Lixo: Washington Novaes alerta para o problema do lixo no mundo

Palestra foi promovida pela Secretaria do Meio Ambiente

sex, 31/10/2003 - 20h09 | Do Portal do Governo

O Programa Estadual de Apoio às ONG’s (PROAONG), da Secretaria do Meio Ambiente, dentro da sua proposta de aprofundar os conhecimentos ambientais dos membros das Organizações Não-Governamentais, promoveu nesta quinta-feira, dia 30, uma palestra com o jornalista Washington Novaes, que abordou a problemática do lixo no Brasil e no Mundo.A experiência do jornalista nessa questão vem de quatro vertentes.

Foi secretário do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, época em que enfrentou uma série de dificuldades para tentar implantar um sistema de coleta seletiva e reciclagem no município. Trabalha há 50 anos como jornalista e realizou uma série de documentários sobre o lixo, para a TV Cultura, denominada “Ciclo do Lixo”, quando percorreu diversos países e cidades do Brasil. Foi diretor do Instituto D. Fernando, em Goiânia, onde implantou, entre outros projetos, uma cooperativa de coleta seletiva. Também foi o responsável pela concepção do Plano Diretor de Limpeza Urbana na cidade de Goiânia.

Após viver todas essas experiências, o jornalista chegou à conclusão de que é muito difícil mexer com o lixo, que constitui um dos temas mais polêmicos da área ambiental, envolvendo muitos interesses financeiros e políticos, o que dificulta a implantação de sistemas eficientes de coleta e reciclagem, pelo menos no Brasil.

Quanto ao lixo no mundo, os números são assustadores. Entre lixo domiciliar e comercial são produzidas, por dia, 2 milhões de toneladas, o que equivale a 700 gr por habitante de áreas urbanas.

Só em Nova York, porém, são gerados 3 kg de lixo/dia por pessoa, enquanto em São Paulo esse número chega a 1,5 kg/dia por pessoa. O Brasil produz de 125 a 130 mil toneladas/dia de lixo, resultando em 45 milhões de toneladas por ano.

Analisando esses números, fica claro que o Brasil, que concentra 3% da população mundial, é responsável por 6,5% da produção de lixo no mundo. Fica evidente, conforme Novaes, que estamos vivendo numa sociedade consumista e que gera muito lixo, sendo que apenas 11% desse lixo vai para aterros adequados. Vale ressaltar que nesses números não estão incluídos o lixo industrial, hospitalar, rural e tecnológico.

Para o jornalista, a situação nacional só não é pior porque temos uma “legião de heróis” que são os catadores, que hoje já estão organizados reivindicando o reconhecimento da profissão. ‘Se não fossem eles já estaríamos numa situação dramática’, afirmou.

Europa

A Europa está muito à frente do Brasil e a legislação da União Européia é progressiva, sendo que o não cumprimento significa advertências e punições. Na Alemanha, a legislação responsabiliza os produtores de embalagem por todo o ciclo do produto, a coleta seletiva é obrigatória em todo o país e o gerador de entulho paga pelo recolhimento e reciclagem.

Na Suécia, a proposta é a eliminação da coleta domiciliar, com a instalação de postos públicos para receber o lixo levado pelos cidadãos. Esse é o único país onde existe reciclagem de veículos, cujos proprietários, já na compra, pagam uma taxa de reciclagem. O último usuário do veículo, ao decidir levá-lo para a reciclagem, recebe de volta a taxa paga na compra, com o rendimento acumulado no período.

Já na Noruega, que tem um território muito pequeno e exporta o seu lixo para a Suécia, o próprio rei faz a compostagem do material orgânico dentro da sua propriedade, que fica aberta à visitação pública.

Exemplos de criatividade e experiências bem-sucedidas são inúmeros, porém, o drama da depredação ambiental é crescente.

Novaes ressaltou que ‘os padrões de produção e consumo no mundo, hoje, estão 20% acima da capacidade de reposição da biosfera, isso porque existe mais de 1 bilhão de pessoas passando fome”. Se essas pessoas saírem da linha da miséria serão necessários mais dois ou três planetas para atender às necessidade de extração dos recursos naturais, segundo alertou o jornalista.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria do Meio Ambiente/L.S.