Instituto de Inteligência Artificial reúne especialistas de grandes universidades

Organizado como um consórcio de pesquisadores de inteligência artificial, o AI² reúne especialistas das maiores universidades do país

sáb, 12/01/2019 - 16h53 | Do Portal do Governo

Em constante crescimento, principalmente nesta década, a inteligência artificial (IA) começa 2019 com mais um incentivo no Brasil. A partir da inauguração oficial do Instituto Avançado de Inteligência Artificial (AI²), prevista para fevereiro, surge mais uma ponte entre universidade e empresa para o desenvolvimento de pesquisas em parceria.

A expectativa é de que a organização promova projetos voltados às mais diversas aplicações:

“A IA busca simular a inteligência humana utilizando não apenas conhecimentos da computação, mas também de biologia, engenharias, estatística, filosofia, física, linguística, matemática, medicina e psicologia, apenas para citar algumas áreas”, enumera o cientista da computação André Carlos Ponce de Leon Carvalho, vice-diretor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), coordenador do Núcleo de Pesquisa em Aprendizado de Máquina em Análise de Dados, ambos da Universidade de São Paulo (USP), e um dos integrantes do futuro instituto.

O físico Sérgio Novaes, do Núcleo de Computação Científica da Universidade Estadual Paulista (NCC-Unesp) e organizador do grupo, explica que o instituto não pretende se limitar a pesquisadores de São Paulo ou mesmo do Brasil: “Nossa meta é agregar parcerias no mundo inteiro para a realização de projetos de grande impacto socioeconômico”.

Segundo Novaes, o suporte financeiro do instituto virá de seus parceiros privados. “O dinheiro será utilizado no recrutamento de recursos humanos, organização de eventos, mobilidade de pesquisadores e, eventualmente, aquisição de software e hardware”, explica.

A intenção é estabelecer colaborações que envolvam interesses recíprocos e convergentes para que o AI² possa desenvolver atividades relevantes de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e não apenas como meros prestadores de serviços para o setor privado.

O instituto não terá sede própria. “O modelo envolve espaços de coworking nas instituições participantes ou fora delas, conectados por meio de um sistema de telepresença”, detalha. Os professores que atuarão como mentores dos projetos com o setor privado deverão ficar em suas instituições de origem e o pessoal das empresas continuará em suas respectivas sedes.

Inteligência Artificial é forte no Estado de São Paulo

Não por acaso, o AI² reúne, inicialmente, pesquisadores paulistas. O estado e, em especial, a cidade de São Paulo apresentam uma grande concentração de empresas, pesquisadores e mão de obra qualificada, o que representa um poderoso atrativo para o desenvolvimento de novas tecnologias. Historicamente, o estado também concentra pesquisadores nessa área de conhecimento.

O Departamento de Matemática da USP tem visto as pesquisas em IA triplicarem nos últimos três anos, afirma o cientista da computação Roberto Marcondes Cesar Junior, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP e coordenador do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.

“Muitos de nossos alunos são absorvidos por startups do setor”, relata. Essa é a mesma percepção da cientista da computação Ana Carolina Lorena, da Divisão de Ciência da Computação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). “Alunos de graduação e orientandos de pós-graduação estão sendo contratados por empresas para desenvolver sistemas de IA”, conta a pesquisadora.

Entre os projetos é possível encontrar pesquisadores estrangeiros atraídos pelo alto nível da pesquisa realizada e pelas boas condições de trabalho. Um exemplo é o inglês Brett Drury, que desenvolve, com apoio do PIPE, um sistema inteligente de análise de risco para a agricultura. “Vim para o Brasil por causa do grande mercado agrícola, da excelente reputação da USP e do meu orientador, Alneu de Andrade Lopes”, lembra.