Governador discursa ao entregar AME em Barretos

Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Estimado prefeito anfitrião, doutor Emanoel Carvalho, prefeito de Barretos; a doutor Adriane, presidente do Fundo Social de Solidariedade; vice-prefeito Mussa Calil […]

dom, 16/10/2011 - 21h00 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Estimado prefeito anfitrião, doutor Emanoel Carvalho, prefeito de Barretos; a doutor Adriane, presidente do Fundo Social de Solidariedade; vice-prefeito Mussa Calil Neto; professor Giovanni Cerri, secretário de Estado da Saúde; deputado federal Duarte Nogueira, líder do PSDB na Câmara; deputados estaduais, o Sebastião Santos, o André do Prado, o Itamar Borges; doutor Henrique Prata, um grande oncologista, nós vamos dar o número de CRM para ele… Presidente da Fundação Pio XII, diretor-geral do Hospital do Câncer; doutor Luiz Carlos Lorenzi, diretor do AME Cirúrgico aqui de Barretos; prefeito de Viradouro, Paulinho; de Terra Roxa, o Marcelino; Severínia, o Raphael; eu vi que chegou aqui o prefeito Dorival Sandrini, o Dora de Cajobi; o Cléber, secretário municipal de Saúde; frei Francisco, presidente da Associação Lar São Francisco de Assis da Providência de Deus; padre Marcos, aqui da Paróquia de São Luiz Gonzaga; a Miriam Cristina, gerente administrativa aqui do AME; a Rosimeire Campanholi Felca, diretora do Departamento Regional de Saúde da região. Quero agradecer o vereador Guilherme, a sua lembrança, o cartão, muito obrigado. O Sebastião Misiara, que preside aqui a nossa UVESP; veio conosco, veio também, eu trouxe aqui o Luiz Carlos Motta, que preside a Federação dos Trabalhadores dos Comerciários do estado de São Paulo, que fez um grande congresso agora, terminou ontem, lá na Praia Grande. Cumprimentar aqui os integrantes do corpo clínico, área administrativa, profissionais de Saúde, amigas e amigos.

Uma grande alegria, nós estamos no Dia do Anestesista e na antevéspera do Dia de São Lucas, 18 de outubro, que é o Dia do Médico, e entregando aqui uma grande obra, esse é o 39º AME, Ambulatório Médico de Especialidades. E Barretos é a capital da saúde, tem aqui a Santa Casa de Misericórdia, tem o Hospital do Câncer como referência internacional, tem o IRCAD, que é um importante centro de formação pra cirurgia laparoscópica e robótica, tem o AME Cirúrgico, agora o AME Clínico e está chegando a Faculdade de Medicina, fecha o ciclo completo aqui em benefício da nossa população. Esse AME, sem ser esta semana, na outra semana já começa a marcação das consultas e na primeira semana de novembro já estará funcionando. Vai atender 19 municípios aqui da região. Nós teremos aqui 23 especialidades: Acupuntura, Alergia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Dermato, Endócrino, Fisiatria, Gastro, Ginecologia, Obstetrícia, Hematologia, Infectologia, Necrologia, Neurologia, Oftalmo, Ortopedia, Otorrino, Pneumologia, Proctologia, Reumatologia e Urologia, praticamente cobre todas as especialidades.

Então, nós vamos poder ter um modelo aqui para o país, a Unidade Básica de Saúde referenciada ao AME. Quando precisa de um especialista, o AME, e se precisar de uma cirurgia, o hospital. E a contra referência sai do hospital; volta outra referência ao AME e a sua unidade básica de saúde – 19 tipos de exames diagnósticos, então: Audiometria, Otoneurologia, Cardiografia, Cistoscopia, Colposcopia, Densitometria, Ecocardiografia, Doppler Vascular, Ultrassonografia, Eletroencefalografia, Eletroneuromiografia, Endoscopias, Espirometrias, Holter, Nasofibroscopia, Radiologia, Teste Ergométrico, Tomografia e Estudo Urodinâmico. Teremos também Serviço Social, Nutrição, Psicologia, Enfermagem, Reabilitação, além do AME Cirúrgico aqui ao lado. Então, um trabalho bonito, homenagem justíssima ao doutor Barradas, uma das pessoas que mais contribuiu para a saúde em São Paulo e no Brasil, pessoa dedicadíssima à saúde da nossa população.

