Alckmin mostra o Parque do Belém

O Estado de S. Paulo - Sexta-feira, 25 de março de 2005

seg, 28/03/2005 - 14h51 | Do Portal do Governo

Governador exibiu aos moradores do bairro como ficará a área depois de ser desativado o Complexo Tatuapé da Febem

Marcelo Godoy

A sala de audiências do Palácio dos Bandeirantes estava cheia. Na cabeceira da mesa, o governador Geraldo Alckmin explicava seu plano de criar o Parque Estadual do Belém na área de 320 mil m2 ocupada hoje pelo Complexo Tatuapé da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) . Ao redor de Alckmin, os moradores do Belenzinho, comerciantes e até o bispo da região. Eles ouviam e agradeciam pelo plano de acabar com o maior motivo de insegurança da população do bairro, acostumada às constantes fugas e rebeliões dos adolescentes.

O clima era de festa. Perto da mesa onde estavam, havia fileiras de cadeiras com mais moradores do bairro. Alckmin sorria – os moradores também. ‘Faremos o mesmo que fizemos em Santana, um parque nos mesmos moldes do Parque da Juventude, criado com a desativação da Casa de Detenção, no Carandiru’, disse o governador. O Tatuapé é o último complexo da Febem a ser desativado. O primeiro foi o da Imigrantes, onde foi criado o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga.

Ele detalhou o plano anunciado no dia 18 sobre a construção de 41 novas unidades para 40 internos da Febem e a desativação do Complexo Tatuapé para dar lugar ao parque. ‘Muitas das construções atuais do complexo serão aproveitadas, pois estão em bom estado.’

Algumas serão reformadas, como a área do Hospital Leonor Mendes de Barros. Quadras de futebol e alguns prédios históricos da fundação também serão reformados e integrarão o novo parque. Os alojamentos dos adolescentes serão demolidos. O trabalho começará em 60 dias.

Na primeira fase de criação do parque, ele ocupará 40% da área atual da Febem – 128 mil m2. Só depois de concluí-lo é que o governo começará a esvaziar o restante da área do complexo, retirando os demais adolescentes – a desativação total depende da construção das novas unidades.

Pouca coisa sobrará dos prédios da Febem existentes na segunda área a ser reformada – apenas quatro quadras e seis dos mais de 20 atuais edifícios.

‘As novas unidades terão ensino profissionalizante, serão pequenas e descentralizadas e os adolescentes ficarão perto de suas regiões de origens e de suas famílias’, disse Alckmin. Ao seu lado, Manoel Pitta, que preside a Sociedade Amigos do Belém há 40 anos, ouvia tudo atento. Ele tinha pronto até um projeto de parque, que fez questão de entregar a Alckmin. ‘Sou fã do governador e agora mais ainda.’

Pouco depois, foi a vez de o bispo-auxiliar de São Paulo D. Pedro Luis Stringini, responsável pela região episcopal do Belém, agradecer. Por fim, o presidente do Conselho de Segurança Pública (Conseg) do Belém, Norberto Mensório, apresentou ao governador uma proposta: os moradores querem que o governo construa no bairro uma das 41 novas unidades pequenas da Febem em lugar do atual complexo. ‘A maioria das crianças que está lá é recuperável. Nós não queremos simplesmente tirar os meninos do bairro e levá-los para outro lugar, mas queremos ajudar o governador a resolver o problema’, afirmou.

Mensório contou que numa das últimas rebeliões um menino entrou na casa de uma senhora. O imóvel foi cercado pela polícia, mas a mulher não queria entregá-lo. Disse que o rapaz estava assustado, não a havia ameaçado e apenas havia pedido para usar seu telefone. ‘O menino ligou para mãe e disse que estava tudo bem e que ia para casa. Foi difícil convencer a mulher a deixar a polícia levá-lo de volta à Febem.’ No fim, Alckmin desmentiu os boatos sobre o afastamento do secretário da Justiça, Alexandre de Moraes, da presidência da Febem.

‘Não há nenhuma razão para alterar. Toda mudança envolve turbulência, mas estamos no rumo certo.’