De cada cinco vítimas de acidentes com motos na cidade de São Paulo, uma consumiu álcool ou drogas antes de dirigir. O dado faz parte da mais completa pesquisa sobre esse tipo de ocorrência já realizada na capital paulista.
O levantamento foi promovido pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, maior complexo hospitalar da América Latina, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
O projeto, coordenado pelo IOT-HCFMUSP, contou com a participação de diversos departamentos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e de órgãos públicos e privados como Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, com o apoio da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
Durante três meses, num regime de 24 horas, feito em dias alternados, foram coletados dados das vítimas em unidades hospitalares da zona oeste da cidade e no local dos acidentes. Foram coletadas as informações de 326 vítimas.
A coleta hospitalar foi feita com motociclistas atendidos no Pronto-Socorro Municipal Bandeirantes (Dr. Caetano Virgílio Neto), no Hospital Universitário (HU) da USP e no Hospital das Clínicas. Nos locais dos acidentes foram coletados dados de todos os acidentes ocorridos na Zona Oeste notificados pela equipe de plantão.
Entre as informações levantadas na pesquisa, 44% das vítimas tiveram lesões graves, 21% das vítimas haviam consumido álcool ou drogas e 23% das vítimas não tinham habilitação para dirigir motos.
Outros dados relevantes se referem ao uso de equipamentos de segurança ao dirigir motocicletas. Apesar de 90% das vítimas usarem capacetes, apenas 22,7% usavam botas e só 18,1%, jaquetas.
A gravidade dos ferimentos foi maior nas vítimas sem habilitação: 67% delas tiveram lesões consideradas graves, enquanto entre as vítimas com habilitação esse índice foi de 43%.
Do total de vítimas avaliadas, 55% já tinham sofrido acidentes anteriores e 18% foram internadas anteriormente em razão de acidentes.
“Este estudo teve como principal objetivo avaliar os fatores associados com os acidentes de trânsito com motocicletas em relação à vítima, às vias, ao veículo e à inter-relação das causas”, diz a coordenadora da pesquisa, Júlia Greve.
Principais dados da pesquisa:
Identificação da vítima
– Gênero: 92% eram homens
– Idade média: 29,7
– Escolaridade: 58% com ensino médio completo ou incompleto; 20% com superior completo
– 62% têm renda de 1 a 3 salários mínimos
– 73% usam a motocicleta para transporte e 23% para o trabalho
– 55% sofreram acidentes anteriores e 18% internações anteriores por acidente
Diagnóstico e Desfecho
– 44% tiveram lesões consideradas graves
– 17% tiveram fraturas de membros inferiores e 12% tiveram fraturas de membros superiores, 9% tiveram politraumatismos e 5% tiveram trauma crânio-encefálico
– 67% das vítimas sem habilitação e 43% das vítimas com habilitação tiveram lesões graves
– Em 28% (93 pessoas) dos casos, as vítimas foram internadas; sete pacientes morreram (2%) e 56% tiveram alta
Habilitação e treinamento
– 23% das vítimas não tinham habilitação para dirigir motocicleta e 33% a tinham há menos de quatro anos
– 75% das vítimas sem habilitação tinham menos que 32 anos
– 67% das vítimas aprenderam a pilotar sozinhas
– 45% tinham motocicleta há menos de dois anos
– 31% dos condutores tinham curso de direção defensiva
Equipamentos de segurança
– 90,2% das vítimas usavam capacete
– Apenas 17,8% usavam capacete, bota e jaqueta
– 31% dos motofretistas e 14% dos motociclistas estavam usando capacete, bota e jaqueta
Motofretista x Motociclista
– 23% das vítimas eram motofretistas
– Os motofretistas dirigem, em média, oito horas por dia e os motociclistas, duas horas
Uso de álcool e drogas
– 21,3% dos acidentados tiveram dosagem positiva para álcool/droga em, pelo menos, uma amostra biológica
– 7,1% (22 vítimas) tinham usado álcool e 14,2% (44 vítimas), outras drogas
– Depois do álcool, a cocaína foi a droga mais encontrada
– 3,6% com alcoolemia positiva (com valores até três vezes acima de 0,6g/l)
Secretaria da Saúde
(11) 3066-8701 / 8702