Essa obra começou no tempo do Serra, aqui foi investido nove R$ 9,196 milhões: R$ 3,3 milhões em equipamento imobiliário e R$ 5,9 milhões na obra de construção. É o 39º AME, está fora do SUS, não tem um centavo do Sistema Único de Saúde. São Paulo estoura o teto todo mês, perto de R$ 80 milhões, e o Governo Federal não aumenta o teto, então todos os AMEs estão fora do Sistema Único de Saúde, são bancados exclusivamente com o dinheiro do Governo do Estado. A tabela do SUS não é corrigida há anos, nós vamos ter um problema gravíssimo de financiamento da Saúde no Brasil. O Governo Federal até agora diz que não vai corrigir a tabela. Há defasagem, tem serviços que não cobrem um terço do serviço, não tem uma Santa Casa em situação gravíssima de financiamento, todas. Inclusive fui agora… E só salvando o oxigênio, porque não resolve a crise. O Hospital Stella Maris tem 60 anos, em Guarulhos, referência internacional, colocaram até sob suspeita a administração do hospital das freiras lá, das irmãs missionárias, e eu falei: “olha, o único pecado, o único equívoco aqui é que atende o SUS, e atendendo o SUS, o prejuízo dá 60%”.

Então, se você atende 100, recebe 40 e fica devendo 60 no banco. Atende 200, recebe 80, fica devendo 120 no banco. A Santa Casa de São Paulo não fechou porque nós também socorremos de última hora, então uma situação gravíssima. A Emenda 29 é mentira, ela não vai colocar um centavo na Saúde, ela vai diminuir o financiamento da Saúde, porque os municípios já põem muito mais de 15%. Quanto é que você investe aqui em Barretos, Emanoel?

Emanoel Mariano De Carvalho, prefeito de Barretos: Uns 23%.

Geraldo Alckmin: 23. Então, dizer que tem que pôr 15% não vai resolver nada, já põe 23%. Os estados têm que por 12%, São Paulo passa muito de 12%. Aqueles que não põem 12%, a lei vai fazer artificialmente chegar a 12%, porque tira o FUNDEB. Então, quem já chegou a 12%, sobra, e aqueles que estão investindo 7% ou 8% em Saúde vão dizer: “olha, estão certinhos, investiu 12%, porque tirou o FUNDEB, diminuiu a base, e o Governo Federal não deu um centavo a mais. Então, é um engodo, os municípios não vão pôr nada a mais, porque já estão muito acima, os estados que não colocam não vão precisar colocar mais nada, porque artificialmente atingiram os 12%, e o Governo Federal também não vai pôr um centavo. Olha, o Barradas deu a vida dele, o que prejudicou a saúde dele foi falta de dinheiro, essa é a realidade, é um stress todo dia. Falta meio bilhão para a Saúde, o déficit é 700 milhões, agora o déficit é um milhão, agora o déficit é um bilhão e 200. O secretário da Fazenda quase pula do prédio, nenhuma outra área vive uma situação dessa, nem educação, nem segurança, é uma situação grave de financiamento que o país atravessa e que nós não podemos fechar o olho, achar que o problema não existe, ou ele vai ser enfrentado ou ele vai se agravar. A tabela do SUS não é corrigida, todo ano tem aumento de salário, dissídio, aumento de água, de luz, de remédio, de limpeza, de segurança, de tudo, então eu acho que nós temos que fazer um mutirão no país, todos os deputados estaduais, federais, vereadores, sociedade civil organizada e dizer: “Olha, não é possível”, governar é escolher, deixa a obra para mais tarde, o problema é custeio, é custeio, é pagamento de pessoal e custeio, manutenção.

