586 docentes são pró-desocupação

O Estado de S. Paulo - Sexta-feira, 25 de maio de 2007

sex, 25/05/2007 - 15h08 | Do Portal do Governo

O Estado de S. Paulo

Até a noite de ontem, 586 professores da USP haviam aderido a um abaixo-assinado online pedindo a saída dos alunos da reitoria – mais do que o dobro de docentes que votaram anteontem uma greve, 241 no total, segundo a lista de presença da assembléia. A USP tem cerca de 5 mil professores.

No texto, eles afirmam que “desolados diante do esgotamento de todas as possibilidades de diálogo oferecidas aos que ocuparam pela violência a reitoria, vêm a público conclamar colegas, estudantes, funcionários e todos aqueles que reconhecem nesta universidade um patrimônio público inalienável, a apoiar sua pronta desocupação e a volta à normalidade de suas atividades”.

Entre os nomes da lista, está o professor Sylvio Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), cujos alunos entraram ontem em greve. Ele, como a maior parte dos diretores das unidades, critica a maneira como o movimento está sendo conduzido e afirma que se trata de uma minoria dentro da instituição. “Não aceito ser intimidado por alunos. Estou começando a ficar isolado aqui, parte deles fez um piquete no prédio e ameaçaram ocupar aqui também. Mas vou manter a faculdade aberta e funcionando.”

A diretora do Instituto de Astrofísica, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), Márcia Ernesto, afirma que em sua unidade as aulas e atividades estão normais. “É um oportunismo o que está acontecendo, há uma manifestação grande de docentes que são contrários ao ato desse grupo de alunos e da decisão do sindicato”, disse.

Na Faculdade de Medicina, a posição é semelhante. “Também defendemos a autonomia, e achamos que todos os assuntos relacionados com a universidade devem ser debatidos”, afirmou o médico Marcos Boulos, da superintendência do Hospital das Clínicas e da direção da faculdade. “Mas um grupo de alunos decidiu entre eles que a autonomia está sendo prejudicada, sem um debate mais amplo, aproveitaram e aumentaram a pauta de reivindicações e agora estão tolhendo as atividades da administração”, disse.

Ele afirmou que lá, funcionários, professores e alunos não aderiram a nenhuma paralisação e continuam com suas atividades. O mesmo acontece em locais como a Escola Politécnica e a Faculdade de Economia e Administração (FEA). Na Faculdade de Odontologia, a ocupação da reitoria também preocupa a direção, que tem projetos parados por conta da falta de acesso ao local. “A gente tem projeto de laboratório multidisciplinar pronto pra começar, mas agora está parado e os documentos para licitação estão lá”, diz Letícia Acquaviva, assessora de direção da faculdade.

Em Ribeirão Preto, uma assembléia do sindicato dos professores feita ontem decidiu seguir a decisão do sindicato da capital e entrar em greve.