Casos de Aids em mulheres caem 50% em dez anos em São Paulo

 Dados comparam o período de 2007 e 2016 todas as faixas etárias do público feminino

ter, 11/09/2018 - 14h32 | Do Portal do Governo

11De acordo com balanço divulgado pelo Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, os casos de Aids no público feminino caíram pela metade em uma década.

Em 2007, 3.030 mulheres foram diagnosticadas com AIDS no Estado, representando 35% do total dos casos em ambos os sexos. Esse número caiu para 1.707, em 2016, e o percentual passou a ser 25% entre a população total. O balanço preliminar de 2017, que considera o primeiro semestre, é de 781 casos em mulheres.

A queda de aproximadamente 50% é similar nas demais faixas-etárias, incluindo o grupo com predominância – mulheres com idade entre 30 e 39 anos, que representam cerca de 1/3 dos casos notificados entre o público feminino. Em 2016, foram diagnosticadas 504 pacientes nessa faixa, contra 1.053, dez anos antes.

Por outro lado, o número entre as idosas de 60 a 69 anos aumentou de 103 para 136 casos positivos (32%), no período. “Esse aumento está relacionado ao retorno de uma vida sexual mais ativa entre a população idosa, mas também pode estar relacionada à falta de discussões sobre a necessidade de proteção ainda no início da vida sexual dessas pessoas”, explica Rosa Alencar, médica infectologista do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids.

O total de casos de Aids em homens também apresenta queda – de 7%, com uma redução de 5.465 casos para 5.087, na década. No primeiro semestre de 2017, foram 2.404 casos entre o público masculino. Os casos, com maior concentração na faixa-etária de 30 a 39 anos, tiveram queda de 1.995 para 1.619, comparando-se 2007 e 2016.

Em contrapartida, outras faixas-etárias indicam aumento no número de diagnósticos de casos de Aids. Houve um crescimento de 167% entre adolescentes de 15 a 19 anos do sexo masculino, com um salto de 43 para 115 casos nesse intervalo. Entre jovens de 20 a 24 anos, de 303 para 584 casos (93%). Assim como no público feminino, houve alta entre homens idosos (de 60 a 69 anos), passando de 147 para 193, um aumento de 31%.

Para Alencar, além de informações sobre como se prevenir, é importante que haja espaços para que os jovens possam conversar sobre sexualidade. “Eles precisam ver o sexo seguro como uma questão importante de saúde e a prevenção como uma forma de cuidar de si mesmo e dos seus parceiros”, destaca a médica. “Realizar os exames de diagnóstico e dar inicio ao tratamento de forma rápida aumenta as chances de o paciente ter uma maior qualidade de vida e de evitar a transmissão do vírus”, explica a médica.

Considerando ambos os sexos, em todo o ano de 2016 foram registrados mais de 6.794 diagnósticos de Aids no Estado, 20% menos que dez anos atrás, quando ocorreram 8.495 casos. De janeiro a junho de 2017, foram 3.186 casos.

O número total de óbitos também caiu 23%, no período. Em 2007 foram 3.264 mortes, contra 2.508 em 2016. Aproximadamente metade dos óbitos por aids no Estado estão relacionados ao diagnóstico  tardio   da  infecção, que pode ser evitado com a realização da testagem, que é gratuita e disponível em toda a rede pública de  saúde.

No Estado de São Paulo é possível realizar o teste rápido de HIV em mais de 4 mil unidades de saúde. Mais informações estão disponíveis em: http://www.saude.sp.gov.br/centro-de-referencia-e-treinamento-dstaids-sp/. O Programa Estadual de DST/Aids disponibiliza ainda um canal de orientações sobre testagem por meio de ligações, através do Disque DST/Aids: 0800 162 550.

Prevenção

A transmissão do HIV pode ocorrer por meio de relações sexuais sem proteção, contato direto com sangue infectado ou por meio da transmissão do vírus da mãe para o filho, seja no momento do parto ou através do leite materno.

A Secretaria de Estado da Saúde possui ações voltadas à prevenção e tratamento por meio do Programa Estadual de IST/Aids, que abrangem desde informações até assistência médica. Medidas rotineiras distribuição de preservativos femininos, a testagem de sífilis e hepatites virais disponível na rotina dos serviços de referência e em mutirões, além da oferta de profilaxia pós e pré-exposição para profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens, entre outras populações vulneráveis. No grupo de ações ainda estão a melhoria da qualidade do pré-natal para gestantes e o atendimento integral à saúde para mulheres transexuais.

O teste rápido do HIV, oferecido nas unidades do CRT, é feito por fluido oral e leva aproximadamente 30 minutos para ser realizado. Sua eficácia é igual ao teste tradicional. Todo o processo é feito  de forma cautelosa e sigilosa. “O teste por fluido oral  não requer infraestrutura laboratorial, e sua execução, leitura e interpretação são simples”, observa Ivone de Paula, gerente da Área de Prevenção do Programa Estadual DST/Aids-SP.

Todas as unidades de testagem do HIV cadastradas também contam com testes convencionais e rápidos de sífilis e hepatites B/C, preservativos masculinos, femininos e gel lubrificante, kit de redução de danos para uso de drogas injetáveis (KIT RD) e tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).

Lucas Borges, profissional autônomo da capital paulista, realizou o procedimento e enfatizou a necessidade de esclarecer o quanto o processo é simples. “Achei que doeria, mas o exame foi sem traumas. É interessante saber que evoluímos a ponto de conseguir realizar um autoteste”.

Por isso a importância de espalhar a notícia de que um exame tão fácil já pode ser realizado, afinal, quanto mais prematuramente for descoberto o vírus, maiores as chances de combater a Aids, como frisa a Dra. Maria Clara Gianna, diretora técnica do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. “Se a pessoa identificar o vírus no momento adequado, vai ser mais simples o tratamento da Aids, e os medicamentos terão efeito maior”, esclarece.