Alckmin discursa ao lançar programa que dobra o repasse às Santas Casas e hospitais filantrópicos

Palácio dos Bandeirantes, 11 de dezembro de 2013

qua, 11/12/2013 - 20h02 | Do Portal do Governo

Governador: Bom dia a todas e a todos. Eu quero cumprimentar o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Samuel Moreira; nosso secretário de Estado da Saúde, professor David Uip; o secretário de Energia, deputado federal José Aníbal; o secretário da Fazenda, Andrea Calabi, o secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes; Itamar Borges, que preside, é o coordenador da frente parlamentar em defesa das Santas Casas e hospitais filantrópicos; deputado Mauro Bragato, Dr. Luiz Tassinari, Estevão Galvão, Dr. Pedro Tobias, Roberto Massafera, Fernando Capez, Chico Sardelli, Célia Leão, Welson Gasparini, Carlão Pignatari, Dilador Borges, Cauê Macris, Regina Gonçalves, Dr. Jooji Hato, Sebastião Santos, Orlando Bolçone; Barros Munhoz, que é o líder do Governo; Dr. Luiz Carlos Gondim, Gilson de Souza; nosso sempre deputado Ricardo Montoro; prefeitos de Cruzeiro, Ana Karin; de Ourinhos, Belkis Fernandes; de Assis, Ricardo Pinheiro; de Suzano, prefeita em exercício Viviane Galvão; de Sorocaba, Pannunzio; de Patrocínio Paulista, o Marcos Ferreira; de Votuporanga, Junior Marão; de Mococa, Maria Edna; de Pacaembu, Maciel; de Pompeia, Oscar Yasuda; de Iporanga, o Valmir; de Itatiba, o João Fattori; de Barretos, Guilherme Ávila; de Osvaldo Cruz, Edmar Mazucato; o presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos, das nossas Santas Casas, amigo Edson Rogatti, Dr. Kalil Abdalla, provedor da Santa Casa de São Paulo; Manoel Lourenço das Neves, provedor da Santa Casa de Santos, a primeira Santa Casa do país; Henrique Prata, que dirige o Hospital do Câncer de Barretos, esta grande instituição; Irmã Rosane Ghedin, presidente do Hospital Santa Marcelina. Em nome deles quero saudar aqui todos os provedores, mesas, irmãos, superintendentes, administradores dos nossos hospitais; o Antonio Carlos Forte, superintendente da Santa Casa de São Paulo; colegas da área da saúde, amigas e amigos.

Nós estamos muito felizes. São Tomás de Aquino dizia que a maior das virtudes é a gratidão. E nós estamos aqui para reconhecer, agradecer e retribuir. Reconhecer o trabalho maravilhoso.

Eu, durante 12 anos, exerci medicina e o fiz na Santa Casa da minha cidade natal, Pindamonhangaba. E via ali, no dia-a-dia, parturiente chegando, com as dores do trabalho de parto, com a ansiedade de quem vai ter o primeiro filho, todo aquele estresse, ser acolhida, ter o parto ou ser operada, e depois sair com o nenezinho no colo, com a família, voltar para a casa. Vi, em um sábado de plantão, um trabalhador rural do bairro do Macuco que um touro holandês pegou e prensou o coitado do leiteiro no estábulo. E ele chegou com ruptura de fígado, de baço, lesão de fígado, trauma de tórax, pneumotórax, ser operado, tratado, medicado, dez dias depois poder voltar para casa com a esposa, com a família. Como também vemos, todos os dias, porque o hospital não faz milagre, pessoas idosas com doenças graves que acabam falecendo, mas que tiveram o carinho, o calor humano, o conforto, a assistência necessária, sem pagar um centavo, sem pagar absolutamente nada.

Então, nós estamos aqui para reconhecer. Aliás, instituições centenárias. A Santa Casa de Santos é de 1543. Até o nome da cidade deriva dela. Ela, quando foi feita em 1543, o capitão-mor Brás Cubas deu o nome de Hospital de Todos os Santos. E a cidade, a vila que se chamava Enguaguaçu, passou a ser denominada Porto de Todos os Santos em homenagem ao hospital.

A Santa Casa de São Paulo, um dos maiores hospitais da America Latina, de 1560, com histórias humanitárias que dão um filme. Até a roda da vida, onde as moças da época, traumatizadas por uma gravidez não planejada e com a pressão da sociedade, o tabu, as dificuldades, deixavam lá uma criança e batiam o sino para serem recolhidas e criadas. Milhares de crianças.

Então, reconhecer. Quando a gente vê essa tabela do SUS, que não se corrige, para o governo, põe mais dinheiro. Isso é uma forma indireta de estatização e inviabilizar entidades da sociedade civil. Hospital do governo nós temos 90, não corrige a tabela, vai dando mais dinheiro. E a Santa Casa? E o hospital beneficente? Como é que ele faz? Então se acumulou uma dívida de R$ 15 bilhões.

Nós somos o único Estado do Brasil que põe dinheiro para custeio, que complementa a tabela do SUS. Único do país. Em 2013, foram R$ 230 milhões. No ano que vem, serão R$ 535 milhões ao longo do ano, em 2014.

E o professor David Uip, o professor Polara e a equipe fizeram um grande trabalho, 117 santas casas e hospitais filantrópicos. Como ele explicou, os menores, de apoio; os estratégicos e as grandes referências, os hospitais estruturantes que nós vamos colocar recursos. Nosso problema não é de prédio, nosso problema é de custeio. Se a gente for verificar o que tem de leito ocioso hoje no Brasil, que quanto mais atende, mais prejuízo tem… O que tem de leito ocioso é impressionante.

