Geraldo Alckmin: Boa noite a todas e a todos. Xanana Gusmão, primeiro ministro da República Democrática do Timor Leste, embaixador da República Democrática do Timor Leste no Brasil; Domingos de Sousa; embaixador Edson Duarte Monteiro, embaixador da República Federativa do Brasil no Timor Leste; João Câncio Freitas, ministro de Estado da Educação do Timor Leste; Alberto Xavier Pereira Carlos, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Timor Leste; Francisco Guterrez, secretário de Estado de Segurança do Timor Leste; deputado Barros Munhoz, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo; governadores José Serra, Alberto Goldman e Deuzeni Goldman; Eduardo Suplicy, senador da República; ministro Paulo Bozzi, chefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo; embaixadores Celso Lafer, Lauro Moreira; deputado Sidney Beraldo, secretário chefe da Casa Civil e chanceler da Ordem do Ipiranga – em nome de quem cumprimento os secretários de Estado; deputado José Cândido; professor João Grandino Rodas, magnífico reitor da Universidade de São Paulo; senador Alfredo Cotait, secretário do município; Adilson César, presidente do Conselho de Honrarias e Méritos; amigas e amigos.
É uma grande alegria nos reunirmos aqui nesta noite para recebermos a visita do senhor primeiro-ministro da República Democrática do Timor Leste. Sua excelência é um amigo de São Paulo, Esteve aqui em abril do ano 2000, quando reuniu-se com o governador Mário Covas, retornando em agosto de 2002, sendo do mesmo modo recebido oficialmente pelo Governo do Estado. Agora os paulistas têm a alegria de reencontrá-lo mais uma vez, podendo novamente homenageá-lo, pois há muitas razões para isso.
Raros são os países do mundo, se é que há outros, que têm a boa sorte que o Timor Leste tem, por contar com um dirigente que é também um grande poeta, um homem que sabe conjugar o senso prático com a poesia, que é capaz de sonhar e fazer do sonho uma realidade. “Nosso grito é o silêncio, nossa luta é a história do poder do silêncio”, escreveu Xanana Gusmão no poema “Povo sem Voz”. Mas esse grito terminou por ser ouvido em todo o mundo, pondo fim a uma luta sofrida de 25 anos, então escutou-se a voz de um povo livre em Timor Leste livre. Cumpriam-se assim palavras enunciadas por Xanana Gusmão muitos anos antes, em 1989.
Seja no Tibet ou na Polônia, nos países bálticos ou no Pacifico Sul, na África ou no Caribe, está demonstrado que a força e a repressão nunca puderam sufocar por completo o que constitui a própria razão de ser de cada povo. O orgulho de ser ele mesmo, a capacidade de poder preservar sem restrições tudo quanto o identifique como tal. A liberdade de transmitir tudo isso às gerações vindouras, em suma, o direito de gerir o seu próprio destino.
Nós brasileiros nos orgulhamos que um dos nossos conterrâneos, Sergio Vieira de Melo, funcionário da ONU, servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz tenha tido um papel fundamental num processo que culminou na independência do Timor Leste. No caso do atual Governo de São Paulo, senhor primeiro-ministro, há um orgulho complementar. Está aqui conosco a doutora Eloisa de Souza Arruda, nossa secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania. Foi promotora do Tribunal Penal Especial do Timor Leste, instituído pela Organização das Nações Unidas em 2002.
Timor Leste, o Brasil, e São Paulo em particular, têm muitos pontos em comum. Entre eles, a diversidade cultural expressa em Timor pelos 15 idiomas nacionais, além das duas línguas oficiais, o tetum e o português. Sua pluralidade ética se manifesta ainda na religiosidade e na arquitetura. Nos alegra muito também saber que o hino nacional das nossas duas pátrias é cantado numa mesma língua, o português. E que, se um solitário viajante brasileiro se encontrar por aquelas paragens, ele será reconfortado por palavras como amigo, amizade, apreço e até saudade, que dizem ser um vocábulo que só existe na língua portuguesa. Mas nossa identificação não está apenas nas nossas palavras, ela está também na generosidade dos sentimentos que unem timorenses do leste e brasileiros.
Excelentíssimo senhor primeiro-ministro, a Ordem do Ipiranga é a mais elevada honraria concedida pelo Estado de São Paulo. Seu nome celebra o momento inaugural do Brasil, quando nos tornamos uma nação independente e soberana. Ela é reservada aos cidadãos nacionais e estrangeiros, que pelos seus méritos pessoais e pelos serviços de excepcional relevância prestados a São Paulo, merecerem a gratidão dos paulistas.
Senhor Xanana Gusmão, o seu empenho na luta pela independência do Timor Leste foi um serviço prestado não apenas ao seu país, mas a todos aqueles que amam a liberdade em Timor Leste, em São Paulo, em toda a parte. Pela dedicação a essa causa, pelo exemplo que vossa excelência e o seu povo deram a todo o mundo, peço que aceite esta honraria concedida pelos brasileiros de São Paulo.
Muito obrigado.
