Uma em cada cinco vítimas de acidentes com motos consumiu álcool ou drogas

Hospital das Clínicas divulga a mais completa pesquisa já feita em SP sobre acidentes com motocicletas

qui, 15/08/2013 - 12h27 | Do Portal do Governo

De cada cinco vítimas de acidentes com motos na cidade de São Paulo, uma consumiu álcool ou drogas antes de dirigir. O dado faz parte da mais completa pesquisa sobre esse tipo de ocorrência já realizada na capital paulista.

O levantamento foi promovido pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, maior complexo hospitalar da América Latina, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.

O projeto, coordenado pelo IOT-HCFMUSP, contou com a participação de diversos departamentos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e de órgãos públicos e privados como Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, com o apoio da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

Durante três meses, num regime de 24 horas, feito em dias alternados, foram coletados dados das vítimas em unidades hospitalares da zona oeste da cidade e no local dos acidentes. Foram coletadas as informações de 326 vítimas.

A coleta hospitalar foi feita com motociclistas atendidos no Pronto-Socorro Municipal Bandeirantes (Dr. Caetano Virgílio Neto), no Hospital Universitário (HU) da USP e no Hospital das Clínicas. Nos locais dos acidentes foram coletados dados de todos os acidentes ocorridos na Zona Oeste notificados pela equipe de plantão.

Entre as informações levantadas na pesquisa, 44% das vítimas tiveram lesões graves, 21% das vítimas haviam consumido álcool ou drogas e 23% das vítimas não tinham habilitação para dirigir motos.

Outros dados relevantes se referem ao uso de equipamentos de segurança ao dirigir motocicletas. Apesar de 90% das vítimas usarem capacetes, apenas 22,7% usavam botas e só 18,1%, jaquetas.

A gravidade dos ferimentos foi maior nas vítimas sem habilitação: 67% delas tiveram lesões consideradas graves, enquanto entre as vítimas com habilitação esse índice foi de 43%.

Do total de vítimas avaliadas, 55% já tinham sofrido acidentes anteriores e 18% foram internadas anteriormente em razão de acidentes.

“Este estudo teve como principal objetivo avaliar os fatores associados com os acidentes de trânsito com motocicletas em relação à vítima, às vias, ao veículo e à inter-relação das causas”, diz a coordenadora da pesquisa, Júlia Greve.

Principais dados da pesquisa:

Identificação da vítima

– Gênero: 92% eram homens

– Idade média: 29,7

– Escolaridade: 58% com ensino médio completo ou incompleto; 20% com superior completo

– 62% têm renda de 1 a 3 salários mínimos

– 73% usam a motocicleta para transporte e 23% para o trabalho

– 55% sofreram acidentes anteriores e 18% internações anteriores por acidente

Diagnóstico e Desfecho

– 44% tiveram lesões consideradas graves

– 17% tiveram fraturas de membros inferiores e 12% tiveram fraturas de membros superiores, 9% tiveram politraumatismos e 5% tiveram trauma crânio-encefálico

– 67% das vítimas sem habilitação e 43% das vítimas com habilitação tiveram lesões graves

– Em 28% (93 pessoas) dos casos, as vítimas foram internadas; sete pacientes morreram (2%) e 56% tiveram alta

Habilitação e treinamento

– 23% das vítimas não tinham habilitação para dirigir motocicleta e 33% a tinham há menos de quatro anos

– 75% das vítimas sem habilitação tinham menos que 32 anos

– 67% das vítimas aprenderam a pilotar sozinhas

– 45% tinham motocicleta há menos de dois anos

– 31% dos condutores tinham curso de direção defensiva

Equipamentos de segurança

– 90,2% das vítimas usavam capacete

– Apenas 17,8% usavam capacete, bota e jaqueta

– 31% dos motofretistas e 14% dos motociclistas estavam usando capacete, bota e jaqueta

Motofretista x Motociclista

– 23% das vítimas eram motofretistas

– Os motofretistas dirigem, em média, oito horas por dia e os motociclistas, duas horas

Uso de álcool e drogas

– 21,3% dos acidentados tiveram dosagem positiva para álcool/droga em, pelo menos, uma amostra biológica

– 7,1% (22 vítimas) tinham usado álcool e 14,2% (44 vítimas), outras drogas

– Depois do álcool, a cocaína foi a droga mais encontrada

– 3,6% com alcoolemia positiva (com valores até três vezes acima de 0,6g/l)

Secretaria da Saúde
(11) 3066-8701 / 8702