USP: Novo método facilita obtenção de açúcar invertido

Pesquisadores patentearam método que reaproveita a invertase

qui, 30/09/2004 - 22h49 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, patentearam um novo método de imobilização de invertase – enzima usada no processo de produção do açúcar invertido. ‘Desenvolvemos uma nova maneira de reaproveitar várias vezes a invertase’, comenta o professor Michele Vitolo, que juntamente com sua orientanda, Ester Junko Tomotani, patentearam o produto.

O açúcar invertido é uma mistura de frutose com glicose, e resulta da quebra das moléculas da sacarose – o açúcar comum, obtido da cana-de-açúcar. É muito utilizado pela indústria de alimentos, uma vez que a frutose tem mais capacidade de adoçar do que a sacarose.

‘Nós imobilizamos a invertase em uma resina de troca iônica (tipo DOWEX®)’, explica o professor. Essa resina é um polímero orgânico, insolúvel em água, capaz de adsorver macromoléculas (no caso, a invertase) por meio de interação eletrostática. ‘Dizemos que as moléculas de invertase presas ao polímero (chamado de suporte ou carreador) encontram-se na forma imobilizada’, conta Vitolo. ‘Com a invertase imobilizada, podemos utilizá-la várias vezes, sem nenhum tipo de perda’.

Vantagens

A invertase imobilizada já é conhecida desde 1916 – e usada regularmente na indústria. Só que a fórmula comercial atual de maior uso traz invertase imobilizada em carvão ativo. ‘É um método eficiente, mas acreditamos que a imobilização em DOWEX® apresenta vantagens’, comenta o professor. Uma delas é a facilidade em separar após a reação, geralmente por filtração, a invertase imobilizada do restante da mistura, sem deixar vestígios de resina no produto final (açúcar invertido). ‘Como as partículas de carvão ativo têm dimensões extremamente reduzidas, para evitar a presença delas no produto final torna-se necessário o uso de microfiltros – muito caros – ou realizar várias filtrações sucessivas, quando se empregam filtros comuns’, diz Vitolo.

Para desenvolver esse método, o professor Vitolo e Ester Tomotani testaram vários tipos de resinas de troca iônica. ‘Foram testadas mais de vinte resinas com características distintas. Quatro ou cinco variedades de resina se mostraram favoráveis, mas a DOWEX® (tipos 1X2, 1X4 e 1X8) adsorveu 100% das moléculas de invertase’, explica. ‘As vantagens dessa resina são a não toxicidade, o baixo custo, o amplo uso e a plena disponibilidade no mercado’.

Márcia Blasques, especial para a Agência USP