Botucatu – O entoar do canto da cigarra macho, usado para atrair a fêmea no cafezal, pode ser um sinal de tempos difíceis para os agricultores. Isto porque dos ovos deste inseto nascem as ninfas que se alimentam da raiz da planta do café. De difícil detecção, elas podem dizimar uma plantação inteira e causar muitos prejuízos. Apesar da contaminação do meio ambiente e do alto custo, inseticidas têm sido as melhores soluções. Um estudo, porém, sobre o controle biológico desta praga, desenvolvido em parceria entre a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, campus de Botucatu, e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), pode representar uma saída mais natural e barata para o caso.
Sob a orientação do professor Antonio Batista Filho, atual diretor do IAC, a bióloga Érica Cintra propôs, em sua dissertação de mestrado apresentada na FCA, o combate à praga por meio do fungo metarhizium, utilizado também em outras culturas, como a da cana de açúcar.
Em laboratório, Érica isolou ninfas de cigarras e as colocou em contato com várias concentrações do fungo. ‘Conseguimos eliminar entre até 70% delas. Não é suficiente, mas ainda esperamos que com outras formulações possamos aumentar este número’, diz a pesquisadora. ‘É uma batalha que começou em 1900’, acrescenta, referindo-se ao ano em que a praga começou a atacar as plantações.
Um dos desafios dos pesquisadores é descobrir a melhor forma de aplicação dos fungos, já que as ninfas se alojam na raiz, cerca de 20cm abaixo do solo. ‘Ainda não fizemos experimentos de campo, mas uma idéia é aplicar os fungos no pé da planta, no momento da eclosão das ninfas’, explica. Outra questão a ser mais pesquisada é a interação da solução biológica com os inseticidas de combate a outras pragas. ‘Dos 19 inseticidas testados, apenas três não apresentaram efeitos na ação do fungo’, conclui.
Do Portal Unesp
(LRK)
