760 crianças morrem por acidentes em SP

Folha de S.Paulo -Quinta-feira, 30 de agosto de 2007

qui, 30/08/2007 - 13h27 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Pelo menos 760 crianças de um a 14 anos morrem por ano no Estado de São Paulo vítimas de acidentes dentro de casa e na rua. Do total, 40% seriam mortes evitáveis, ou seja, ocorrem por distração dos pais ou do cuidador da criança.

O dados são de uma pesquisa inédita do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, divulgada ontem, que analisou 10.351 casos de morte e outros 184.240 prontuários de internações de crianças ocorridos em 2005.

Quedas, queimaduras e intoxicações acidentais também são as maiores causas de internações entre jovens de 10 a 14 anos, com cerca de 38% dos atendimentos nos hospitais públicos paulistas.

O levantamento mostra que as causas de morte variam conforme a faixa etária: entre bebês menores de um ano, a sufocação acidental (na maioria das vezes, regurgitação do leite) é a causa de morte mais freqüente e vitima 115 deles por ano. De um a quatro anos, os afogamentos lideram: matam 61 crianças.

Dos cinco ao nove anos, os atropelamentos são os principais vilões, matando 67 crianças. Os afogamentos voltam a ser a maior causa de morte entre as crianças de 10 a 14 anos: vitimam 115 delas por ano.

Para Ricardo Tardelli, diretor estadual de saúde, os dados causaram uma “triste surpresa”. “É difícil imaginar que 300 crianças morram de causas evitáveis e que medidas simples poderiam coibir essas mortes.”

Segundo ele, a partir desse levantamento, a secretaria pretende monitorar ano a ano a ocorrência desses acidentes e adotar políticas específicas de redução, como campanhas focadas em prevenção.

Para Tardelli, os pais precisam tentar se antecipar aos possíveis riscos e, ao mesmo tempo, não cercear em demasia os movimentos dos pequenos. Para evitar as quedas, por exemplo, que são responsáveis por 74,6% das internações infantis, bastaria medidas como nunca deixar berço ou móveis perto das janelas, enxugar imediatamente um chão molhado ou recolher brinquedos ou objetos do piso.

Um outro estudo feito há três anos pela ONG Criança Segura e pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em 23 escolas públicas e privadas de São Paulo mostrou que 78% de 2.269 crianças vítimas de acidentes se machucaram com adultos por perto. A maioria das crianças avaliadas (55,3%) se machucou em casa. Outros 30%, na rua. A escola foi palco de 9% dos casos.