São Paulo terá rede de reabilitação física

Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar a Linamara Rizzo Battistella, que já começa no primeiro dia como a secretária mais popular do governo. Estou […]

qui, 27/03/2008 - 12h50 | Do Portal do Governo

Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas. Cumprimentar a Linamara Rizzo Battistella, que já começa no primeiro dia como a secretária mais popular do governo. Estou certo? Nunca vi uma coisa igual. Nem na minha posse tinha isso. A deputada Célia Leão, que representa o presidente da Assembléia Legislativa, que tanto nos ajudou, ela e o Rafael Silva, que é deficiente visual e não pôde vir aqui hoje; os dois que nos ajudaram muito na Assembléia Legislativa; queria expressar o meu reconhecimento.

A professora Dra. Sueli Vilela, reitora da Universidade de São Paulo; os deputados estaduais Ed Thomas; Uebe Rezeck; Reinaldo Alguz; tem mais algum? Os secretários do Governo do Estado Aloysio Nunes, da Casa Civil; Mazagão, da Segurança; Barradas, da Saúde; Rogério Amato, da Assistência e Desenvolvimento Social; a Beth Chechin, de Economia e Planejamento; o Claury, de Esportes e Lazer; o Guilherme Afif Domingos, de Emprego e Relações do Trabalho; o Lair Krahenbuhl, da Habitação; a Maria Helena, da Educação; o Bruno, da Comunicação.

Também queria saudar os secretários municipais aqui presentes: Ricardo Montoro, de Participação e Parceria; Eduardo Jorge, do Verde e Meio Ambiente; Renato Correia, secretário das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida.

Queria cumprimentar também a Mara Gabrilli, que está aqui do nosso lado, foi minha primeira dessa área na Prefeitura, e que depois foi exercer o mandato na Câmara de Vereadores. E a Márcia Paes Gori, presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência. Queria também saudar aqui o presidente da OAB, Luiz Flavio Borges D’Urso; o Ricardo Tortorella, superintendente do SEBRAE São Paulo, que pode ajudar muito nesse nosso trabalho; os prefeitos municipais; subprefeitos da Capital; presidentes e representantes de federações, associações, entidades ligadas a pessoas com deficiência.         

Bem, eu me lembro – creio que já vai um quarto de século – de quando o Montoro criou o Conselho Estadual das Pessoas Portadoras de Deficiência, hoje presidido pela Márcia. Foi uma atitude, como a Linamara disse, inovadora, e ela fez parte desse conselho inicialmente. Desde então, é uma luta longa, prolongada, difícil. Eu tive oportunidade, na época do Ministério da Saúde, de me envolver mais diretamente com o assunto, e também de perceber as possibilidades de avanço que existem nessa área, com um mínimo de recursos e um máximo de esforço e empenho por parte da sociedade.

É uma área que, do ponto de vista da ação pública, rende. Porque dá para fazer muita coisa. Esta é a minha perspectiva. Por isso, nós criamos a Secretaria na Prefeitura. A Mara citou aqui, a vôo de pássaro, alguns avanços feitos. Foram todos avanços no nível municipal da acessibilidade – acesso ao espaço público, ao trabalho.

O acesso é fundamental, como dizia a Linamara, para que as diferenças que existem não se transformem em desigualdades. Ou deixem de ser desigualdades, porque hoje são desigualdades. Esta é a questão, ela tocou nessa frase na questão essencial.

Agora, no Estado, o que nós queremos é enfatizar outra área. O que a Secretaria vai fazer? Vai coordenar toda a ação do poder público com as entidades da sociedade que atuam na área e são fundamentais. Eu tive uma, com a qual tive uma relação estreita, que era a AACD. Na época do Ministério, nós até demos recursos para a AACD se instalar em Pernambuco, para multiplicar o trabalho que ela já faz em São Paulo e que tem um impacto nacional.

Mas ao Estado, à Secretaria Estadual vai caber fazer essa coordenação. Para dar mais energia, para extrair novos caminhos e aproveitar o potencial de esforço que a sociedade está disposta a fazer nessa área.

Uma segunda área de esforço é da coordenação do trabalho dos municípios. O que eu quero – Linamara – é que aquilo que começou a ser feito na cidade de São Paulo seja feito em todos os municípios do Estado de São Paulo. Em cada município nós temos que ter uma secretaria, um departamento, ou que seja uma pessoa ligada ao assunto. Isso faz diferença, faz diferença. Se não tiver lá uma coisa criada, institucional, chateando o prefeito e o resto da Prefeitura, incomodando, não funciona. Isso tem que ser feito no Estado inteiro e a Secretaria vai tocar esse trabalho adiante.

