A oportunidade americana

Folha de S. Paulo - Artigo - Quarta-feira, 9 de março de 2005

qua, 09/03/2005 - 8h36 | Do Portal do Governo

GERALDO ALCKMIN

A conjuntura econômica mundial oferece possibilidades extraordinárias para o Brasil. Os Estados Unidos deverão crescer, neste ano de 2005, entre 3,5% e 4%, sobre a base de um PIB de US$ 11 trilhões. O comércio mundial cresceu cerca de 8,5% no ano de 2004. Há décadas não havia um ambiente internacional tão favorável ao crescimento econômico e ao comércio.

São Paulo se esforça para aproveitar as oportunidades que surgem desta conjuntura. As exportações do Estado de São Paulo cresceram 38,6% entre março de 2004 e fevereiro passado, acima da média do crescimento brasileiro, chegando a US$ 32,5 bilhões. O crescimento da economia paulista, no ano de 2004, foi superior a 7%, segundo dados preliminares.

O governo de São Paulo contribuiu para esse bom resultado. Na área tributária, com a redução de impostos e com a devolução de créditos tributários devidos aos exportadores da ordem de R$ 1,5 bilhão. Na área de logística, ao investir 7,8% de sua receita corrente líqüida (equivalente a R$ 3,8 bilhões), sem contar os investimentos das estatais e das empresas concessionárias de serviços públicos. No que se refere à simplificação de processos, com medidas de apoio à exportação, como a criação do Celex, o Centro de Logística da Exportação, em fase de implantação, localizado à margem da rodovia dos Imigrantes, que reunirá todos os serviços e instituições voltados para o comércio exterior, num ambiente capaz de dar apoio completo ao empresário que deseja exportar.

É nesse contexto que lidero, nesta semana, delegação que reúne alguns dos mais expressivos líderes empresariais brasileiros em visita a Washington, Nova York e Flórida. O objetivo é claro: estimular a realização de negócios entre as empresas sediadas em São Paulo e os Estados Unidos, país que é o nosso maior parceiro comercial (consumiu US$ 20 bilhões em produtos brasileiros em 2004, dos quais US$ 7,6 bilhões provenientes de São Paulo) e a maior fonte de investimentos produtivos estrangeiros. Apenas o Estado de São Paulo foi destino de US$ 10,9 bilhões em investimentos americanos entre 2000 e 2003.

Em Miami, inauguraremos o São Paulo Business Center, um centro de apoio aos exportadores paulistas localizado dentro do Miami Free Zone, maior centro de comercialização de produtos destinados ao sul dos Estados Unidos e ao Caribe. O São Paulo Business Center contará com consultores especializados no mercado americano, além de salas de reunião e escritórios informatizados, com serviços de tradução e secretaria à disposição de nossos exportadores.

O São Paulo Business Center é mais um exemplo das parcerias que o Estado de São Paulo realiza com a sociedade civil. Estará vinculado ao Celex, que é uma entidade privada sem fins lucrativos. Ou seja, o escritório realizará atividades da maior importância para a promoção do desenvolvimento do Estado, como pesquisas de mercado e promoções comerciais, sem custar um centavo para o contribuinte paulista.

Também na Flórida, participarei do encontro ‘State to State Project: Focus’05 Brazil’, organizado para aproximar ainda mais São Paulo do Estado que é a nossa principal porta de entrada nos Estados Unidos: a Flórida. Se fosse um país, a Flórida seria a 15ª maior economia do planeta. São Paulo é a terceira maior economia da América Latina e a 13ª economia mais competitiva do mundo, de acordo com o International Management Development Institute (IMD).

Cerca de 25% do comércio bilateral Brasil-Estados Unidos é realizado com a Flórida. Exportamos aviões, automóveis, produtos siderúrgicos, máquinas industriais, equipamentos, suco de frutas e calçados, entre outros produtos, e importamos peças de aviões, produtos químicos, plásticos e instrumentos de ótica. Pode-se dizer que, em muitos casos, importamos insumos e exportamos produtos acabados de maior valor agregado. A relação entre esses dois grandes Estados já é intensa, mas pode se adensar muito mais. Terei a oportunidade de visitar escritórios de empresas paulistas que têm investimentos na Flórida e conhecer a diversidade de produtos paulistas que entram no mercado americano pela Flórida.

Na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington, a mais importante entidade de promoção comercial do país, apresentarei quatro projetos de Parcerias Público-Privadas paulistas que terão seus editais lançados em breve. No mesmo dia, visitarei o Conselho de Competitividade, uma instituição americana que é uma inspiração para o governo de São Paulo. Criado em 1986, num momento em que a posição americana como líder mundial em tecnologia estava ameaçada e as empresas americanas perdiam mercado para os competidores internacionais, o Conselho de Competitividade organizou diversas ações para articular o trabalho das empresas com as pesquisas desenvolvidas nas universidades.

É esse o conceito dos Parques Tecnológicos, projeto integrante do Programa São Paulo Competitivo, que consiste na implantação de quatro grandes áreas com focos temáticos: tecnologia da informação e comunicação, em Campinas; tecnologia aeroespacial, em São José dos Campos; biotecnologia, em São Carlos, e nanotecnologia e novos materiais, em São Paulo. Em cada parque, uma universidade ou instituto de pesquisa vai interagir com empresas privadas com o objetivo de aumentar a competitividade da economia paulista.

Meu desejo é que esta viagem de trabalho contribua para reforçar a convicção, entre os americanos, de que investir em São Paulo é um bom negócio. E também para abrir novos caminhos para que nossas empresas aproveitem mais as oportunidades extraordinárias que os Estados Unidos oferecem, com seu PIB de US$ 11 trilhões em forte crescimento.

Estabelecer novas parcerias com esse mercado é vital para alavancar o nosso desenvolvimento. Não podemos perder essa oportunidade.

Geraldo Alckmin Filho, 52, médico, é o governador do Estado de São Paulo.