Alckmin discursa na entrega de kits escolares

Geraldo Alckmin: Bom dia a todos e a todas. Pedir desculpas paravocês que eu estou saindo do dentista, então está meio torto aqui a… Saudar o nosso secretário da educação […]

qua, 02/02/2011 - 18h45 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Bom dia a todos e a todas. Pedir desculpas paravocês que eu estou saindo do dentista, então está meio torto aqui a… Saudar o nosso secretário da educação professor Herman Voorwald; o professor José Bernardo Ortiz, que preside a Fundação para o Desenvolvimento da Educação, FDE; professora Maria Angélica Cardelli, diretora dessa belíssima Escola – parabéns a você e a sua equipe, a Escola Estadual Visconde de Itaúna; cumprimentar o Fernando Padula, que está aqui conosco; Maria Isabel Faria, dirigente regional de ensino do Centro-Sul; subprefeita do Ipiranga, Vitoria Brasília de Souza Lima; saudar aqui coronel Edson Ferrarini, nosso deputado estadual, foi aluno dessa escola o deputado Edson Ferrarini, foi aluno da escola Visconde de Itaúna; vereador da capital, Domingos Dissei; a Giovana nossa aluna, cumprimentando todos os alunos aqui da escola; dirigentes de ensino, professores, diretores, funcionários, amigos e amigas.

Uma palavra breve. Mas, dizer da alegria Herman e Ortiz, diretora Maria Angélica, de estarmos aqui juntos. Quem não gosta de caderno novo? Eu me lembro que o gostoso de começar as aulas, no meu tempo de estudante, era iniciar o caderno novo. João Cabral de Melo Neto, em Morte e Vida Severina, ele falando da vida do inicio, do reinício, tal, ele cita essa beleza do caderno novo. E hoje, nós temos aqui dois fatos importantes, o kit escolar, que o professor Ortiz colocou, e que a FDE comprou, e muito bem. Os preços e qualidade muito boa, e os preços estão ótimos. Nós estamos atendendo 4,5 milhões de alunos. É uma população do Uruguai que está sendo atendida com o kit escolar – 5.217 escolas. O kit escolar com cadernos, caneta, lápis, lápis de cor, borracha, régua, mochila, também uma economia importante para os pais. E dentro, colocou a professora Maria Angélica, da qualidade da escola, desse esforço de São Paulo no mesmo dia de hoje a entrega do kit escolar e o inicio das inscrições para a Escola da Família, para Bolsa Universidade.

Que só hoje estão sendo abertos 7.267 vagas, onde jovens, eu vi que tem alunos do terceiro ano do ensino médio, amanhã na faculdade, se ela for paga, poderão estudar de graça, 100% da bolsa. E retribuindo a sociedade, sendo nosso monitor no final de semana na Escola da Família. Então, a gente possibilita um dos grandes programas de bolsa de estudos, Escola da Família, e de outro lado as escolas ficam abertas nos finais de semana, podendo atender a comunidade. Reduziu violência, reduziu depredação, trouxe os pais ainda mais para dentro da escola. E programas muito interessantes: culturais, educativos, de lazer, de entretenimento, de esporte nos finais de semana na escola.

Então, fico muito feliz, quero abraçar aqui a Maria Angélica, cumprimentá-la também pelas suas palavras tão oportunas e necessárias. Abraçar aqui toda a equipe da escola, uma belíssima escola, trazer uma palavra aqui para os alunos, caprichem aí nos estudos. Eu encerraria contando aqui uma historia do Monteiro Lobato, em homenagem ao professor Ortiz, que um taubatiano, que retrata bem a importância da escola na nossa vida. Monteiro Lobato tem um conto chamado “O colocador de pronomes”. Então, ele conta a historia de um jovem que é apaixonado por uma menina, passa em frente à casa da amada e joga um bilhete. Jogou o bilhete. “Helena, amo-te”, e por azar do enamorado quem pegou o bilhete não foi a Helena, mas foi pai da Helena. Naquele tempo antigo, que a coisa era severa, e o pai da Helena, coronel Triburtino Figueiredo, 48 mortes nas costas.