Uma terceira questão que eu quero enfatizar é o trabalho de reabilitação. Eu pedi à Linamara, já há mais tempo, que preparasse a criação de um Hospital de Reabilitação do Estado aqui em São Paulo. Centrado na reabilitação. Ela já achou até o terreno. Nós vamos fazer uma rede, na verdade, em São Paulo. Vai ser lá no Vergueiro, onde tem metrô perto, vamos fazer o hospital central de reabilitação. E depois vamos fazer mais três unidades no Interior do Estado. Não vou dizer quais são as regiões contempladas, porque senão os deputados presentes e os não-presentes vão infernizar a nossa vida a respeito da localização. Mas isso nós vamos fazer com bastante cuidado. E vamos chamar, da mesma maneira que o Nacional se chama Sara Kubitschek, nós vamos chamar Lucy Montoro.

Bem, o currículo da Linamara vale a pena citar aqui. Ela é médica fisiatra e tem doutorado em Reumatologia pela Faculdade de Medicina de Pinheiros; livre docência em Clínica Médica; fisiatra pela Faculdade Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. É diretora da Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP; vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e de Reabilitação; professora associada ao Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP; foi presidente da International Society of Physical and Rehabilitation Medicine durante dois anos; é membro do Comitê de Ajudas Técnicas da CORDE CONADE, do Ministério da Justiça; coordenadora do grupo de trabalho do Comitê de Humanização do HC da USP e membro do Comitê de Bioética do Hospital das Clínicas da faculdade.

Ela começou, em 1976, a assistência reabilitativa aos pacientes hemofílicos junto à Divisão de Medicina Física do Instituto de Ortopedia e Traumatologia. A partir de então, desenvolveu e aplicou uma sistemática nova de atendimento às lesões músculo-esqueléticas da hemofilia. É uma experiência pioneira no Brasil, que acabou sendo reproduzida em todo o continente latino-americano e mais tarde na Europa.

Tem muitas outras coisas que ela fez, tem feito e que eu não vou citar aqui. Mas ela vai começar pelo planejamento desse hospital e desde logo por cobrar o resto do Secretariado para o andamento dos protocolos hoje assinados aqui.  Que não são pouca coisa. Eu olho para o Lair, eu fico arrepiado com a responsabilidade que ele assumiu hoje, e do jeito que a Linamara vai ficar no seu pé, na área da habitação.

Ela tem também outra característica que é muito importante aqui no Estado de São Paulo. Há uma estatística – eu não sei como foi obtida, mas se for algo em torno já é significativo – que diz que 10%, aproximadamente, da população de São Paulo tem algum tipo de deficiência física. Se for 10% são quase quatro milhões; se for 5% são dois milhões. É muita gente e isso mostra a importância dessa ação. A Linamara tem uma característica: não apenas é eficiente no seu trabalho, como é otimista na tarefa que desenvolve. Ela tem até uma diferença comigo, porque eu sou pessimista no diagnóstico e otimista na ação. Quem me conhece sabe disso, eu sempre faço diagnósticos pessimistas, mas tenho uma ação bastante otimista para a frente.

A Linamara tem uma diferença: ela é otimista no diagnóstico e otimista na ação, é otimista ao quadrado. Isso é importante para uma área como essa, que é uma área que tem que dar certo. As pessoas precisam acreditar na possibilidade da recuperação, do acesso, da reabilitação. Portanto, esse é um ingrediente também fundamental para o nosso trabalho.

Aqui está a Thaise, que eu conheci – levanta aí, Thaise. Dá para levantar? Eu conheci em Alagoas, quando eu era Ministro da Saúde, a Thaise, uma menina linda, que não tinha braços e nem pernas. Eu me lembro que eu falei: Bem, temos que fazer alguma coisa. Acabamos trazendo ela para São Paulo e ela foi tratada em Sorocaba. Hoje, agora você está sem a prótese aqui, mas ela tem próteses nos braços e nas pernas, passou a ter uma vida produtiva, chega até a trabalhar como modelo, porque é uma mulher realmente muito bonita, muito fotogênica e encarando a vida de uma maneira boa. Vivendo a vida, trabalhando, fazendo, se mexendo, cobrando sempre as coisas que são necessárias. Vem aqui a cada seis meses, sempre tem demandas a serem feitas, houve até uma coincidência ela ter vindo aqui agora, não foi de propósito. Mas eu acho interessante mencionar o exemplo dela para ver… Acho que faz ou sete anos que eu te conheci, não faz isso? Você era bem criancinha, e está já na vida adulta realizando um conjunto de coisas que às vezes as pessoas plenamente habilitadas não conseguem.

Bem, estas são as coisas principais que eu queria dizer aqui. Quero dizer que nós contamos com todos que aqui estão para empreendermos juntos essa nossa caminhada, fazendo juntos esses esforços. Eu tenho certeza de que vai dar certo. Este é o tipo da iniciativa que vai funcionar, vai dar certo, nós vamos progredir, nós vamos avançar.

E avançar para que as diferenças não se tornem, ou não confirmem desigualdades é um objetivo bastante nobre, do ponto de vista humano, do ponto de vista social e do ponto de vista da democracia.

Todos aqueles empenhados nessa causa sabem que podem contar comigo, podem contar com o nosso governo.

Muito obrigado.