Antes, vazia. Hoje, disputada

Jornal da Tarde - Sábado, 18 de agosto de 2007

dom, 19/08/2007 - 14h10 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

A Escola Estadual José Chediak, Zona Leste, colhe os frutos de uma mudança de gestão iniciada há dois anos

Há pouco mais de dois anos ninguém queria estudar na Escola Estadual José Chediak, localizada no Parque São Lucas, Zona Leste. Seu prédio era pichado, sobravam vagas nas turmas e nenhum diretor parava ali. Hoje, após drástica mudança de gestão realizada pela diretora Vilma Lanzotti, as vagas são disputadas e o número de matrículas subiu de 900 para 1,5 mil alunos de 5ª série ao 3º ano do ensino médio.

O segredo para reverter o antigo cenário, segundo a diretora, foi chamar os pais para discutir com professores e alunos o que seria necessário para melhorar a qualidade de ensino. “No mínimo quatro vezes ao ano realizamos reuniões. Nelas, contamos com a presença de 70% dos pais.” Os professores também passaram a ser mais valorizados: “Quando assumi a direção, em 2005, a equipe de professores era antiga, o que é positivo, mas faltava uma injeção de ânimo e comprometimento do diretor.”

A professora Regina Almeida Silva, que atua na EE José Chediak há três anos, confirma que antes da nova gestão os pais não eram participativos. “Quando comecei a dar aulas aqui levei um susto. O prédio era malcuidado, a diretora da época levou quase um mês para se apresentar e não parava na escola. Com a Vilma tudo mudou. Ela atende os pais em qualquer horário.”

A diretora diz que, ao contar com a participação dos pais, os alunos e a comunidade passaram a respeitar a escola. “A escola podia atender mais crianças, mas ninguém queria estudar nela. Agora, os pais cobram qualidade dos professores e estes cobram participação da família. Essa fórmula deu certo, pois a falta de professor caiu e o prédio está conservado.”

Intercâmbio

Esse engajamento da equipe pedagógica foi o que levou James Eagan e Sam Adamo, diretores de duas escolas públicas norte-americanas, a visitarem na última semana a EE José Chediak e outras quatro escolas da Capital para conhecer o modelo de gestão nelas adotados.

Segundo Sam Adamo, diretor da Loundon County Public Schools, no estado da Virgínia, o que mais chamou atenção foi a afetividade dos brasileiros. “Lá temos mais recursos, mas os professores têm certo distanciamento dos alunos por receio da lei de assédio sexual.”

James Eagan, que atua na Southwestern Wisconsin School District, no estado de Wisconsin, também destacou que os professores cuidam muito bem das crianças. “Eles são mesmo afetuosos.”

Durante a visita, os norte-americanos relataram as diferenças do modelo educacional dos dois países, como o número de alunos por classe e investimentos.

DIFERENÇAS

A Constituição Federal impõe percentuais mínimos de vinculação da receita líquida de impostos a serem investidos em educação (18% para o governo federal e 25% para os estados e municípios)

De acordo com dados do Inep de 2005, o gasto público por aluno na educação básica não chegou a R$ 2 mil

A média de alunos por classe nas escolas públicas de São Paulo gira em torno de 30 a 45 estudantes e há professores que dão aulas em mais de uma escola

A constituição norte-americana dá liberdade aos estados na definição do investimento em educação. Na Virgínia, 80% deste é feito pelos municípios, 16% pelo estado e 4% pela federação. Em Wisconsin, 65% é feito pelo estado, 25% pelos municípios e 5% pela federação

Virgínia gasta R$ 27 mil por aluno todos os anos. Já Wisconsin, R$ 16 mil

O número de alunos por classe nas escolas públicas não passa de 28 e os professores ficam em média 8 horas na mesma escola.