Mulheres comemoram 50 anos na polícia de São Paulo

Atualmente, elas representam cerca de 15% de todo o efetivo

sex, 25/02/2005 - 20h18 | Do Portal do Governo


A profissão de policial foi uma exclusividade do sexo masculino até 1955. Há 50 anos, porém, as mulheres conseguiram ocupar também esse espaço. “Hoje, percebemos um aumento da presença das mulheres em todas as atividades profissionais”, destacou o governador Geraldo Alckmin, nesta sexta-feira, dia 25, após participar da formatura de 316 policiais Militares, dos quais, 313 são mulheres.

Atualmente, o sexo feminino representa cerca de 15% do efetivo das Polícias Militar, Civil e Científica do Estado. Dos 121,7 mil policiais, mais de 18 mil são mulheres.

Há cerca de 30 anos, quando Laudinéa Pessan de Oliveira entrou na Polícia Militar, o efetivo feminino era de apenas 250 mulheres, que trabalhavam apenas na Capital paulista. “Tive o privilégio de ver toda mudança que a mulher conquistou nesse período”, conta.

Ela lembra que, naquela época, a policial realizava um trabalho assistencial, de auxílio e orientação principalmente de mulheres, crianças e migrantes. “No decorrer desses 30 anos, fomos conquistando espaço nas outras atividades de Polícia Militar”, destaca.

As mulheres, gradativamente, começaram a atuar no atendimento do telefone de plantão 190, policiamento de trânsito, atendimentos às famílias, Corpo de Bombeiros, policiamento de choque, atendimento escolar. Em 2000, os Batalhões Femininos foram extintos e todas as mulheres passaram a fazer parte dos Batalhões de área comum, atuando junto com os homens.

“Já tínhamos coronel feminino, mas elas só comandavam mulheres. A partir da extinção dos Batalhões Femininos, elas começaram a comandar batalhões mistos”, explica Laudinéa, que assumiu o Comando de Policiamento de Área-2, na Zona Sul da Capital, naquele ano.

Ela lembra que, quando assumiu o batalhão misto, as pessoas ficavam observando para saber qual seria o estilo dela de comandar, mas nunca sofreu qualquer discriminação por ser mulher.

O tenente Michel Moreno Ferreira, da 5ª Sessão da Polícia Militar, é subordinado a uma mulher e comanda outras quatro. Para ele, o sexo do policial não interfere no trabalho. “As mulheres, de um modo geral, são bastante disciplinadas. Percebo que o lado profissional é o que aflora e que diferenças em função do sexo, praticamente não existem”, observa. Ele lembra ainda que tanto os homens quanto as mulheres que ingressam na Polícia Militar passam pelo mesmo curso e obedecem aos mesmos princípios e regras.

Com duração de 12 meses, o curso de formação da Polícia Militar não é dos mais fáceis. É dividido em oito meses de teoria (módulo básico) e outros quatro no módulo especializado, com estágio onde as estudantes vão às ruas acompanhar o trabalho de policiais. A carga horária é extensa, com início das atividades às 7 da manhã e término às 17 horas.

Cássia Vianna da Costa, primeira colocada da turma que desfilou na cerimônia de formatura realizada nesta sexta-feira, dia 25, no Vale do Anhangabaú, teve de estudar para prestar vestibular porque já havia concluído o curso universitário de Propaganda e Marketing há algum tempo. A dedicação não parou por aí e o resultado foi o primeiro lugar no curso de formação. “Sempre me dediquei e fiz o possível para ser boa aluna”, diz. Ela, que decidiu ter a mesma profissão da irmã, afirma que teve o apoio de toda a família durante o curso.

“É um orgulho para os pais ter uma filha que se dedica ao trabalho e ao estudo”, elogia Antonio Ferreira da Costa, pai de Cássia. Para ele, ter duas filhas na Polícia Militar também é motivo de comemoração.

Cíntia Cury