Fazer prédio é fácil, não há nada mais fácil do que fazer prédio. O problema é pôr para funcionar e aguentar o custeio. Você, quando asfalta uma avenida acabou a despesa no dia seguinte, quando você faz um serviço de saúde, a despesa começou no dia seguinte, ela é crescente, ela vai cada vez subindo mais. Ou há um financiamento adequado ou nós vamos viver problemas graves. E aí faz serviço novo e o antigo está ocioso, a maioria dos hospitais filantrópicos estão todos ociosos porque não conseguem fazer mais, fora os que estão deixando de atender o SUS. Um dia desses fui em um hospital religioso em São Paulo, uma das maiores referências de São Paulo, e perguntei: “quanto atende de SUS?” O pessoal enrolou um pouco, enrolou e tal, aí eu cobrei de novo e falaram: “Não, aqui não atende mais SUS, zero, só convênio e particular”. Ninguém mais atende o SUS. Antigamente, se um hospital não atendesse o INAMPS, ele fechava.

Eu me lembro em Pindamonhangaba. Os médicos montaram um hospital, Hospital de Pindamonhangaba, além da Santa Casa, um grupo de médicos da época, e eles foram lá e disseram: “Olha, se nós não conseguimos convênio com o INAMPS, fecha. Hoje ninguém atende o SUS, ninguém. Ou nós corrigimos a tabela ou nós vamos ter um problema grave de financiamento da Saúde no país. E esse é um problema do país inteiro, é do Oiapoque ao Chuí, é uma questão de natureza nacional. Mas, enfim, eu acho que é importante nós estarmos atentos a essa questão. E de outro lado, avançarmos na questão da saúde. Eu falei já para o doutor Giovanni na vinda, nós vamos fazer um grande mutirão aqui para acabar a fila de catarata. Ele vai liberar todos os recursos para a gente poder zerar a fila de catarata. Vamos ajudar aqui em Barretos, que tem uma estrutura excepcional, difícil uma cidade ter a estrutura de saúde tão boas como a cidade, para ter a faculdade de medicina. Hoje faltam médicos, especialmente em algumas especialidades. Você não tem anestesista, ortopedista, intensivista, pediatra. Faltam muitas atividades. É importante. E ter faculdades boas, ter faculdades como aqui, nível de excelência nesse atendimento.

Quero aqui destacar a importância do contrato de gestão. Aqui é um contrato de gestão com a Fundação Pio XII, ela que vai gerir aqui o AME Clínico. Todos vão ser contratados na Fundação e nós pagamos 100% através do contrato de gestão que foi feito. Esse é um modelo que deu bons resultados, é uma entidade para o AME, como o hospital é público, gratuidade, ninguém paga nada, universalidade e equidade, todos são tratados iguais. Mas a gestão não precisa ser do Governo, a gestão pode ser de um parceiro, de uma entidade sem fim lucrativo, de uma entidade para prestar serviço aqui à comunidade. Eu queria também colocar aqui que nós estamos licitando aqui a obra da Rodovia Faria Lima. Já publicamos o edital na última semana, dia cinco agora de outubro, já foi publicado o edital e esperamos aí em 90, 120 dias, assinar o contrato e poder executar a obra. Uma obra de R$ 78 milhões, vai duplicar o trecho inicial de Barretos. O restante terá terceira faixa, acostamentos, recapeamento, obras de segurança e sinalização. Incluímos no BIRD, no programa do Banco Mundial, a Assis Chateaubriand, que será também toda ela modernizada, e a Fábio Talarico, a SP-345, que vai para Franca, também será revitalizada. A Faria Lima, como é mais importante, mais urgente, por causa de acidente, o Governo vai bancar com o Tesouro, já está licitada. Terminou a licitação, assinamos o contrato e começamos. As outras duas nós vamos fazendo a manutenção e incluímos no programa do Banco Mundial, que está bastante adiantado para a gente assinar no primeiro semestre do ano que vem.

Eu queria também aqui dizer que nós vamos estudar aqui a questão do aeroporto, Emanoel. A Prefeitura tem uma proposta, não é isso? De concessão do aeroporto, e nós vamos estudar sim a maneira de ou fazer junto com município ou a… O DAESP dar uma orientação técnica à Prefeitura, para que se faça aqui a concessão, é nós estamos, viu Henrique, já falei com duas empresas de aviação para ter uma linha para Barretos. Deixa eu colocar: todo lugar que eu vou o pessoal pede uma linha até Pindamonhangaba. Eu fui lá um dia desses, o pessoal queria uma linha, embora não tenha aeroporto lá, mas, qual o problema? Isso aí não é escolha do governador, precisa ter passageiro, precisa ter demanda. Então, vai vir gente do mundo inteiro, fazer aqui Laparoscopia Robótica, então nós precisamos ter em demanda, tem demanda, nós vamos avançar e o aeroporto, a concessão pode permitir também investimentos aí importantes. Mas quero deixar um abraço, quem é o anestesista da colega?

