Investimentos no Projeto Tietê já recuperaram 160 km do rio

Os mais de R$ 1,6 bi aplicados já reduziram em 55% a carga de poluição na bacia do Tietê

qui, 22/09/2011 - 8h43 | Do Portal do Governo

(Atualizado às 14h55)

O governador Geraldo Alckmin comemorou nesta quinta-feira, 22, o Dia do Tietê com um anúncio bastante animador sobre as ações para a despoluição do rio. Os esforços para a recuperação do Rio Tietê na capital já pode ser sentidos no interior do estado. Antes, a poluição chegava até a barragem de Barra Bonita, a 260 quilômetros da capital. Hoje, a mancha de sujeira diminuiu e está mais ou menos perto de Salto, a 100 quilômetros da Região Metropolitana de São Paulo. Ou seja, são mais 160 quilômetros de leito de rio recuperados.

“Infelizmente, são 500 toneladas por dia que são jogadas no rio Tietê de lixo, então é importante educação ambiental, as crianças têm um papel importante na família, os professores, a imprensa, a sociedade civil e as prefeituras. Limpeza! Porque toda sujeira na rua acaba dentro do rio”, declarou Alckmin.

Além disso, o governador também anunciou, em Barra Bonita, o início do programa Se Liga na Rede, por meio do qual o Governo do Estado vai fazer a ligação do esgoto das residências que ainda não o fizeram à rede coletora da Sabesp. Serão contempladas por esse programa as famílias que tiverem renda de até três salários mínimos.

“As cidades menores, o Governo do Estado está pagando 100% da obra. Barra Bonita tratava 10% de esgoto, vai tratar 100%. Estamos investindo R$ 13 milhões, nós queremos cidades 300%: 100% de água tratada, 100% de esgoto coletado e 100% de esgoto tratado”, disse o governador.

Isso demonstra o empenho do Governo do Estado em tornar o rio novamente vivo, recuperado. Há quase 20 anos, a Sabesp iniciou os trabalhos de despoluição do Rio Tietê, por meio do Projeto Tietê. O quadro atual já é muito melhor do que o que existia em 1992, no início das obras, nas quais já foram investidos US$ 1,6 bilhão até hoje.

O volume de esgotos tratados na RMSP multiplicou-se por quatro e um contingente de 8,5 milhões de pessoas que antes não contava com saneamento adequado passou a ser atendido. Como consequência, a carga poluidora que era descarregada no Tietê diminuiu consideravelmente.

Quando o programa teve início, o sistema de saneamento então existente era capaz de remover apenas 19% da carga orgânica dos esgotos gerados na RMSP; todo o resto ia para os rios da Bacia do Tietê. Hoje, passadas quase duas décadas, 55% da carga poluidora já é removida e, até 2015, 68% o será.

A regeneração dos rios da bacia já começou. Num processo natural, ela vai se dando do interior do estado em direção à metrópole. Dentro de mais alguns anos, os paulistas da RMSP passarão a vivenciar uma realidade que parte dos interioranos já experimenta: em um trecho de mais de 160 quilômetros, o rio Tietê renasceu, voltando a ter vida aquática.

O tamanho do desafio

O Rio Tietê tem peculiaridades que ajudam a entender por que os trabalhos voltados a recuperá-lo são tão lentos, embora as ações empreendidas nos últimos 20 anos pela Sabesp já estejam mostrando resultados satisfatórios e muito significativos.

Para começar, o rio corta a metrópole paulista a pouco mais de 50 km de sua nascente, situada no município de Salesópolis. Isso significa que, ao passar pela capital, sua vazão é baixa (35 mil litros por segundo), o que dificulta a dispersão de poluentes e a regeneração das águas.

Junte-se a isso o fato de o rio banhar uma região onde vivem quase 20 milhões de pessoas e onde se concentra boa parte da produção industrial do País. Até o início do Projeto Tietê, quase todo o esgoto gerado pelos habitantes e pelas indústrias ia diretamente para os rios, sem nenhum tratamento. Em suma, o rio Tietê enfrenta o desafio de conviver com esta imensa conurbação dispondo de condições hidrográficas e demográficas bastante adversas.

Mas é preciso ter presente também que o tempo do saneamento se conta em décadas, nunca em meses ou anos. As obras de infraestrutura de coleta e tratamento de esgotos são sempre muito caras, geram baixo retorno financeiro e, portanto, dispõem de limitadas fontes de financiamento em condições competitivas. Daí a importância de um programa contínuo, ininterrupto como tem sido o Projeto Tietê.

O Projeto Tietê

Foi para enfrentar estes desafios e mudar um quadro de degradação que vinha de décadas que o Governo do Estado lançou o Programa de Despoluição do Rio Tietê – Projeto Tietê, em meados dos anos 1990.  Desde então, US$ 1,6 bilhão foram investidos pela Sabesp, tendo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) seu principal parceiro e financiador. O objetivo sempre foi alcançar melhorias significativas nas condições de saneamento básico na RMSP, com redução da poluição hídrica dos corpos d’água, ganhos ambientais e avanços na qualidade de vida da população.

