Cobertura vegetal pode virar moeda em negociação ambiental

Assunto foi abordado durante reunião do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade

ter, 15/02/2005 - 17h33 | Do Portal do Governo

A cobertura vegetal de São Paulo pode ser transformada em commodity. A perspectiva foi abordada pelo governador Geraldo Alckmin durante a primeira reunião do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade, nesta terça-feira, dia 15, no Horto Florestal, logo após sua instalação. As florestas são importantes para o meio ambiente porque reciclam o carbono da atmosfera.

A preservação da Mata Atlântica e a ampliação da cobertura vegetal no Estado foram citadas por Alckmin como algumas das medidas que já vem sendo adotadas pelo Governo paulista para a redução de poluentes na atmosfera. Ele lembrou que em São Paulo existe o Programa de Microbacias Hidrográficas, que atua na recomposição das matas ciliares, destino adequado das águas e combate à erosão. Além disso, 60% da Mata Atlântica preservada no Brasil está em São Paulo.

“As matas vão ter valor. Isso vai ser uma commodity, vai ter valor no mundo. Nós vamos ter um mercado. Por isso, nesse Fórum trouxemos a Bovespa e a BM&F. Aquele que está poluindo vai pagar e nós vamos poder ter estímulos para aumentar a cobertura vegetal do Estado de São Paulo”, explicou.

O secretário-executivo do Fórum paulista, Fábio Feldmann, destacou que a idéia é ter bons projetos em São Paulo, gerando uma commoditie que possa vir a ser exportada. “Isso pode significar um novo item na pauta de exportação do Brasil e do Estado”, disse.

O objetivo do Fórum é mobilizar a sociedade para os temas e debater o que precisa ser feito, tanto pelo Governo quanto pela comunidade. “É um processo permanente de discussão com a sociedade”, resumiu Feldmann.

O encontro reuniu também secretários de Estado; especialistas em meio ambiente; o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o prefeito de São Paulo, José Serra; o vice-governador, Cláudio Lembo; representantes da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa); Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F); e da sociedade civil.

O Fórum paulista foi instalado na véspera da entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, que estabelece a meta mundial de redução de 5,2% na emissão de carbono na atmosfera até 2012, em relação aos índices de 1990. Atualmente, são lançadas 7 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera por ano.

A preocupação mundial com o tema deve-se ao chamado ‘efeito estufa’, que aumenta a temperatura média da terra devido aos poluentes lançados na atmosfera, como o monóxido de carbono, o dióxido de carbono, metano e outros. A previsão é que em menos de cem anos, a temperatura média da terra, que é de 18 graus celsius, aumente um ou dois graus. “Isso pode ter conseqüências muito danosas, como doenças para o ser humano e para a agricultura, mudança total da área hidrológica, tempestades muito fortes, degelo do pólo Ártico, com aumento do nível do mar e afetando cidades”, explicou o governador.

Entre as medidas adotadas no Estado de São Paulo para evitar esses problemas, Alckmin citou o aumento da produção do etanol. “Nossa meta é aumentar em 50% a produção de etanol até 2009. O álcool é uma energia limpa, renovável e não poluente”, disse.

Ele lembrou ainda que metade dos carros que serão produzidos este ano em São Paulo serão bi-combustível, ou seja, podem ser abastecidos com álcool ou gasolina. Na opinião do governador, por ser mais barato, os usuários acabam preferindo usar álcool. Além disso, também estão sendo produzidos no Estado automóveis tri-combustível, que podem rodar com álcool, gasolina e gás natural veicular (GNV).

O esforço para substituir o combustível dos ônibus de São Paulo de óleo diesel para GNV e o óleo combustível usado nas indústrias também por gás natural também foi citado pelo governador.

  • Leia também:
    Alckmin ressalta importância do gás natural em Fórum do Meio Ambiente

    Cíntia Cury