Saúde: Hospital de Itapecerica tem melhor modelo de atendimento da Região Sudeste do País

Com taxa de cesáreas de 26%, maternidade é referência nacional

qua, 20/08/2003 - 12h24 | Do Portal do Governo

Referência em parto, nascimento humanizado e em gestação de alto risco, a maternidade do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, HGIS, na Grande São Paulo, projetou a instituição nacionalmente, ao receber o Prêmio Galba de Araújo, do Ministério da Saúde, como o melhor modelo de atendimento na Região Sudeste do País.

O HGIS tem um centro de parto normal, separado do centro cirúrgico, que possibilita a interessados e autorizados a assistir o parto e o nascimento, compreendendo-os como processo fisiológico. Quando a gestante dá entrada no hospital, o médico determina se ela pode ou não ir para o centro. Caso não tenha problemas, é levada para o quarto onde fica até o bebê nascer.

‘Não que ela será amarrada na cama. Vai ter direito a um acompanhante, a tomar sol, passear pelos corredores e até a tomar banhos terapêuticos em banheiras que aceleram o trabalho de parto e diminuem a dor”, diz a chefe do departamento de pediatria, Norma Araújo.

Desmistificando o parto

A equipe de assistência é formada por médicos e enfermeiros-obstetras, médicos neonatologistas, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e auxiliares de enfermagem, todos treinados e envolvidos com a filosofia da instituição. As enfermeiras-obstetras fazem a maioria dos procedimentos no atendimento do parto normal. Sandra Regina de Souza, responsável técnica pelo Banco de Leite, diz que a competente atuação dessas profissionais é importante.

Cuidam do controle do pré-parto, da evolução das pacientes, aplicação dos métodos humanizados para estimulação do trabalho de parto, como caminhadas, banhos mornos, massagem, ginástica e ensinam, tudo isso, também aos acompanhantes.

O intuito da equipe é desmistificar o parto, na busca da excelência do atendimento obstétrico e solução dos problemas de recepção hospitalar ao parto e nascimento, obtendo melhorias à gestante e ao recém-nascido no pré-parto, parto, puerpério e amamentação, com taxas de cesáreas e de intervenções médicas mais próximas do ideal.

O parto

O parto humanizado preconiza a quebra de rotinas instituídas na obstetrícia. ‘Não rompemos bolsas, nem fazemos tricotomia, lavagem intestinal, nem soro. As condutas obstétricas, a partir de uma decisão médica, são individualizadas a cada situação’, explica a chefe das enfermeiras-obstetras, Anatália Lopes de Oliveira Basile. ‘A mãe tem participação ativa no parto e o acompanhante – geralmente o companheiro – a ajuda durante todo o tempo, inclusive cortando o cordão umbelical e colocando o bebê para mamar’, completa.

As condutas utilizadas iniciam-se numa recepção calorosa e de respeito à cidadania, privilegiando o direito à opção e à escolha de um acompanhante, do local e da posição para o parto (lateral, vertical, etc.) e também da dieta.

‘Utilizamos condutas alternativas para o alívio da dor como deambulação, exercícios respiratórios e de balanço pélvico, massagens relaxantes, banhos mornos com ducha e/ou hidromassagem.’ Parte dos nascimentos é realizada no próprio leito, com a paciente deitada sobre o lado esquerdo – posição de Sims. ‘Como a posição privilegia a oxigenação da placenta, evoluímos para o parto normal sem o sofrimento, diz Anatália.

Mãe e bebê juntos

A partir do momento que o bebê nasce, não será separado da mãe, a não ser que tenha problema e precise de alguma assistência, como no caso de prematuros. A criança recebe toda a assistência tecnológica e remédios, se necessários.

Essa conduta propicia à mulher a conscientização de sua capacidade de parir, encorajando-a a reagir e participar, promovendo uma assistência de qualidade ao parto hospitalar, baseada em evidências, ajudando assim a mudar o panorama nacional da incidência de partos cesarianos. ‘Temos taxa de apenas 26% de cesáreas e 46% de partos normais em mulheres que já fizeram cesáreas anteriormente’, orgulha-se a doutora Sandra.

O Prêmio Galba de Araújo

O Prêmio Nacional Professor Galba de Araújo, do Ministério da Saúde foi instituído com o objetivo de estimular e destacar os cinco estabelecimentos hospitalares, um de cada macrorregião do País, que adotam atendimento humanizado às mulheres brasileiras e aos seus filhos, durante a gestação, parto e pós-parto.

Cada vencedor recebe do ministério incentivo financeiro, placa e certificado. A avaliação considera características do acolhimento da gestante no hospital e das práticas obstétricas, como permissão para permanência de acompanhante no pré-parto, visita de crianças, possibilidade da gestante escolher a posição do parto e orientação às mães sobre cuidados com o bebê.

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)