Em 1992, quando o projeto começou, o esgoto gerado por 83% da população da RMSP – ou seja, por cerca de 11 milhões de pessoas – era lançado in natura nos rios da metrópole. A RMSP contava com apenas duas grandes estações de tratamento de esgotos (ETE), cujo volume médio tratado montava 4 mil litros por segundo: Barueri e Suzano. Assim, o primeiro passo teria de ser, necessariamente, ampliar a capacidade do sistema.

Primeiras fases do projeto

Na 1ª etapa do Projeto Tietê, entre 1992 e 1998, foram construídas três novas ETE (ABC, Parque Novo Mundo e São Miguel) e ampliada uma das existentes, a de Barueri. Como resultado, a capacidade do sistema para tratar esgotos mais que dobrou: passou de 8.500 L/s para 18.000 L/s. Também houve expansão das redes de coleta e afastamento em mais de 1,8 mil quilômetros. Apenas nesta primeira fase, foram investidos US$ 1,1 bilhão.

Com a capacidade de tratamento ampliada e ajustada à realidade da metrópole, foi a vez de investir na expansão da rede de coleta, principalmente na bacia do rio Pinheiros. Este foi o objeto da 2ª etapa do projeto, que resultou na implantação de mais 1, 6 mil quilômetros de tubos, entre interceptores de até 3,5 metros de diâmetro, coletores-tronco e redes de coleta.

Em alguns casos, como o de áreas às margens da represa Billings, o esgoto que antes era despejado diretamente no manancial passou a viajar até 60 quilômetros para ser tratado na ETE Barueri. Entre 2000 e 2008, foram aplicados US$ 500 milhões no Projeto Tietê.

Os primeiros resultados

Concluídas as duas primeiras fases do programa, entre 1992 e 2008, os índices de atendimento na RMSP evoluíram da seguinte forma: o de coleta de esgotos passou de 70% para 84% da população e o de tratamento pulou de 24% para 70% do volume de esgoto coletado. Portando, mais 8,5 milhões de pessoas passaram a dispor de serviços de coleta e tratamento de esgotos na região.

São 1,4 bilhão de litros por dia ou o equivalente a um volume suficiente para encher 550 piscinas olímpicas de esgoto deixados de ser despejados diretamente no rio. O volume tratado passou de 4 mil L/s para 16 mil L/s diários.

O sistema de tratamento e os quase 3,5 mil quilômetros de tubos instalados ao longo destes 19 anos permitem que 365 toneladas de material orgânico deixem de ser despejadas diariamente nos cursos d’água da RMSP. Há que se considerar também os benefícios em termos de saúde pública decorrentes da coleta de esgotos das moradias de aproximadamente 1,1 milhão de famílias, com a execução de novas ligações domiciliares. Com elas, o índice de cobertura elevou-se a 84% da população da RMSP. Além disso, vale reforçar a redução da mancha de poluição no rio que antes chegava a Barra Bonita, e agora está 160 quilômetros menor.

O momento atual

Atualmente encontra-se em andamento a 3ª etapa do programa, iniciada em 2009 com previsão de estender-se até 2015. Hoje, 43% das ações previstas para esta fase já estão contratadas; 29% estão em licitação; e 28%, em fase de desenvolvimento de projetos.

Nesta etapa, a rede de esgotamento está sendo ampliada nas áreas periféricas da RMSP. Ao todo, 28 municípios receberão obras; em 19 deles (São Paulo, São Bernardo, Ribeirão Pires, Arujá, Itaquaquecetuba, Suzano, Poá, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, Barueri, Carapicuíba, Ferraz de Vasconcelos, Itapevi, Jandira, Osasco, Santo André, Taboão da Serra e Itapecerica da Serra) elas já estão em execução.

Serão aplicados US$ 1,05 bilhão até 2015 para implantar 1,83 mil quilômetros de tubos e realizar 200 mil ligações domiciliares. A capacidade de tratamento do sistema será ampliada em mais 50%, chegando a 27,5 mil L/s. Com a expansão do sistema de saneamento resultante das intervenções previstas para a terceira etapa, será possível coletar o esgoto gerado por mais 1,5 milhão de pessoas e tratar os dejetos gerados por mais 3 milhões de pessoas. Ou seja, ao fim da 3ª etapa 11,5 milhões habitantes da RMSP terão passado a dispor de saneamento básico integral.

Próximos passos

Atualmente a Sabesp negocia fontes de financiamento para a 4ª etapa – e última – do Projeto Tietê. Trata-se da fase mais custosa e difícil, pois abrange fundos de vale, áreas densa e irregularmente ocupadas, enormes dispêndios com urbanizações e desapropriações. Calcula-se que sejam necessários investimentos de US$ 1,9 bilhão.

Nesta quarta etapa de obras, está prevista a implantação de mais 1,56 mil quilômetros de redes e tubos, 300 mil ligações domiciliares e a expansão da capacidade de tratamento de esgotos em mais 8 mil L/s. Com isso, o sistema, que em 1995 tinha capacidade para tratar 8,5 mil L/s, chegará a 35,5 mil L/s ao fim desta década. A meta é fazer o índice de coleta chegar a 95% até 2018 e o de tratamento a 93% até 2018 e a 100% até 2024 – sempre considerando os municípios operados pela Sabesp.

Da Sabesp