Agricultura lança primeira semente de milho exclusiva para produção orgânica no Brasil

Variedade AL Paraguaçu é a primeira semente certificada lançada em escala comercial no mercado

ter, 28/05/2019 - 9h14 | Do Portal do Governo

Tecnologia, sustentabilidade, harmonização da produção e do meio ambiente. Essas são palavras que cada vez mais norteiam o agronegócio global. Alinhada com as demandas mundiais e o fortalecimento do desenvolvimento rural sustentável, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo tem uma boa notícia para os produtores de milho que atuam no segmento orgânico: o lançamento da variedade AL Paraguaçu, desenvolvida por sua Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS). Com isso, São Paulo mais uma vez é pioneiro no agro brasileiro ao selecionar uma semente de milho certificada e exclusiva para a produção orgânica, cultivada de acordo com as normas da principal certificadora da América da Latina – o IBD.

Juliana Cardoso, coordenadora da CDRS, avalia o lançamento da variedade como uma vertente do compromisso da instituição com a produção sustentável. “A produção de sementes variedades atesta o nosso compromisso de transformar conhecimento e tecnologia em renda e emprego no campo. Já havíamos sido pioneiros no Brasil ao lançar uma versão da variedade AL Avaré, principal semente de milho para plantio convencional, produzida em uma pequena área orgânica. Agora com o lançamento da Al Paraguaçu reforçamos esse pioneirismo e o nosso papel de difusores de tecnologia”, salientou a coordenadora, destacando que a extensão rural realiza um trabalho com produtores que adotam o sistema orgânico, com orientação técnica e capacitação, atuando em parceria com técnicos da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, inclusive na introdução de sistemas agroflorestais.

Sobre o AL Paraguaçu

O AL Paraguaçu foi totalmente desenvolvido no Núcleo de Produção de Sementes – Fazenda Ataliba Leonel, principal unidade produtora de sementes do Governo do Estado. “Como Secretaria de Agricultura e Abastecimento, decidimos investir no desenvolvimento dessa variedade, em face da demanda de mercado por insumos orgânicos, visto que a legislação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento determina a utilização de insumos certificados para o sistema de produção orgânica. Identificamos uma lacuna na oferta, em escala comercial, de sementes selecionadas exclusivamente para a produção orgânica”, explica o engenheiro agrônomo Fernando Alves dos Santos, que participou do processo de desenvolvimento do AL Paraguaçu.

Entre suas características técnicas a semente tem aspecto de grão semiduro e alaranjado; múltiplo uso, como para produção de grãos e na alimentação humana; adaptabilidade a diversas regiões produtoras do país; estabilidade e bom teto produtivo (pode chegar a 6.000kg/hectares); ótima arquitetura; colmo mais grosso (o que o torna resistente a acamamento e quebra); folhas bem eretas; e altura média de dois metros.

Segundo os extensionistas que trabalharam no desenvolvimento dessa variedade, a qualidade do milho AL Paraguaçu orgânico é a mesma do milho convencional. “Para atender ao crescente mercado consumidor é preciso que os produtores rurais que trabalham no sistema de produção orgânica tenham à disposição os insumos necessários no momento certo, garantindo o abastecimento final. E isso é o que eles terão na cultura do milho orgânico: uma semente que valida todo o processo de produção, do começo ao fim, fechando o ciclo orgânico, desde a semente até o consumo final”, afirma o engenheiro agrônomo Gerson Cazentini, diretor do Centro de Produção de Sementes.

Sementes estarão disponíveis na safra de verão

A partir do mês de setembro, quando se inicia a safra de verão, a CDRS colocará à disposição dos produtores rurais duas toneladas de sementes (2.000kg) do AL Paraguaçu, com a mesma política de preço acessível das variedades produzidas no sistema convencional. As sementes serão comercializadas em embalagens de 5kg e 20kg.

Para mais informações, os interessados podem entrar em contato com o DSMM, através do telefone (19) 3743-3832 ou pelo e-mail centrodesementes@sp.gov.br.

Mercado de insumos e produtos orgânicos é promissor no Brasil e no mundo

Segundo analistas de mercado, o consumo de orgânicos é uma tendência em curva ascendente. Dados do Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica (FiBL), um dos principais centros de informação e pesquisa sobre agricultura orgânica do mundo, revelam que, entre 2000 e 2015, a área destinada ao plantio de alimentos orgânicos no mundo cresceu nada menos que 363%, passando de 11 milhões de hectares para 50,9 milhões de hectares.

No Brasil, o mercado anual já é estimado em R$ 4 bilhões. Tal cifra pode parecer pequena quando comparada com o total movimentado anualmente, por exemplo, nos EUA: US$ 40 bilhões. No entanto, uma série de fatores demonstra o grande potencial da agricultura orgânica brasileira, incluindo o valor agregado alcançado por esses produtos no mercado. Dados comparativos com os Estados Unidos, disponibilizados pelo Instituto, apontam para uma grande oportunidade de crescimento, pois nos EUA existem cerca de 5 mil insumos certificados para uso na produção agrícola orgânica, e no Brasil, aproximadamente 300.

Outros fatores descritos estão relacionados aos novos conceitos em termos de insumos agrícolas mais focados no controle biológicos de pragas; as novas formulações de adubos; o Sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) que buscam não só integração, mas sustentabilidade e diferenciação no mercado; a agrossilvicultura e outras inovações referendam o grande potencial do orgânico; ampliação da oferta de produtos orgânicos em supermercados e lojas especializadas; aumento na exportação – mais de 1 milhão de toneladas de diversos produtos -; expressivo aumento de expositores na principal feira Bio Brasil Fair; fortalecimento de associações e cooperativas de produtores orgânicos; aumento do interesse de escolas e creches para a adoção de alimentos orgânicos na alimentação escolar. Outro dado significativo aponta que um quarto dos municípios brasileiros já conta com alguma produção orgânica.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento