Obras do Projeto Tietê estarão concluídas em seis meses

Informação foi dada pelo governador Geraldo Alckmin, durante vistoria realizada em companhia da diretoria de banco japonês

seg, 28/02/2005 - 13h05 | Do Portal do Governo


Dentro de seis meses, o Governo do Estado entregará à cidade de São Paulo a segunda fase das obras do Projeto Tietê. A informação foi dada pelo governador Geraldo Alckmin, nesta segunda-feira, dia 28, durante vistoria realizada no Rio Tietê, no trecho entre os bairros do Jaguaré e da Lapa. Uma comitiva do JBIC – Japan Bank for International Cooperation -, financiador de diversos projetos no Estado de São Paulo, integrada pelo vice-presidente, Yoshihiko Morita, diretores da instituição e representantes no Brasil, se encontrou com o governador e o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, próximo ao Cebolão, na Marginal Pinheiros.

Em seguida, o grupo participou de uma navegação no Rio Tietê para verificar os trabalhos de combate às inundações na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

As obras, que foram iniciadas com escavações do fundo da calha do rio, já garantiram à Capital três anos sem inundações no Tietê, mesmo sofrendo fortes chuvas. O leito do rio está ganhando uma profundidade média de 2,5 metros, largura aumentada de 26 m para até 45 m e o dobro de capacidade de vazão.

‘Chegamos ao terceiro ano sem enchentes. A capacidade de vazão do rio dobrou. Esse foi o principal motivo para o rio não ter transbordado’, observou o governador.

Os trabalhos incluem o rebaixamento da calha do rio, revestimento das margens em concreto para reduzir o assoreamento, e paisagismo na faixa entre a Marginal Tietê e o leito.

Alckmin comentou que as margens do rio vão abrigar um dos maiores jardins contínuos, com 25 km de margens com tratamento paisagístico. ‘Com o Projeto Pomar, vamos plantar, a cada 20 metros, uma árvore grande, totalizando 2.500 árvores, além de espécies arbustivas’.

Ele lembrou que o povo japonês vem contribuindo, há quase um século, para o desenvolvimento do Brasil e de São Paulo. ‘Em 2008 será comemorado o centenário da imigração japonesa no Brasil e hoje o Japan Bank está financiando três grandes obras: o rebaixamento da calha do Rio Tietê, a Linha 4 (Vila Sônia-Luz) do Metrô e hoje vamos abrir o gerenciamento para poder licitar o projeto de tratamento de esgotos da Região Metropolitana da Baixada Santista’.

Nas obras da Baixada Santista serão investidos aproximadamente R$ 1 bilhão, sendo metade com recursos do JBIC e metade da Sabesp. Entre os municípios que serão beneficiados, Alckmin citou o de Praia Grande. ‘A cada três ruas, uma rua vai ter coleta de esgoto. Também será feito o tratamento de esgotos e despoluição de praias e córregos’, informou.

O vice-presidente do JBIC, Yoshihiko Morita, ficou impressionado com o andamento das obras no Tietê: ‘Se já não ocorre enchente há três anos é porque o resultado está sendo muito bom. Estou muito satisfeito com o investimento que está sendo feito’.

Benefícios do Projeto Tietê

Os benefícios vão além do perímetro urbano. Um descarregador de fundo foi construído na altura do ‘Cebolão’ para o controle da vazão das águas do Tietê à jusante da cidade de São Paulo. No mesmo ponto, uma outra grande obra vai mudar o perfil de utilização do rio: a primeira eclusa paulistana permitirá a navegação num trecho de 40 quilômetros, da barragem da Penha à barragem Edgard de Souza, em Santana do Parnaíba. Depois de concluídas as obras, o desassoreamento e transporte de sedimentos do rio será feito com barcaças, o que contribuirá para reduzir o tráfego de caminhões na Marginal Tietê.

São visíveis os avanços da obra hoje com 70% do cronograma cumprido. Já estão praticamente concluídas as obras de implantação das defensas das pistas marginais. Foram trocados os antigos e perigosos guard-rails por muretas de concreto armado, que oferecem mais segurança aos motoristas em casos de colisão. Estão sendo também refeitos todos os desemboques de água ao longo de 24,5 quilômetros do rio em área urbana.

Alguns trechos das margens já estão prontos para receber o último tratamento que consta do projeto: o paisagismo. Também a retirada de sedimentos já mostra resultados: dos 6 milhões de metros cúbicos de solos e 800 mil metros cúbicos de rochas previstos, mais de dois terços já estão fora da calha. Além disso, também já foram retirados mais de 120 mil pneus e 11 mil toneladas de lixo e detritos.

Até a conclusão dessa fase do Projeto Tietê terão sido investidos R$ 850 milhões, sendo 75% financiados pelo JBIC e 25% com recursos do próprio Estado.

Primeira fase

A primeira fase do projeto, iniciada em junho de 1998 e concluída em dezembro de 2000, na gestão do governador Mário Covas, aprofundou em 2,5 metros um trecho de 16 quilômetros do rio entre o Cebolão e o início do lago da barragem Edgard de Souza (compreendendo os municípios de São Paulo, Osasco, Barueri, Carapicuíba e Santana do Parnaíba). Nessa fase, a capacidade de vazão do rio Tietê aumentou de 700 para 1180 metros cúbicos na altura do Cebolão, de 840 para 1440 metros cúbicos na altura de Edgard de Souza. Foram retirados 4 milhões de metros cúbicos de rochas e assoreamento.

Ainda durante a primeira fase, foram realizadas outras obras de contenção às enchentes na RMSP: canalização do rio Cabuçú de Cima; construção dos reservatórios de Paraitinga e Biritiba, pertencentes ao sistema Alto Tietê; construção de reservatórios de contenção (piscinões). A obra custou R$ 137,8 milhões e também foi financiada em 75% pelo Japan Bank Internacional Cooperation.

Macedo Júnior / Roberto Kamide