primeiro conjunto habitacional inteligente. São 5 torres, com um total de 524 unidades de dois dormitórios (42 metros quadrados), no bairro da Mooca, na capital de São Paulo, equipadas com a tecnologia PLC. Disponibilizada pela Eletropaulo, essa tecnologia usa a rede elétrica para transmitir simultaneamente energia elétrica e sinais de voz e imagem, além de permitir acesso à rede mundial de computadores.

‘Os mutuários poderão, no futuro, ter acesso à linha telefônica, à internet e à tv a cabo a partir da tomada comum, que continuará servindo também para ligar o ferro de passar roupas, o secador de cabelos e a máquina de lavar’, explica Raphael Pileggi, secretário executivo do Programa Qualihab do CDHU.

Segundo o secretário, a adoção da tecnologia permitiu uma redução de 34% no custo de implantação dos sistemas prediais (redes de água, luz e gás), o que representa uma redução de 8% no custo total da obra. ‘Além de promover a inclusão digital dos moradores’, completa. A clientela do CDHU em geral tem renda entre um e cinco salários mínimos, faixa que tem extrema dificuldade em se manter tecnologicamente atualizada.

Paulo Roberto Pimentel, gerente de automação da Eletropaulo, explica que no CDHU, o sistema PLC está sendo aplicado para viabilizar a leitura à distância e individualizada dos consumos de água, luz e gás, que irá reduzir também os custos de administração do condomínio na pós-ocupação. Uma questão crucial para o sucesso de um empreendimento da Companhia segundo Pileggi.

‘Os mutuários do CDHU geralmente vêm das favelas ou da rua. Ao tomar posse da tão sonhada casa própria, eles assumem gastos que não tinham e que se transformam num grande problema’, explica. A redução destes gastos acaba gerando redução da inadimplência também.

‘O mutuário não fica inadimplente porque quer. E sempre que o controle do consumo fica na mão do morador, há economia’, diz. No caso da água, a redução de consumo chega a 30% com a leitura individual. ‘E ainda evita brigas e discussões intermináveis com o síndico e com os vizinhos’, acrescenta Pileggi.

O condomínio da Mooca terá também sensores no lugar do interruptor de luz nas áreas comuns e sistema de vigilância por circuíto fechado de TV. Os sensores, segundo Pillegi, foram testados em outro conjunto da Companhia, com o objetivo também de reduzir custos de pós-ocupação. ‘Ainda não terminamos a avaliação, mas houve redução tanto de consumo de energia, quanto de gastos com reparos’, diz.

Experiência inédita

A tecnologia PLC vem sendo pesquisada pela Eletropaulo desde 2001. Já é usada internamente, para automação das centrais distribuidoras e dos guichês de serviços da empresa. Há também testes isolados com consumidores, em condomínios de Alphaville e também em Barreirinhas, uma cidade pequena do estado do Maranhão. Mas esta é a primeira vez que é usada na automação da medição de consumo. A velocidade usada no conjunto do CDHU, de 14 megabits, não permite a transmissão do sinal da TV a cabo. E ainda é preciso acontecer algumas evoluções no mercado brasileiro para que todo o potencial do PLC possa ser disponibilizado aos mutuários da Mooca.

De imediato, os futuros moradores poderão fazer contrato coletivo com um provedor de internet para ter acesso à rede mundial, o que reduz bastante o preço do serviço. No caso do telefone, o sistema ainda será o convencional. ‘Se eles quiserem ter telefone em casa vão continuar dependendo da rede tradicional. O uso de telefone digital depende da existência de empresas de telefonia que disponibilizem o serviço’, explica Pimentel. O que poderá acontecer até o final deste ano.

O que habilita os mutuários da Mooca a se candidatarem ao consumo de produtos de ponta, como telefones e tvs digitais, é um super computador instalado na entrada da rede elétrica do condomínio, chamado de Master. ‘É este computador que envia, em banda larga e via satélite, os dados de consumo para a central. E ele pode ser usado também para acessar um provedor de internet, ou como distribuidor de sinal de voz’, explica Robinson Framil, engenheiro de medição da Eletropaulo.

A separação dos sinais é feita por um pequeno modem, plugado na tomada comum, vendido a RS$ 200,00 em média no mercado.. ‘No futuro os equipamentos como TV, telefone e computador já sairão da fábrica com o modem embutido’, prevê Framil. O sistema poderá se tornar padrão nos empreendimentos do CDHU num futuro bem próximo. Segundo Pileggi, o conjunto da Mooca está servindo como projeto piloto. ‘A partir da ocupação do conjunto, passamos a fazer uma avaliação do sistema. Se for aprovado, passaremos a usar a tecnologia em todos os empreendimentos daí para frente’, explica.

O tempo mínimo de avaliação é de seis meses. ‘Depois disso os dados são reunidos e analisados. O primeiro quesito, que é a redução de custos na fase de construção, já foi comprovado’, diz.