USP: Beneficiamento de mexilhões gera renda para pescadores do litoral Norte de São Paulo

Projeto reúne famílias que cultivam mexilhõesm em Ubatuba

qua, 09/02/2005 - 10h07 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Júlio Bernardes

‘Quando for instalada a unidade de congelamento, será possível obter a aprovação do Serviço de Inspeção Federal para comercializar e exportar os mexilhões’

O cultivo e o processamento de mexilhões pode gerar renda o ano todo para os pescadores do litoral Norte de São Paulo, tornando-se um meio de inclusão social. Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, atuam nos cultivos de Ubatuba monitorando a qualidade da água e do mexilhão e transferindo técnicas de conservação aos produtores. Neste ano será instalada uma unidade de beneficiamento capaz de processar cerca de uma tonelada de mexilhões por dia.

A atuação dos pesquisadores em Ubatuba começou há quatro anos, através da Associação dos Maricultores do Estado de São Paulo.’Os mexilhões são cultivados durante quatro ou seis meses por ano, sem padronização’, diz a professora da Esalq Marília Oetterer, que coordena um projeto de políticas públicas da Fapesp. ‘O objetivo é fazer com que os pescadores tenham renda o ano todo, organizando uma cooperativa.’

O Instituto de Pesca, ligado a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), introduziu o cultivo dos mexilhões para 53 famílias de mitilicultores (criadores do marisco). Os pesquisadores da Esalq monitoraram a qualidade da água do mar em três pontos de cultivo em Ubatuba (Praia da Almada, Costão do Cedro e Praia da Barra Seca) e fizeram a análise microbiológica dos mexilhões. ‘Quando for instalada a unidade de congelamento, será possível obter a aprovação do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para comercializar e exportar os mexilhões’, diz Marília.

Beneficiamento

Em março de 2005 deverá estar funcionando a beneficiadora, financiada pela Fapesp, num prédio cedido pela prefeitura de Ubatuba. ‘O local terá instalações para limpeza, assepsia, processamento, embalagem e congelamento’, garante Marília. ‘O processo leva cerca de quatro horas e a unidade beneficiará aproximadamente uma tonelada de mexilhões por dia, dependendo da produção.’

Marília diz que alunos da Esalq irão ensinar aos pescadores as técnicas de processamento dos mexilhões para operarem a beneficiadora. ‘Foram realizadas pesquisas para obter a temperatura ideal de cozimento antes do processamento para evitar riscos de contaminação pela carne, e os resultados são repassados aos produtores através de cartilhas e apostilas’, afirma. ‘Serão feitos estudos para avaliar a qualidade dos mexilhões congelados, que podem ser estocados por um ano.’

A professora aponta que o processamento vai agregar valor ao mexilhão, aumentando o rendimento com a venda do produto congelado para restaurantes e supermercados ‘Os mexilhões serão oferecidos em embalagens de meio quilo, pré-cozidos, congelados e na forma de alimento de conveniência, prontos para o consumo’, relata. ‘Os consumidores terão um produto semelhante ao original in natura, mas sem riscos para a saúde.’

Mais informações podem ser obtidas pelo site www.usp.br/agen
V.C.