Moradia: SP inova ao adotar conceitos do Desenho Universal

Critérios ampliam recursos de acessibilidade para os moradores das unidades habitacionais de interesse social da CDHU

seg, 24/10/2016 - 11h32 | Do Portal do Governo

Planejar espaços e produtos de forma a facilitar a sua utilização pelas pessoas, incorporando as dificuldades e problemas de mobilidade. Esse é o princípio que orienta os conceitos do Desenho Universal, padrão de arquitetura que está presente nos projetos de moradia de interesse social da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), do Estado de São Paulo.

Desde 2010, foram construídas, ou estão em vias de construção (previstas em convênios já assinados), 60 mil unidades habitacionais destinadas a famílias de baixa renda, a partir dos parâmetros do Desenho Universal.

Em síntese, o que se pretende com a adoção do Desenho Universal é a igualdade de condições a partir da concepção dos espaços privados e públicos, na arquitetura, construção civil, meios de transporte, entre outros produtos e serviços.

Os passos iniciais foram dados com a publicação do Decreto Estadual 53.485, em 26 de setembro de 2008, determinando a observância dos conceitos do Desenho Industrial nos projetos habitacionais de interesse social do Governo do Estado.

Para tanto, foi criado um grupo de trabalho constituído pela CDHU, Secretaria da Habitação, Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Ministério Público do Estado. A coordenação ficou a cargo da arquiteta Irene Rizzo, à frente do grupo que contou com a participação de profissionais do governo e especialistas em Desenho Universal, como a arquiteta Silvana Serafino Gambiaghi.

Depois de estabelecidos os critérios que seriam utilizados, foi produzido o manual técnico Desenho Universal – Habitação de Interesse Social que norteia todos os procedimentos que devem ser observados na construção das moradias.

Desafios
Os espaços internos foram planejados segundo a movimentação de um cadeirante, de modo a permitir a livre circulação pelos ambientes. A altura das janelas teve que ser adequeda ao ângulo de visão. Os banheiros foram equipados para facilitar o acesso dos moradores, bem como a disposição de armários das cozinhas e as camas nos dormitórios. Os cuidados necessários também estão presentes nas áreas coletivas e nas rampas de acesso aos imóveis, calçadas e meio fio.

O Desenho Universal é utilizado de maneira ainda muito tímida nos projetos habitacionais privados na construção civil. O Governo do Estado foi pioneiro na adoção dessas iniciativas. “O poder público teve que dar o exemplo”, afirma a arquiteta Irene Rizzo.

O grande desafio, segundo ela, foi adequar os custos  do que deve ser incorporado aos projetos com os valores previstos no orçamento público destinado aos investimentos nos conjuntos habitacionais.

Origens
Os conceitos do Desenho Universal foram desenvolvidos nos Estados Unidos, na década de 1960. Por aqui, os profissionais conseguiram incluir o padrão na legislação brasileira, mas seu avanço prático ainda depende da conscientização dos agentes.

Aos poucos, os conceitos vêm sendo incorporados à concepção e desenvolvimento na arquitetura e design de objetos, produtos  e equipamentos nos diversos setores da indústria, como a construção civil, meios de transporte, aviação, marinha, mobiliário, programas de computação, dispositivos móveis e também no comércio.

Para Irene Rizzo, o Desenho Universal exige avaliar aspectos também psicológicos, como a importância dos espaços para o desenvolvimento das pessoas. O perfil dos mutuários da CDHU também influi no planejamento.

Ele indica que as pessoas passam boa parte do tempo no interior de suas casas, até por fatores econômicos. É o caso de costureiras, que precisam de lugar para colocar a máquina de costura ou manicures que recebem os clientes em seus lares. “Nós pesquisamos muito para encontrar as soluções mais adequadas”, afirma Rizzo.

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