USP: Site defende o fim do trote nas universidades

Iniciativa será um espaço para estudiosos do tema publicarem artigos

qua, 30/11/2005 - 20h03 | Do Portal do Governo

Com a concepção de que o trote não é um elemento unificador no ambiente universitário, mas sim uma forma de controle com práticas humilhantes e violentas, dois professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba colocaram no ar, em outubro, o site http://www.antitrote.org.

Antônio R. de Almeida Jr. e Oriowaldo Queda, professores do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, já haviam escrito em 2003 o livro intitulado ‘Trote na Esalq’, denunciando ‘as condutas desumanizantes que se escondem por baixo do ritual de iniciação’. Nele, falam da construção de uma ‘hierarquia rígida e irracional, em que os que não fazem parte dos grupos trotistas são segregados’.

‘Embora o problema aconteça na Esalq, o trote é muito enraizado em outras faculdades também, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), na Escola Politécnica (Poli) e na Faculdade de Geociências, ambas da USP, na Engenharia Mecânica da Unicamp e na Medicina da PUC de Sorocaba’, diz Almeida Jr. O professor conta que a prática é mais usual em instituições muito tradicionais, com o predomínio de homens.

Uma das propostas do site é relacionar bullying (atitudes agressivas, de segregação, comum em escolas), trote e assédio moral. ‘São processos parecidos, semelhantes inclusive nas práticas, como dar apelidos e isolar aquele que se mostra em posição de poder inferior’. O professor afirma que cada um deles acontece em uma etapa da vida: infância e adolescência, universidade e ambiente de trabalho.

Outro objetivo do site é o estabelecimento de um local em que os estudiosos do assunto possam publicar e as pessoas que sofreram trote possam deixar depoimentos. O site foi construído com recursos próprios dos dois professores, que contrataram um webdesigner. Agora eles vão pleitear a criação de uma bolsa trabalho para um aluno que faça a manutenção.

Renata Moraes, Agência USP

C.A.