Petrobras vai investir mais de US$ 3,2 bilhões em São Paulo nos próximos cinco anos

Companhia planeja construir álcoolduto no Estado para a exportação do produto

qua, 02/03/2005 - 14h52 | Do Portal do Governo


A Petrobras deverá investir mais de US$ 3,275 bilhões no Estado de São Paulo, até 2010, entre refinarias e Transpetro (navios e dutos). A informação foi dada pelo diretor de abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, durante reunião com o governador Geraldo Alckmin, secretários de Estado e representantes da Petrobras, nesta quarta-feira, dia 2, no Palácio dos Bandeirantes. “Essa reunião vai marcar o progresso da companhia no Estado de São Paulo. O dia de hoje vai ser uma pedra fundamental para o que vamos construir no Estado até 2010”, afirmou Costa. A partir desta reunião será definido o programa de trabalho e uma previsão de cronograma.

O álcool foi um dos principais assuntos discutidos na reunião. O governador ressaltou a importância do produto, que deverá ter seu consumo ampliado em todo o mundo. “Com a assinatura do Protocolo de Kyoto, temos uma grande oportunidade de exportação de etanol. Só o Japão já aprovou uma lei para adicionar 3% de álcool na gasolina. E temos em São Paulo o maior canavial do mundo, somos o maior produtor mundial de açúcar e álcool. Para poder exportar, precisamos ter logística de transporte. Então, a construção dos dutos é muito significativa”, ressaltou.

De acordo com Paulo Roberto Costa, a Petrobras planeja investir US$ 315 milhões na implantação de um álcoolduto em São Paulo, com capacidade para 4 bilhões de litros, destinado à exportação. Segundo ele, o novo álcoolduto aumentará a capacidade de transporte de álcool para 8 bilhões de litros.

São Paulo já conta com um álcoolduto, que sai de Paulínia e vai até o Rio de Janeiro. O governador informou que estudos indicam a viabilidade de se construir um novo duto no município de Conchas que seria ligado ao de Paulínia. Isso porque é lá que termina a Hidrovia Tietê-Paraná. “Com isso, se pode trazer o álcool por hidrovia da região Oeste de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, até o porto de Conchas. E lá, entra no álcoolduto Conchas-Paulínia e Paulínia-São Sebastião”, explicou. Outra hipótese seria a construção de um álcoolduto na região de Ribeirão Preto, em Sertãozinho, e ligá-lo também ao de Paulínia. O governador disse que há também a possibilidade de se fazer um tronco ligando o álcoolduto Paulínia-Rio de Janeiro a São Sebastião.

Na reunião com a Petrobras também foram discutidos os seguintes temas: a ampliação das refinarias de Cubatão, Paulínia, Mauá e São José dos Campos; da indústria petroquímica de São Paulo: Unipar (Capuava e Paulínia); cronograma para a rede de dutos para distribuição do gás do Campo de Mexilhão; ações para estimular o consumo de gás natural; e a questão dos navios da Transpetro e retomada da indústria naval paulista.

O governador destacou a importância dos investimentos da Petrobras nas quatro refinarias, que somam US$ 2,14 bilhões. Ele disse que o Governo paulista vai colaborar no que for possível para que agilizar os prazos de licenças ambientais. Na questão petroquímica, Alckmin ressaltou que é um setor onde se pode gerar muito emprego e renda na ponta.

A exploração do gás natural na bacia de Santos também foi abordada por Alckmin. Ele informou que o consumo do gás natural cresceu de 4 milhões de metros cúbicos por dia para 13 milhões. “Estamos crescendo mais de 15% ao ano e esse crescimento poderá ser exponencial em todos os setores. É importante estabelecer uma política de preço nessa questão do gás”, defendeu. Na opinião do governador, a ampliação do uso do gás terá impacto na economia, com redução de custos e geração de empregos.

Quanto a retomada da indústria naval em São Paulo, ele afirmou que existe a possibilidade da construção de navios e novos estaleiros, no município de Santos e Cubatão.

Usina Henry Borden

Alckmin aproveitou a reunião para encaminhar um pleito ao presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, para que a companhia faça o aporte financeiro de recursos do convênio com a Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (Emae) e a Petrobras, permitindo que a água do Rio Pinheiros volte a ser bombeada para a Represa Billings, gerando energia na Usina Henry Borden. Com isso, o Estado conseguiria financiar o tratamento de esgoto do rio, que será feito por flotação.

A usina Henry Borden tem capacidade para gerar 870 megawatts e, atualmente, gera menos de 100.

O governador explicou que, no passado, a água do Rio Pinheiros, que é muito poluído, era bombeada para a Represa Billings e, de lá, caía na Henry Borden, com grande eficiência, já que o desnível é de cerca de 600 metros. Com a Constituição paulista de 1989, isso ficou proibido até que o esgoto fosse tratado. “Fizemos um investimento muito importante dentro do projeto Pegaso da Petrobras (Projetos de Gestão Ambiental e Segurança Operacional)”, disse.

Ele ressaltou que a estação de tratamento por flotação está pronta, as questões ambientais aprovadas. “Falta a Petrobras fazer o aporte de recursos nesse convênio com a EMAE”, afirmou.

Para Alckmin, esse é um modelo inteligente, onde se trata o esgoto e isso é pago com a geração de energia.

Cíntia Cury