O Memorial da Resistência prorrogou a exibição da exposição Carta Aberta – correspondências na prisão – para até segunda-feira, dia 18 de setembro.
A exposição foi realizada com o intuito de contar um pouco sobre um momento crucial na vida de pessoas que lutaram pelos ideais de liberdade e democracia, usurpados pela Ditadura Civil-Militar entre os anos de 1964 e 1985 no Brasil.
A mostra conta com cerca de 70 cartas, escritas de dentro e fora da prisão, trocadas entre presos políticos e seus familiares e amigos entre os anos de 1969 a 1974. As correspondências testemunham as vivências de ambos os lados – o de dentro e o de fora. Revelam experiências íntimas e profundas, bem como a necessidade de informar e ser informado e os mútuos esforços na incansável tentativa de promover um pouco de conforto para aquele que estava distante.
São cartas que foram mantidas sob os cuidados dos próprios ex-presos e familiares por mais de quatro décadas, e que agora ganham nova vida ao serem abertas. Seus conteúdos articulam elementos fundamentais da vida humana sob a drástica condição imposta pelo confinamento.
As cartas foram selecionadas a partir da definição de temas marcantes, como o da chegada na prisão; os cuidados para informar sem causar demasiada preocupação; as inúmeras descobertas e superações individuais e coletivas; a angústia constantemente sentida durante as transferências, e os processos de julgamento, que precedem a tão almejada liberdade.
“A realização dessa exposição só foi possível graças à colaboração e a confiança de ex-presos políticos e familiares convidados que, ao entregarem suas cartas, permitiram que fossem abertas, lidas e expostas ao público”, explica Luiza Giandalia, curadora da exposição.
Além das correspondências, a exposição traz fotografias, cartões comemorativos e de solidariedade, artesanatos produzidos na prisão e a obra “Carta a Sérgio Ferro” (1973), do artista e ex-preso político Alípio Freire.
Os visitantes também verão um testemunho da ex-presa política Maria Aparecida Costa Cantal sobre a importância das correspondências naquele contexto. E outros testemunhos estão sendo coletados durante o período da exposição, que tem curadoria de Kátia Felipini e Luiza Giandalia e comunicação visual da Zol Design. “Aqueles, que por ventura, ainda possam preservar suas cartas, o museu as receberá para compor a mostra”, completou Luiza.
O Memorial da Resistência é uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, administrada pela Associação Pinacoteca Arte e Cultura – APAC.