Então, nós estamos colocando recursos para quem atende o SUS. E para ampliar o atendimento. E fazendo com qualidade. Nós temos que ser parceiros da sociedade civil. Eu me lembro que na década de 70, David, o provedor da Santa Casa de Pinda, uma pessoa já falecida, era o Ivan Vizaco. Quando eu assumi a Prefeitura, tinha um terreno doado, na época do ex-prefeito, pra fazer um novo pronto-socorro. A cidade, na época, com 40 mil habitantes. Eu vou tirar o pronto-socorro da Santa Casa, que já vive uma enorme dificuldade, para fazer um outro pronto-socorro? Só vai atrapalhar o doente. Porque vai atender ambulatório, se chegar um baleado, um politraumatizado, vai ter que mandar para o hospital. Porque precisa ter o centro cirúrgico, UTI, anestesista, banco de sangue. O que é que vai fazer um pronto-socorro numa casa lá para atender? Não vou fazer isso. Só vai agravar a crise da Santa Casa, dividir o atendimento. Falei: de jeito nenhum. Construí uma creche no terreno. A pessoa que doou o terreno concordou. Fiz uma creche e mantive lá o pronto-socorro junto da Santa Casa, como está até hoje. Sai do pronto-socorro e entra no centro cirúrgico por um corredor. Por um corredor.

Depois, a falta de dinheiro, que é permanente. Nós precisamos dar sustentabilidade. A cidade não tinha velório. Então, construímos o velório, que está lá até hoje. Tem quatro salas de velório, capela ecumênica, lanchonete, sanitário, serviço funerário e um grande estacionamento de automóveis. Construímos tudo e doamos para o patrimônio da Santa Casa. Hoje ela é uma fonte de renda para a Santa Casa, porque aquele que não tem dinheiro, é tudo de graça, a prefeitura paga. Quem tem o auxilio funeral do INSS, o INSS paga. E quem é particular, o serviço cobra. Então, é uma boa fonte de renda para a Santa Casa todo este serviço.

Nós temos que estar permanentemente zelando e sendo parceiros para que as Santas Casas possam crescer neste trabalho maravilhoso que é feito em beneficio das pessoas. Nós estamos super felizes hoje. O professor David Uip depois detalha melhor para todas as equipes técnicas.

Fico feliz de ver os prefeitos aqui presentes com a gente, para trabalharmos juntos, os deputados… E quero saudar aqui, também, o Edmir Chedid, deputado estadual, e o Jairão, prefeito de Tarumã. Cumprimentar o Edson Rogati. Nós estávamos lembrando, há pouco, do José Alberto Monteclaro Cesar, que também foi presidente da Fehosp, e nós nos orgulhamos. E agradecer a vocês, de todo o Estado, da capital, da Região Metropolitana, do interior, com dificuldade, estresse… isso causa um estresse, uma ansiedade tremenda você ter dívida, ter dificuldade, ser pressionado por todos os lados, prestando um serviço maravilhoso que é o atendimento gratuito para o SUS.

Há modelos diferentes de saúde. O Brasil tinha um modelo, modelo seguro saúde, era o INAMPS. Então, quem era trabalhador com carteira assinada tinha direito a aposentadoria pelo INPS e assistência médica pelo INAMPS. O INAMPS pagava tão bem que, na minha cidade, tinha dois hospitais: a Santa Casa – que era grande e ainda é hoje – e um hospital de um grupo de médicos que acabou brigando lá com os outros médicos e montou – o que não é incomum – um hospitalzinho próprio, o Hospital Pindamonhangaba. E nós anestesistas fazíamos anestesia nos dois hospitais. Era o mesmo grupo. Quem estava de plantão cobria Santa Casa e o Hospital Pindamonhangaba. Aí, um dia eu chego para fazer anestesia no hospital Pinda e vejo a placa assim: “Os médicos e funcionários deste hospital apoiam deputado federal fulano de tal, deputado estadual fulano de tal”, tudo da Arena, período militar… Aí entrei lá, o meu colega médico, diretor do hospital, depois da anestesia me chamou e falou: “Geraldo, você viu a faixa lá?”. Eu falei: “Vi.” Ele falou: “Olha, esquece. Ninguém vai trabalhar para nenhum deles. Mas, acontece que se a gente não põe lá a faixa, eles não nos credenciam no INAMPS. E se nós não formos credenciados do INAMPS, nós vamos quebrar, vamos quebrar.” O INAMPS pagava tão bem que era uma luta você querer prestar serviço para o INAMPS.

Um dia desses eu fui a um hospital, até religioso, e perguntei quanto por cento tem de SUS. Ninguém respondeu. Aí o sujeito me chamou de lado e falou: “Olha, aqui não atende mais SUS, é só convênio”. Mas nem com a promessa de ir para o céu se quer mais atender o SUS. Como as coisas mudaram.

Então, o fato é que a medicina se sofisticou. Isso é ótimo. Ressonância magnética, tomografia computadorizada, nada disso existia no meu tempo, nada, não existia nada. Os ganhos que nós temos na saúde… Doenças que eram incuráveis, hoje é tudo curável. Antigamente, câncer se dizia “aquela doença”, nem pronunciava a palavra. E, também, ninguém abria porque não sabia como tratar, não fazia nem diagnóstico. Hoje diagnostica, trata, vai para casa e a vida continua.

Mudou tudo, mas o fato é que tudo isto tem custo. Prioridade sem dinheiro é discurso, não é prioridade. Priorizar é alocar recursos para que as coisas possam, na prática, acontecer em beneficio da população.

Mas nós viemos aqui para exercitar, como dizia São Tomás de Aquino, a maior das virtudes: reconhecer, agradecer e retribuir. Bom trabalho.