Etec de Franca desenvolve pele artificial a partir de tecido suíno

Projeto poderá contribuir para o abastecimento de bancos de pele especializados e de hospitais

seg, 02/09/2013 - 16h16 | Do Portal do Governo

A Etec (Escola Técnica Estadual) professor Carmelino Corrêa Junior, de Franca, desenvolveu uma pele similar à humana a partir da derme de porcos. Coordenado pela professora Joana D’Arc Félix de Souza, a pesquisa foi desenvolvida com alunos do curso técnico em Curtimento. A pele humana é um dos materiais menos captados pelos bancos de órgãos.

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O grande destaque é que o material artificial poderá contribuir para o abastecimento de bancos de pele especializados e de hospitais, além de baratear o custo de pesquisas, uma vez que a matéria-prima do animal é abundante e de baixo custo. O fato de a região de Franca ser polo produtor de calçados favoreceu as pesquisas.

O trabalho se baseou no reaproveitamento dos restos de curtumes. A pele suína tem uma composição 78% compatível com a humana e já é utilizada em enxertos temporários. “Estudos com pele de outros animais resultaram em transmissão de doenças. Como a pele do porco é compatível, não acontece esse problema”, explicou Joana.

Pele artificial poderá contribuir para o abastecimento de bancos especializados e de hospitais, além de baratear custo de pesquisas Foto: Divulgação

O grupo purificou a pele do porco, eliminando todo o material genético associado ao animal (células, proteínas degradadas e gorduras), e assim obter uma matriz “limpa”. Após essa etapa, injetaram colágeno extraído do resíduo de couros, que reproduz os mesmos tecidos humanos, a fim de completar o espaço das impurezas retiradas e conservar as principais características da pele humana.

Amostras da pele desenvolvida em Franca já estão sendo testadas pela USP (Universidade de São Paulo). O próximo passo do projeto será adicionar leucócitos para dar coloração ao material. No Brasil, só existem três bancos de pele: em São Paulo, Recife e Porto Alegre.

Custos

Segundo a professora Joana D’Arc, os métodos para cultura de tecidos in vitro são muito caros e a escassez de áreas doadoras de pele complica a situação de quem precisa de transplante. Nesse aspecto, a pesquisa da Etec de Franca também teve vantagens. “Um metro e meio de pele produzido a partir do porco custa R$ 84,50. No caso da pele artificial, o mesmo tamanho pode chegar a R$ 5 mil”, ressalta a orientadora da pesquisa.

Do Portal do Governo do Estado