Arquivo do Estado põe acervo na internet

O Estado de S. Paulo

seg, 01/02/2010 - 8h28 | Do Portal do Governo

Site disponibiliza 250 mil páginas de documentos para consulta

O Arquivo Público do Estado de São Paulo lançou um site no qual é possível consultar mais de 250 mil páginas de seus documentos. As imagens incluem jornais e revistas dos séculos 19 e 20, anuários estatísticos, cartas e até um alentado censo paulistano dos séculos 18 e 19. A ideia, segundo a direção do Arquivo, é ampliar o acesso público a esse material, para que não fique restrito apenas a pesquisadores profissionais, através do www.arquivoestado.sp.gov.br.

O resultado ainda é incipiente – falta, por exemplo, um sistema de busca mais preciso para facilitar a consulta. A digitalização atingiu por enquanto somente uma pequena fração dos mais de 50 milhões de documentos do acervo. Mas a iniciativa é promissora.

O processamento dessa primeira parte da coleção envolveu uma equipe de 70 pessoas, entre junho e novembro do ano passado. Custou cerca de R$ 400 mil, bancados parcialmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e em parceria com diversas entidades, entre as quais a Imprensa Oficial e o Ministério da Justiça. “O trabalho só foi possível com apoio externo”, diz Lauro Ávila, diretor do Departamento de Preservação e Difusão do Arquivo.

A parte mais vistosa do trabalho aparece no site em três páginas temáticas. Em Memória da Imprensa é possível ler, numa edição de 1867 do jornal Correio Paulistano, a grave notícia sobre um acidente na novíssima ferrovia Santos-Jundiaí e um anúncio de recompensa para quem encontrasse uma “besta fugida”, “grande e nova, ferrada nos quatro pés”, que atende pelo nome de Boneca e que é “muito mansa”.

Há também revistas como A Vida Moderna, que em 1914 registrava a entusiasmada visita de militares alemães a São Paulo pouco antes da 1ª Guerra Mundial – e atestava que “não há em São Paulo um rapaz elegante que não conheça a casa Hat Store”.

Na divisão Imigração em São Paulo, há dados sobre os núcleos coloniais que receberam grandes levas de trabalhadores estrangeiros a partir de meados do século 19, além de imagens de imigrantes e informações estatísticas. Uma das raridades é a lista original dos passageiros do Kasato Maru, o primeiro navio a trazer trabalhadores japoneses ao Brasil, em 1908. Outra são os documentos pessoais de alguns imigrantes, como certidões de casamento e passaportes, que em certos casos integram prontuários dos estrangeiros considerados perigosos pelo governo, reunidos no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops), criado em 1924.

Por fim, na divisão Viver em São Paulo, há documentos sobre o cotidiano da região entre os séculos 18 e 20. Um dos mais significativos são os Maços de População de São Paulo, levantamento censitário realizado de 1765 a 1850 e que revela dados úteis para compreender as relações econômicas e sociais básicas na então província. É um dos registros mais consultados pelos historiadores.

Ávila diz que a intenção do Arquivo agora é obter recursos para digitalizar mais 1,5 milhão de imagens. O projeto foi encaminhado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Com isso, teremos o maior site de pesquisa do Brasil”, diz o diretor. Ele adianta que fontes pouco conhecidas dos pesquisadores, como o jornal anarquista O Combate, vão se tornar disponíveis, e tesouros como a coleção completa do Correio Paulistano estarão no ar. Segundo Ávila, o que está no site agora é “só um aperitivo”.

Deops online

Um outro investimento desejado pelo Arquivo é abrir para consulta online o acervo do Deops, iniciativa que é objeto de projeto no Congresso. Hoje, por força da lei, o pesquisador que quiser ter acesso aos documentos produzidos pela polícia política brasileira precisa fazer um cadastro, responsabilizando-se pelo uso que fizer das informações, e tem de consultá-los pessoalmente. Ávila diz que a ideia é fazer com que o pesquisador, uma vez cadastrado, receba uma senha para pesquisar os documentos na internet. São mais de 7 milhões de imagens.