Coronel, homem duríssimo, pegou o bilhete. Já estava desconfiado do rapaz, funcionário do cartório lá da cidade, mandou chamar o rapaz. Os amigos disseram “não vá, o coronel é um homem muito violento, melhor você não ir, é perigoso”. Ele falou, “não eu vou, e vou confirmar que eu que escrevi o bilhete. Eu não só vou, como vou confirmar”. Aí foi, o coronel mandou entrar, sentou. Tirou o bilhete e mostrou a ele. “Helena amo-te”. Aí ele disse, fui eu mesmo coronel, fui que escrevi o bilhete. Ele abriu uma outra gaveta tirou um revolver, um 38, pois em cima da mesa e falou para o jovem, “Olha, aqui as questões de honra, são resolvidas a bala. Ou casa ou morre”. “Ô coronel, dizem que o senhor é um homem tão duro, um homem tão difícil. Eu vejo que o senhor é um homem de bom coração, um homem generoso. Tudo o que eu quero é casar com asua filha”. “Então, ótimo está resolvido”.

Aí ele virou lá para dentro e disse: Mariazinha, venha cumprimentar seu noivo. “Coronel, Helena”. Ele disse “não senhor leia aqui. Helena”… perdão eu é que troquei aqui… “o escrito era Helena amo-lhe”, que o jovem escreveu. Helena amo-lhe e jogou o bilhetinho. O coronel olhou e falou “leia aqui, você escreveu”. “Helena amo-lhe, você se referia a uma terceira pessoa, não a Helena. Se você amasse a Helena, você teria escrito, Helena amo-te. Mas, como você escreveu Helena amo-lhe você se refere a uma terceira pessoa. Aqui nessa casa tem a minha mulher, que já é casada, dona Nhá, que tem 80 anos, e a Mariazinha”. Uma das três, revólver na cabeça, ele casou. Nove meses depois, nasce Audrovandro. Quando as crianças estavam brincando com a bolinha de gude, estava estudando literatura. Quando os jovens estavam de namoro, Audrovandro estava estudando gramática. Audrovandro dedicou toda a sua vida a língua portuguesa, toda ela. Um homem solitário, dedicado a língua portuguesa, sofrido pelos verdadeiros sacrilégios que se cometiam contra a língua pátria.

Um dia ele passa em frente a ferrador e está escrito: “ferra-se cavalos”. Ele invade o estabelecimento, quer tirar satisfação. Falou, “não é possível, cavalos são ferrados, é ferram-se cavalos”. Paga do bolso, manda fazer uma placa nova, põe a placa lá, “ferram-se cavalos”. Um mês depois ele passa, voltou a placa antiga, “ferra-se cavalos”, o homem era supersticioso. Mudou a placa, caiu o movimento da oficina. Um sofredor.

Fim da vida, resolve fazer um livro sobre a língua portuguesa. Ele falou,”vou encerrar a minha vida, com a minha última contribuição aos jovens, às gerações vindouras, um livro sobre a língua portuguesa, literatura e gramática”. Ninguém quer bancar o livro dele, pega as suas próprias economias e banca o livro. Aí começam a chegar as primeiras carroçadas de livros, carroça de livro, põe livro no corredor, livro na cozinha, livro no quarto, livro na sala. Ele pega um livro sozinho de madrugada, na velha escrivaninha, e faz um balanço da vida. “Olha, valeu a pena eu lutei, vou deixar uma contribuição aos jovens”. E aí vai ver a dedicatória, todos os livros…estavam impressos uma dedicatória.

Havia naquela época um grande gramático chamado, Frei Luiz de Sousa, grande gramático. Então, a dedicatória era: “à Frei Luiz de Sousa aquele que me sabe as dores”, essa era a dedicatória. Na hora de imprimir, caiu lá o chumbão e o e o tipógrafo jogou o “me”, para o outro lado. Então ficou: “à Frei Luiz de Sousa, aquele que sabe-me as dores”. E o que atrai o me. Então, é evidente que aquele que sabe, ele sentiu uma dor no peito naquela hora muito forte, teve um infarto fulminante e morreu.

Então, diz o Monteiro Lobato: “Audrovandro foi o primeiro mártir da Língua Portuguesa, nasceu e morreu por um erro de colocação pronominal”.

Bons estudos!