Ao lado do metrô, o museu por onde passa a história paulistana

O Estado de São Paulo - Sexta-feira, dia 16 de junho de 2006

sex, 16/06/2006 - 10h49 | Do Portal do Governo

Destaque da Virada Cultural, Mosteiro da Luz passa por reforma e abriga acervo único no País

Ardilhes Moreira

Mesmo escondido pelo trânsito da Avenida Tiradentes e pela falta de reconhecimento dos paulistanos, o Mosteiro da Luz começa a ser redescoberto pela cidade. O espaço que abriga o Museu de Arte Sacra de São Paulo foi um dos palcos mais visitados da Virada Cultural, vai passar por restauro das fachadas e novas parcerias com órgãos públicos podem ajudá-lo a ser ainda mais visitado. O edifício erguido em 1774, com a técnica da taipa de pilão, é um símbolo da história preservada na capital. Ele foi criado para ser um convento das irmãs concepcionistas, que ainda hoje ocupam o andar superior do prédio e mantém uma chácara urbana, que é cultivada no mesmo terreno.

No térreo do prédio, fica a Capela de Frei Galvão e também o mais importante museu de arte sacra do País. “Temos outros grandes museus do gênero no País, mas o de São Paulo é o mais importante pelo tamanho e diversidade do acervo”, comenta a museóloga Andréa Zabrieszach dos Santos.

Desde o início do mês, os andaimes já estão colocados para a reforma da galilé do mosteiro, que é o espaço na entrada. As obras vão custar R$ 146 mil e se tornaram realidade graças a uma parceria entre Prefeitura e governo federal. O mesmo convênio possibilitou obras no Parque da Luz, centro da capital, e vai beneficiar a restauração do Ponto Chic.

No Museu de Arte Sacra, a expectativa é de que as obras sejam concluídas este mês. No fim de 2005, quando a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), divulgou o projeto de restauro, estava prevista a restauração da arcada em rocha, portada e forro da galilé e troca do telhado.

MOSTRA NO METRÔ

Outra iniciativa que deve valorizar e o patrimônio histórico é uma parceria entre os administradores do museu e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). Regularmente o museu já faz mostras nos corredores da Estação Tiradentes e promove campanhas para incentivar a visitação, distribuindo folhetos e convites para visitar o espaço, por apenas R$ 1,00. Esses eventos vão tornar-se mais freqüentes e ganhar qualidade.

Já foi assinado um convênio entre as Secretarias Estaduais da Cultura e dos Transportes para construção de uma grande área de exposição, com vidros blindados e climatização, que tornarão possíveis fazer do metrô uma extensão do museu. Serão duas vitrines paralelas que devem oferecer mais de 100 metros de área. O projeto ainda aguarda liberação de verbas e não tem data para início da instalação.

De acordo com a museóloga carioca Andréa Zabrieszach, que trabalha há três anos no MAS, o paulistano deveria ter o mosteiro como uma das suas principais referências sobre a história da cidade e reúne três características para justificar a opinião. A primeira é o fato de o mosteiro permanecer em funcionamento, com as irmãs mantendo uma rotina de clausura como em 1774. A segunda é a riqueza do acervo, com mais de 4 mil peças.

E a terceira é uma das mais convincentes até mesmo para quem não se interessa na temática religiosa: tanto o mosteiro quanto o MAS ficam em um prédio histórico, erguido com uma técnica única (paredes construídas com barro e estruturas de madeira), que foi usada por mais de 300 anos na cidade e agora tem raros remanescentes, como a Capela de São Miguel Paulista e o Solar da Marquesa de Santos. Aliás, em uma das salas, dedicada ao brasileiro em vias de canonização Frei Galvão, os visitantes podem conhecer o piso original e a forma como as paredes foram erguidas, ainda no fim do século 18.