Alckmin discursa em comemoração dos 120 anos da Imprensa Oficial

Geraldo Alckmin: Boa tarde a todas e a todos. Secretário Chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo; secretário Silvio Torres; nosso sempre secretário João Batista de Andrade; deputados Cauê Macris; Celino […]

qui, 28/04/2011 - 20h00 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Boa tarde a todas e a todos. Secretário Chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo; secretário Silvio Torres; nosso sempre secretário João Batista de Andrade; deputados Cauê Macris; Celino Cardoso; Antonio Carlos Pannunzio; Lobbe Netto; Marcos Monteiro, diretor presidente do IMESP, da Imprensa Oficial do Estado; ex-presidentes Ralph Mennucci, que é neto do Sud Mennucci; Caio Plínio Aguiar Alves de Lima; deputado Audálio Dantas; Antonio Arnot; Sérgio Kobayashi; Felisa Galego, vice presidente e diretora financeira; Alexandre Araújo, diretor de Gestão; Ivail Andrade, diretor industrial; Cláudio Kaminski, presidente da Associação dos Funcionários do IMESP; Simone de Souza que é a mais experiente entrou aqui menor de idade; Oswaldo Martins; Nicete Bruno; Rubens Ewald Filho; agradecer e cumprimentar o Conjunto Musical do Conservatório Ernesto Nazaré; o coral infantil do colégio Primo Tapia; a nossa regente Raquel Tapia; a comissão organizadora aqui dos festejos dos 120 anos; toda a equipe aqui de funcionários compõe a nossa Imprensa Oficial. Mas dar os parabéns, poucas instituições são seculares. Essa é do século XIX, 1891, quando foi criada a tipografia de São Paulo, a República tinha um ano e meio, a cidade de São Paulo tinha 85 mil habitantes, o Estado de São Paulo tinha pouco mais de um milhão de habitantes, 120 anos retratando a história aqui do nosso Estado e por consequência, do nosso país. E comemoro os 120 anos extremamente revitalizada, moderna, com diário oficial eletrônico, com a certificação digital, na ponta da tecnologia, um dos mais modernos parques gráficos da América Latina, uma empresa saudável, uma empresa forte que também tem uma presença cultural importante através da publicação de inúmeros livros, ganhou 40 jabutis. Um deles sobre o Monteiro Lobato, da Marisa Lajolo e do João Luís Ceccantini Monteiro Lobato livro a livro.

E aí me permitam homenagear a todos que nesses 120 anos deram uma grande contribuição para termos essa instituição, que é um orgulho de São Paulo, que é o IMESP, contando aqui para encerrar uma historinha, Audálio Dantas, do Monteiro Lobato. Monteiro Lobato tinha um conto chamado: O colocador de pronomes. Então ele relata que naquele tempo antigo do namoro a distância, um jovem apaixonado por uma menina muito bonita, uma menina muito formosa chamada Helena, ela passa em frente da casa da amada e joga um bilhete. “Helena, amo-lhe”, e por azar quem pegou o bilhete não foi a Helena, foi seu pai coronel Tributino Figueiredo, 50 mortes nas costas. Pegou o bilhete, já desconfiado do rapaz mandou chamar o rapaz. Os amigos disseram não vá, não vá que o coronel é um homem muito perigoso, é melhor você não ir. Eu vou, e vou confirmar que eu escrevi o bilhete. Foi, coronel mandou entrar, pegou o bilhete da gaveta e deu para ele. Helena, amo-lhe. Ele falou, perfeitamente coronel, fui eu que escrevi o bilhete. Coronel abriu outra gaveta, pegou o 38, o revólver pôs em cima da mesa e disse: Olha moço, as questões de honra da família, eu resolvo a bala. Ou casa, ou morre: o coronel. “Dizem que eu sou homem tão frio, um homem tão coração duro, eu estou vendo que o senhor é um homem generoso, um homem bom, tudo o que eu quero é casar com a sua filha. Perfeitamente, então, já casei” . Virou para dentro falou: Mariazinha, venha cumprimentar o seu noivo. Ele falou coronel: Helena. Ele falou: Não senhor, leia aqui o bilhete. Helena, amo-lhe terceira pessoa. Se você amasse a Helena teria escrito, Helena amo-te. Como você escreveu Helena, amo-lhe você não se referia a Helena, mas uma terceira pessoa e aqui nessa casa tem minha mulher, Dona Benedita com 90 anos e a Mariazinha, uma das três, revólver na cabeça, casou com a Mariazinha manquitola, vesga e encalhada, fazer o que? Casou.

Aí nove meses depois nasce Aldrovando, diz Monteiro Lobato. Aldrovando nasceu e quando menino, todo mundo empinando pipa, Aldrovando estudando literatura. Os jovens de namoro, Aldrovando dedicado a gramática, a língua portuguesa. Foi um apaixonado pela língua portuguesa, um homem sofrido com os verdadeiros sacrilégios que se cometiam contra a língua pátria. Um dia ele passa em frente ao ferrador e estava escrito: ferra-se cavalos. Ele invade a oficina, quer brigar com o pessoal e falava: não é possível, cavalos são ferrados, então é ferram-se cavalos. Aí manda fazer do bolso dele uma nova placa, manda por lá a placa correta. Passou a vida inteira, criou o consultório de questões gramaticais, a vida inteira dedicado a língua portuguesa. Já velho, ele resolve fazer um livro dedicado a gerações vindouras sobre a língua portuguesa: Gramática e Literatura. Ninguém quer imprimir o livro dele. Aí ele junta suas últimas economias e banca o livro. Um belo dia começam a chegar as carroçadas de livro. Põe livro no quarto, livro na sala, livro no corredor, e aí pega um livro e põe na velha escrivaninha. De madrugada, sozinho, dá um balanço da vida e fala: eu já estou idoso, mas valeu a pena a luta, vou deixar aqui para gerações mais novas essa contribuição. E ele tinha feito uma dedicatória em todos os livros, ao grande gramático daquela época que se chamava Frei Luiz de Souza, grande gramático da língua portuguesa. Quando ele abre o livro está escrito, a dedicatória era: À Frei Luiz de Sousa, aquele que me sabe as dores porque o que atrai o me. Na hora de imprimir, caiu naquele tempo antigo chumbão no chão e o tipógrafo pá! Jogou o me para o outro lado. Quando ele abre, em todos os livros está impresso: a Frei Luís de Souza, aquele que sabe-me das dores. Aí quando ele lê aquilo tem uma dor no peito fortíssima, leva mão, tem um infarto fulminante e morre. Como diz o Monteiro Lobato: este foi o primeiro mártir da Língua Portuguesa, nasceu e morreu por um erro de colocação pronominal. É que o Aldrovando era tão azarado que não mandou fazer um livro na imprensa oficial.

Parabéns a todos.