HC de Ribeirão Preto debate a hanseníase

Semana da Mancha também avalia pacientes com queixa de manchas na pele e triagem de casos suspeitos

qua, 08/02/2012 - 14h00 | Do Portal do Governo

Até a próxima sexta-feira, 10, o Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária-Hanseníase HCFMRP-USP, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Hansenologia, realiza alguns eventos para divulgar e orientar a população sobre a hanseníase.

No evento A Semana da Mancha, os profissionais da saúde realizam, no Centro de Referência em Especialidades, avaliações de pacientes com queixa de manchas na pele e triagem de casos suspeitos de hanseníase.

A hanseníase é uma doença infecciosa de longa evolução, transmitida de pessoa doente para pessoa sadia e suscetível pelo contato pessoal prolongado. O bacilo Mycobacterium leprae, uma bactéria, invade os nervos periféricos desencadeando alteração de sensibilidade ao calor/frio, ao tato e à dor. Surgem manchas brancas ou avermelhadas além de nódulos (caroços) na pele. Pode também evoluir com perda de força muscular das mãos, pés e pálpebras. É uma doença totalmente curável quando tratada com a poliquimioterapia padrão, oferecida gratuitamente na rede de saúde.

“Pessoas atingidas pela doença costumam ser tratadas com preconceito e sofrem discriminação. Durante muito tempo foram rejeitadas pela sociedade e forçadas a viver confinadas em áreas distantes, isoladas ou até mesmo em ilhas remotas, porque se acreditava tratar-se de um mal altamente contagioso, o que não é verdade. Cerca de 99% das pessoas têm imunidade natural ou resistência ao bacilo causador da hanseníase. É uma doença curável. O tratamento é gratuito e, portanto, não há espaço para a discriminação social”, explica Yohei Sasakawa, chairmain da Nippon Foundation, embaixador da Boa Vontade da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a eliminação da hanseníase e embaixador da Boa Vontade do governo japonês para os Direitos Humanos das Pessoas Atingidas pela Hanseníase.

Controle

O Brasil tem-se empenhado no controle da doença e, nas últimas décadas, registrou índices de baixas prevalências no Sul e Sudeste (0,46 e 0,56 por 10 mil habitantes em 2011, respectivamente). Mas o problema ainda tem caráter endêmico no País (taxa de 1,24/10 mil habitantes) e as regiões norte, centro-oeste e nordeste apresentam números preocupantes (3,28; 3,15 e 1,56 em 2011, respectivamente).

Em 2011, o Brasil registrou 30.298 novos casos, o que representa uma redução da ordem de 15% em relação ao ano anterior. Sabendo ser a hanseníase uma doença crônica com período de incubação prolongado (5 a 10 anos), outros índices trazem o alerta quanto à epidemiologia atual e futura da hanseníase como: o baixo porcentual de contatos examinados (48% em 2011), 20% a menos que em 2010; altos coeficientes de casos menores de 15 anos (4,77 em 2011) e de pacientes com grau 2 de incapacidade ao diagnóstico (10,1 em 2011); fatos que indicam ainda a permanência da doença na comunidade nos próximos anos.

Aliado a isso, há o fato de a maioria dos atendimentos ser de pacientes multibacilares, com manifestações cutâneas muito discretas e/ou neurais essencialmente. Isso dificulta o diagnóstico da doença nas suas formas precoces, atrasa o diagnóstico e tratamento e aumenta o risco de incapacidade. A consequência: elevação do estigma e do preconceito.

Paradoxalmente, na última década houve amento de 184% do número de unidades de saúde que atendem pacientes com hanseníase no Brasil, porcentual esse muito além dos alcançados para os coeficientes epidemiológicos da doença.

Profissionalização 

O tema hanseníase deve ser tratado nos cursos de graduação e especialização, tanto nas áreas de alta como nas de baixa endemia. De acordo com Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia e um dos coordenadores do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária do Hospital das Clínicas da FMRP-USP (CRNDS-HCFMRP-USP), “é importante oferecer treinamento também aos agentes comunitários de saúde, os quais têm acompanhamento domiciliar dos pacientes e de seus contactantes, podendo identificar sinais e sintomas precoces da hanseníase, além de serem os elementos mais permanentes das equipes de saúde da família.

O médico salienta que existe uma complexidade da hanseníase e seus paradoxos, “devendo todos os cidadãos se envolverem e se informarem sobre a doença, pois somente a informação destruirá o preconceito, permitindo com que os doentes, diante dos primeiros sintomas relacionados à hanseníase, possam procurar assistência mais rapidamente e, por conseguinte, tratá-la precocemente e alcançar a cura sem sequelas”.

Serviço

Semana da Mancha
Até 10 de fevereiro – das 9h às 15h – Centro de Referência em Especialidades, Semana da Mancha, com avaliação de pacientes com queixa de manchas na pele e triagem de casos suspeitos de hanseníase
• Hoje (8) – 1º Seminário de Hanseníase de Ribeirão Preto
Local: ACI – Rua Visconde de Inhaúma 489 – centro
• Amanhã (9) – das 13h às 17h – Discussão de casos clínicos em hanseníase – destinado a médicos clínicos, pediatras, dermatologistas e pronto atendimento
Local: Auditório da SMS (Rua Prudente de Morais, 457 – Ribeirão Preto)

Da Agência Imprensa Oficial