Orador não identificado: Samir…

Geraldo Alckmin: O doutor Samir – nosso colega anestesista – tenho uma tese, viu doutor Samir. Eu tenho uma tese: se a coisa complicar, chama o anestesista, né? Mas, oh, oh… Bons tempos, eu quando comecei a trabalhar em Pinda, eu era estudante ainda, ia lá para assistir cirurgia, porque estudante de medicina gosta né, de cirurgia. Então eu ia lá, estava no quinto ano e naquele tempo, 40 anos atrás quase, não tinha essa sofisticação, então hospital tinha um balão de oxigênio. Você tinha um torpedão dentro da sala de cirurgia, não tinha nada encanado, os gases, oxigênio, protóxido, eletrogêneo, nada de tubulação, e o torpedão ali na sala, e o paciente lá para ser operado, ainda estava nos procedimentos iniciais e tal. A enfermeira deu uma encostada no torpedão e o balão de oxigênio caiu, imaginem o barulho que fez aí, caiu o torpedo dentro da sala, aí, aquela confusão, “Não, não tem perigo, o torpedo tem válvula de segurança, não tem perigo, é só barulho, só foi susto e tal”, só que cadê o doente? O doente “pá”, se mandou né. Aí eu, que era estudante, me mandaram ir buscar o doente, então tinha um jardinzinho assim com uns bancos e o doente estava lá no jardim, e aí eu falei: “Vamos voltar, foi só susto e tal”… é impressionante a evolução da medicina em 40, 50 anos, coisa fantástica. Não existia ressonância magnética, não existia tomógrafo.

O Giovanni, que é diretor de faculdade de medicina da USP, que é um grande radiologista, o avanço de imagem, o avanço da cardiologia, o avanço dos procedimentos não invasivos, é um salto da qualidade incrível e Barretos está de parabéns: menor mortalidade infantil de São Paulo. De São Paulo, do Brasil, menor no Brasil. O Brasil do século passado, de 1940, a mortalidade infantil era 143, por mil nascidos vivos. Era comum a mamãe dizer: “Olha, tive cinco filhos, vingaram três”. Morria muita criança, hoje, raríssimo. São Paulo, o Brasil é 25 em mortalidade infantil, São Paulo é 12, Barretos deve ser um dígito, 7,8, um dígito, é o nível europeu, Europa. Expectativa de vida média, o homem das cavernas era 18 anos, que ele vivia em média; no Império Romano, 23 anos, a expectativa de vida mês é média; o Brasil, no século passado, 80 anos atrás, era 43 anos de idade, expectativa de vida média, porque morria muita criança, então puxava a média para baixo e não tinha antibiótico, morria de tuberculose, hanseníase, gripe.

A gripe espanhola matou, em 1918, 300 mil brasileiros, inclusive o presidente de República, o Rodrigues Alves morreu de gripe espanhola, que nem o Tancredo, morreu entre a eleição e a posse, ele ia ser duas vezes Presidente da República. Mudou tudo, hoje a expectativa de vida média é 74 anos de idade, se for mulher, 77, passou dos 30, sai da vulnerabilidade juvenil, morre muito jovem em fim-de-semana, motocicleta, carro, tiro, droga, bebida, causa externa, não doença, vai pra 80, é comum hoje, antigamente era uma efeméride encontrar algum com 100 anos. Hoje, o Castelo Branco, a mãe dele tem 103, domingo toma uma cervejinha né, 103. Então, é impressionante. Um dia desses, eu vi na televisão um casal, 83 anos de casado, ele tem 106 e ela tem 102, então mudou, nós vamos agora para mais de 100 anos de idade, e se morar aqui em Barretos, as mulheres, em especial, não morrerão mais.

Parabéns!